A companhia que gerencia o meio de transporte mais importante da cidade de São Paulo foi fundada no dia 24 de abril de 1968. E as obras não demoraram a começar.
No dia 14 de dezembro do mesmo ano, foram iniciados os trabalhos para constituir a Linha Norte-Sul, hoje Linha-1-Azul. Seu trajeto é bem extenso e liga o bairro do Jabaquara (zona sul) ao Bairro de Santana (zona norte), atravessando o centro de São Paulo.
O primeiro trecho construído tinha 2,2 quilômetros e passa sob a Avenida Jabaquara. Na época, era utilizado o método trincheira para abrir caminho para os trens. Tratava-se de um procedimento em que uma enorme vala era aberta e só seria fechada após a instalação das estruturas de concreto armado, responsáveis pelo formato do túnel subterrâneo.
No ano seguinte, em 1969, a Companhia do Metropolitano de São Paulo decidiu abrir três frentes de trabalho para agilizar as obras da Linha 1-Azul. Nos trechos entre as estações Conceição e Jabaquara e Saúde e São Judas é utilizado o método de trincheira.
Já na região entre as estações Santana e Ponte Pequena, atualmente conhecida como Armênia, projetou-se uma via elevada, em vez de um caminho subterrâneo, que facilitaria à construção do metrô.
O ano de 1970 chegou e com ele uma nova trincheira para a construção do trecho entre as estações Vila Mariana e Ana Rosa. Mas aí começaram um dos problemas recorrentes desse transporte em São Paulo: a desaceleração das obras.
Sem contar com a ajuda financeira do governo federal, a prefeitura resolveu priorizar obras viárias de superfície para privilegiar os carros e deixaram o metrô de lado.
Em 1971, essa história mudaria. O engenheiro e ex-membro do Grupo Executivo do Metropolitano, José Carlos de Figueiredo Ferraz, assume a prefeitura da cidade. Devido às boas condições da época, incluindo o chamado “milagre econômico”, ele investiu pesado na aceleração e ampliação das obras do metrô.
Esses investimentos foram focados na construção de mais três trechos, todos sob o método de trincheira.
As obras englobaram as estações: Paraíso, São Joaquim, Aclimação (atual Vergueiro) e Liberdade. Também começam a ser erguidos os prédios da administração e as oficinas de manutenção, que incluem o pátio de manobra e estacionamento dos trens.
É nesse ano que as obras mais delicadas da Linha 1-Azul do Metrô são iniciadas. Trata-se do trecho das estações Luz, São Bento e Clóvis Bevilácqua (atual estação da Sé). Com ruas extremamente estreitas e movimentadas, além de diversos monumentos históricos da cidade (como o Pátio do Colégio), o método trincheira era inviável.
Foi nesse cenário que entra em cena uma das tecnologias utilizadas até hoje: a máquina Shield, uma broca gigantesca apelidade de “tatuzão”. A inovação era tamanha que a chegada do equipamento ao Porto de Santos é amplamente noticiada pelos jornais da época.
O ano de 1972 é um grande divisor nas obras do Metrô. O primeiro episódio que merece destaque é que foi investido uma grande soma na aquisição de um fornecimento de sistema automatizado para o comando operacional da rede metroviária.
O segundo episódio é a chegada do primeiro protótipo de trem à cidade.
No dia 6 de setembro o comércio fecha as portas e as pessoas saem às ruas para ver o caminhão que transporta até a estação Jabaquara o protótipo que realiza um teste sobre os trilhos.
O evento é tão grande que conta até com a presença do presidente da República, Emílio Garrastazu Médici. Dois dias depois, dia 8 de setembro, é realizada a primeira viagem oficial do Metrô, entre as estações Jabaquara e Saúde. Nesse mesmo ano a obra da estação Politécnica, atual Tiradentes, é iniciada através do método da trincheira.
O ano de 1973 segue o mesmo ritmo forte do ano anterior e são concluídos 11 quilômetros de túneis, entre as estações Jabauqara e Liberdade.
Também são finalizadas as obras de 16 estações. Nesse ano são iniciadas as obras que de interligação entre a Linha 1 – Azul com a futura Linha 2 – Verde.
O ano seguine, 1974, seria extremamente especial para o Metrô da cidade. Logo no começo do ano, em janeiro, foram entregues os dois primeiros trens fabricados pela indústria nacional.
Nesse ano grande parte das obras são concluídas. O “tatuzão” encerra suas atividades e a via permanente é instalada em toda linha exceto no trecho central, que corresponde à Estação da Sé. A finalização dessa estação é incorporada ao cronograma da futura Linha 3-Vermelha, que também passará por ali.
Cerca de 3 milhões de pessoas participam do Programa de Treinamento da População, que, por meio de maquetes mecanizadas,folhetos, palestras, filmes e visitas controladas, apresenta aos paulistanos o novo sistema de transporte.
Quase 80 mil pessoas participam das visitas, nas quais aprendem a utilizar os bilhetes, os bloqueios e como entrar e sair dos trens com segurança.
No dia 14 de setembro começa a operação comercial do Metrô. Inicialmente, as viagens são restritas ao trecho Jabaquara-Vila Mariana, das 9 às 13 horas.
Os trens são operados manualmente até outubro, quando é inaugurado o Centro de Controle de Operações (CCO), que comanda o funcionamento automático do sistema. Até novembro, cerca de 300 mil pessoas são transportadas.
Em setembro de 1975 já é possível percorrer toda a linha do entre a estação Jabaquara e a estação Santana. Alguns meses depois, em dezembro, o metrô passa a funcionar aos sábados e já conta com 16 trens em operação.
Nessa época, a demanda já era de 200 mil passageiros por dia e os intervalos entre um trem e outro era de cinco minutos.
Novas medidas tornam o metrô mais prático e acessível. É introduzido o bilhete magnético e entra em circulação o bilhete escolar.
Em 1º de março é iniciada a construção da Linha Leste-Oeste, atualmente denominada Linha 3-Vermelha. A concepção da obra, majoritariamente de superfície, permitiu a diminuição de custos, o que tornou possível triplicar a extensão anteriormente planejada para a linha. Ligando a Barra Funda a Itaquera, e interligada à Linha 1-Azul na Estação Sé, a Linha 3-Vermelha deveria atender à crescente demanda por transporte da zona leste.
O ano seguinte seria muito importante. Em 1976, o trabalho se concentra principalmente no Pátio de Itaquera (extremo leste do trajeto), na Estação Sé (onde ocorrerá a integração com a Norte-Sul) e nos túneis no centro da cidade.
Cerca de 1,3 mil imóveis são desapropriados e destruídos, o que impulsiona a reurbanização e a modernização da cidade.
Pela primeira vez, em São Paulo, um prédio de 30 andares, na Praça Clóvis Beviláqua, o Edifício Mendes Caldeira, é destruído por implosão, tecnologia até então inédita na América Latina. A construção da linha também inclui a eliminação de ratos e outros vetores na zona leste – a primeira sanificação em massa da América do Sul.
Em 1977, é inaugurado o Terminal Intermunicipal do Jabaquara, obra extremamente importante, já que conecta o Metrô a 17 linhas de ônibus para o litoral sul do estado.
Durante esse ano são projetados os novos carros que farão parte da linha 3 – Vermelha. São aplicados conceitos de ergonomia para apara adequar os trens ao biótipo dos futuros usuários.
Durante a construção da nova linha, a Companhia do Metrô empenha grande esforço em nacionalizar o setor, contando com a colaboração de importantes instituições de pesquisa, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O índice de nacionalização da Linha 3-Vermelha chega a 95%.
O ano seguinte é simbólico para o nosso Metrô. No dia 17 de fevereiro de 1978, é inaugurada a estação da Sé, uma das mais importantes de todas as linhas. A construção dessa parada é uma das maiores intervenções urbanas da história de São Paulo, a construção dessa estação se estende por mais de seis anos, resultando na completa revitalização do marco zero da cidade.
São unificadas as praças 7 de Setembro, Sé, Clóvis Beviláqua e João Mendes, originando um grande parque com paisagismo de Burle Marx.
O projeto arquitetônico inovador, assinado por profissionais da Companhia do Metrô, destaca-se pela entrada de luz natural no espaço subterrâneo, tendência aplicada na construção de futuras estações.
A Linha 3–Vermelha entra em operação no dia 10 de março de 1979. Inicialmente, o trecho disponível é bem curto e liga as estações Sé e Brás.
Um estudo preliminar para a expansão do Metrô reavalia os projetos iniciais propostos pelo consórcio HMD para as atuais Linha 2-Verde e Linha 4-Amarela. Juntamente com a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), a Companhia do Metrô concebe os trajetos Vila Madalena-Vila Prudente e Butantã-Luz, respectivamente.
No fim da gestão do prefeito Olavo Egydio Setubal (1975-1979), o gerenciamento do Metrô de São Paulo é transferido para o governo estadual.
A primeira década da construção do Metrô termina com o a extensão do horário de funcionamento dos serviços. Os trens passam a operar das 5h à meia noite e a Linha 3 aumenta sua operação comercial até a estação Bresser.