O contexto de surgimento de uma das mais importantes cidades do Brasil, São Paulo, está diretamente ligado à história da colonização do Brasil. Assim que Dom João se tornou rei de Portugal, ele designou Martim Afonso de Sousa para comandar a 1ª Expedição Colonizadora no Brasil. O corajoso bandeirante, então, organizou sua tripulação em cinco navios e 400 homens. Todo o comboio partiu de Portugal no dia 3 de dezembro de 1530.
Pouco depois, já em 1531, Afonso de Souza resolveu que era o momento de criar uma expedição para explorar e conhecer a colônia portuguesa. As atribuições dessa expedição eram bastante ousadas: proteger o litoral brasileiro contra invasões estrangeiras, aplicar a justiça, estabelecer diversos núcleos de povoamento, nomear novos funcionários, buscar riquezas na colônia e administrar, da maneira que fosse possível, o território.
Em um primeiro momento, ainda em 1531, Martim Afonso percorreu o litoral brasileiro e, ao chegar à região de Pernambuco, conseguiu tomar alguns navios piratas franceses que estavam roubando pau-brasil da colônia portuguesa. Tomadas as naus e resolvida à questão, Afonso deixou alguns representantes na região e voltou seus esforços à região centro-sul do país.
O bandeirante então tomou o caminho do Rio da Prata, no Mato Grosso do Sul, e retomou a região que, até então, estava no controle de piratas espanhóis. Como recompensa pelos seus trabalhos, o Rei Dom João III o presenteou com a Capitania de São Vicente.
Quando foi fundada a primeira vila em terras brasileiras, no começo de 1532, a região era dominada por grupos tupis, majoritariamente tamoios, os quais mantiveram uma convivência pacífica com os portugueses.
Na nova cidade, Martim Afonso planejou e instalou um pelourinho, uma igreja, uma câmara e engenhos para a manufatura do açúcar.
Além do plantio e do cultivo da cana, desenvolveu-se também a agricultura de subsistência e a pecuária. A vila, por suas características geográficas, tornou-se um eficiente ponto de parada para o reabastecimento dos navios e para o terrível tráfico de escravos índios.
Surge A Cidade de São Paulo
Fundada a vila de São Vicente, era o momento de começar a explorar o país de proporções continentais que era o Brasil. Daquela região litorânea, partiram as primeiras expedições para o interior do país, inclusive, o comboio que fundaria a cidade de São Paulo.
Na ocasião, dois padres jesuítas, José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, que viajavam com a difícil missão de catequizar e ensinar o português os índios locais. Buscando um bom local para instalar o colégio e começar a completar suas tarefas, os dois encontraram uma região que, em suas próprias palavras, lembrava o clima espanhol: era uma alta colina cercada por dois rios, o Tamanduateí e o Anhangabaú.
Ali, em 25 de janeiro de 1554 é realizada a primeira missa, que marca a fundação da cidade e o começo das atividades dos jesuítas na região.
A partir de então, durante os dois anos seguintes, os padres construíram um colégio e uma igreja, dos quais restam apenas algumas partes, que constituem o Pateo do Colégio, no centro da cidade. Aos poucos foram surgindo outras construções, de jesuítas, índios e colonizadores, que começaram a aumentar a população do pequeno vilarejo.
No ano de 1560, com a extinção da Vila de Santo André da Borda do Campo, o governador-geral da colônia, na época o famoso Mem de Sá, elevou São Paulo ao patamar de “Vila de São Paulo de Piratininga”.
Até o meio do século seguinte, São Paulo quase não tinha importância no contexto geral da colônia, desenvolvendo apenas a agricultura de subsistência.
Logo no começo do século XVII, os bandeirantes começaram a exploração dos arredores de São Paulo, em busca de mão-de-obra indígena e riquezas e são essas expedições que ampliam os limites conhecidos da colônia, incorporando ao Brasil diversos territórios que, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, pertenciam à Espanha.
Vale aqui ressaltar que, mesmo de forma discreta, as atividades dos bandeirantes acabaram tendo uma grande importância para a formação política e econômica da Vila. Pela primeira vez na história do país, São Paulo servia como entreposto comercial e, muitas vezes, as rendas oriundas das atividades bandeirantes eram revertidas em melhorias e benfeitorias à cidade.
A Expulsão dos Jesuítas, O Movimento Nativista E A Importância da Vila de São Paulo
Quase no meio do século XVII, em 1640, os jesuítas, fundadores da Vila de São Paulo de Piratininga, foram expulsos do local graças à sua oposição a captura e escravização dos índios brasileiros. Essa “punição” acabou durando 10 anos e, findado esse período, os padres puderam retornar ao vilarejo.
É dessa época, também, o primeiro movimento nativista do país: a Aclamação de Amador Bueno como rei. O movimento aconteceu quando Portugal ficou independente da Espanha e, os bandeirantes, que se beneficiavam com o contrabando do Rio da Prata, enquanto havia a União Ibérica, temeram pelo fim de suas “facilidades” e tentaram declarar São Paulo como reino independente. A manifestação não deu certo e a vila seguiu seu curso.
Além de todos os fatores citados, a Vila de São Paulo de Piratininga tinha outro grande aliado natural ao seu lado: a localização estratégica. O pequeno vilarejo ficava próximo dos principais caminhos para o interior do país e do Rio Tietê, principal via de comunicação e transporte com a região central do Brasil.
Graças a isso, a vila foi o principal centro do movimento bandeirante brasileiro, de onde partiram as grandes e discutíveis expedições de Fernão Dias e Antônio Raposo Tavares.
Devido a esses comboios exploradores, os bandeirantes descobriram grande quantidade de ouro na região que, mais tarde, ficaria conhecida como Minas Gerais. Anos depois, Goiás e Mato Grosso também se tornaram palco da mineração portuguesa no Brasil.
Essas seguidas descobertas acabaram atraindo ainda mais portugueses para o Brasil, no que foi conhecido como a corrida pelo ouro. Obviamente, devido à grande concorrência na exploração desse valioso mineral, aconteceram revoltas e, a mais importante delas, foi a chamada Guerra dos Emboabas, a luta dos paulistas pelo direito da exploração.
Dessa forma, devido à importância da exploração e, mais do que isso, devido à importância de São Paulo como polo irradiador desse tipo de atividade, a coroa portuguesa voltou suas atenções para a região que era o núcleo de distribuição de pessoas para o povoamento de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Como reconhecimento por tudo isso, em 1709 a Vila de São Paulo substitui São Vicente como capital da capitania e em 1711 a vila é elevada à condição de cidade.
Contudo, apesar do grande volume de riquezas e do status de “cidade”, a região de São Paulo acabou esvaziando com a migração dos interessados em mineração. Só quando as jazidas se esgotaram as pessoas voltaram para viver na metrópole, que precisou ser reorganizada para comportar os habitantes.
Dessa forma, um novo tipo de ouro foi descoberto pelos governantes: o açúcar. Incentivando o plantio da cana de açúcar, aliada à construção da Calçada de Lorena, a região de São Paulo se tornava um importante entreposto comercial para o escoamento da produção do interior da colônia. Assim, a pequena cidade começa a progredir e surgiam importantes obras da metrópole, como o Mosteiro da Luz, datado de 1774.
O Complexo Período Imperial E A Transformação Em Uma Grande Cidade
A chegada do século XIX trouxe grandes novidades à cidade de São Paulo. Exemplo disso são os acontecimentos de 1808, com a abertura dos portos, que trouxe um grande alento à economia do litoral. Somando isso à produção da cana que cada vez mais se desenvolvia, São Paulo se tornava a principal cidade do país e, por consequência, palco de importantes acontecimentos históricos do Brasil.
Poucos anos depois dessa “abertura” dos portos, em 1822, São Paulo é palco da declaração da independência do Brasil. Curiosamente, a metrópole recebe o nome de “Imperial Cidade” do novo Imperador.
Mais de meia década depois, em 1828, graças ao decreto imperial, é fundada a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, sendo a mais antiga instituição de ensino jurídico do país, ao lado da Faculdade de Olinda. A Faculdade de Direito do Largo São Francisco seria incorporada à Universidade de São Paulo (USP) em 1934.
A criação dessa faculdade começa a atrair estudantes e consagrados mestres, o que inicia uma mudança estrutura na cidade, sendo essa a semente do surgimento da elite cultural de São Paulo. O prédio da faculdade foi, em várias ocasiões da época, palco de protestos contra a situação político-econômica do país.
É mais ou menos da metade do século XIX para frente que a produção de cana de açúcar passa a não dar mais lucro e, com isso, surge o café. A economia desse grão se expande no estado de São Paulo, principalmente na região do Vale do Paraíba e nas terras roxas do este Paulista. Muitos fazendeiros prosperam com a produção e o uso da mão-de-obra assalariada de imigrantes, a cidade de São Paulo também se beneficia, tendo uma grande expansão do setor de comércio e serviços e a formação de uma burguesia.
Graças a isso, grandes quantidades de dinheiro começa a circular em São Paulo e grandes investimentos são feitos: construção de ferrovias, construção da Estação da Luz, surgimento de bancos e construções de obras tipicamente urbanas. A população, por sua vez, cresce muito, principalmente com a vinda dos imigrantes, principalmente italianos, portugueses, espanhóis, eslavos e japoneses.
São Paulo e o Período Republicano
Com a chegada da Proclamação da República, em 1889, São Paulo teve um grande crescimento econômico e populacional. Devido à política conhecida como “café-com-leite”, São Paulo e Minas Gerais detinham o poder político do Brasil e conseguiam direcionar de acordo com os interesses cafeeiros, as políticas econômicas que seriam adotadas no Brasil.
No auge da economia do café, São Paulo muda radicalmente: o centro financeiro da cidade desloca-se do centro histórico para o oeste da cidade, é construída a nova Estação da Luz e a arquitetura passa a ser toda feita em novos moldes, usando da alvernaria, cujo principal exemplo é a Pinacoteca do Estado, construída em 1900.
Essa fase se manteve até a crise do café. Durante a segunda-guerra mundial, a principal atividade da região deixou de ser a produção cafeeira. Houve um grande surto industrial, que passou a concentrar na própria cidade as atividades econômicas.
No início dos anos 1930, a elite do Estado de São Paulo entrou em choque com o governo federal. O resultado foi a Revolução Constitucionalista de 1932, que estourou no dia 9 de julho, hoje feriado estadual. Em 1935 foi criada a Universidade de São Paulo, que mais tarde receberia professores como o antropólogo francês Lévi-Strauss.
Na década de 1970, o setor de serviços ganhou maior destaque na economia de São Paulo. As indústrias migraram para municípios da Grande São Paulo, mais especificamente para a região conhecida como ABCD (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema).
Hoje, a capital paulista é o centro financeiro da América Latina e por isso ainda recebe de braços abertos brasileiros e estrangeiros que trabalham e vivem na cidade de São Paulo, em um ambiente de tolerância e respeito à diversidade de credos, etnias, orientações sexuais e tribos.
Muito bom, top demais !!!
Muito bom. Sugiro um aprofundamento da história da industrialização de São Paulo, assunto que ainda hoje é bastante distorcido. Principalmente por certos políticos que querem incutir na cabeça do povo que a riqueza de São Paulo é a culpada pela pobreza do nordeste.
Curto muito esse canal.
Simplesmente porque eu AMO São Paulo.
Simplesmente porque conheço bastante e quero conhecer sempre mais a história da minha terra natal.
Simplesmente porque SAMPA é O MUNDO em resumo…….