O texto de hoje é sobre a história do engenheiro Erwin Hauff. Nascido em Viena, na Áustria, ele se formou em engenharia civil pela Escola Politécnica de Munique em 1920 e, com o fim da Primeira Guerra Mundial, veio para o Brasil e fixou residência em São Paulo. A partir daí, a história do uso das madeiras em grandes estruturas paulistas mudaria.
Erwin era curioso sobre os tipos de madeira brasileira e foi o responsável por estudos sobre as características desse material. Para tanto, coletou diversas amostras e fez experimentos para entender o comportamento em relação à secagem, os defeitos de cada madeira (rachaduras e empenamentos) entre outros. Foi o responsável pela construção de várias estruturas de madeira, como pontes e coberturas e, em 1929, fundou a Hauff.
Segundo o trabalho do Prof. Dr. Carlito Calil Junior, o engenheiro teve fases no Brasil. Para o texto não ficar pesado, não vou colocar explicações técnicas. Vamos às fases de trabalho:
No começo o engenheiro ficou marcado pelo ineditismo do serviço. Foi ele quem introduziu na construção civil as estruturas de madeira para grandes obras. Ele usou a madeira para fazer pontes rodoviárias, antenas, armações de coberturas em geral e silos.
Uma das estruturas mais famosas construída pela Hauff foi a ponte rodoviária de Guarulhos, feita em madeira e que tinha o maior vão livre da América do Sul, vencendo 52 metros os apoios. Na cidade de São Paulo ele trabalhou em uma ponte de madeira com estrutura “em arco triarticulado”. Essa ponte ficava sobre o Rio Tietê e passou por um vão livre de 38 metros, sendo seu comprimento total de 48 metros. Sua fundação, claro, era de concreto armado, para suportar as variações do Rio Tietê.
Resgatando a atuação de Hauff em outros empreendimentos, há destaque para os cimbramentos do Mercado Municipal de São Paulo. Graças às técnicas construtivas do austríaco, era possível vencer vãos de mais de 17 metros e economizar “alguma coisa” de material, que era escasso à época. Vale uma curiosidade importante: a mão-de-obra no Brasil era de qualidade e abundante, muito por causa da imigração, que trouxe diversos profissionais de qualidade e ajudou a formar carpinteiros habilidosos.
Com relação às coberturas, o trabalho ficou caracterizado pela presença de ligações cavilhadas entalhadas e estruturas treliçadas. Um dos maiores exemplos dessa execução é a cobertura do Ginásio de Esportes do Pacaembu que, pelo que sabemos, já começou o processo de restauro por parte da concessionária.
A segunda etapa do trabalho de Hauff, a partir de 1937, caracteriza-se pelo emprego de telhas onduladas de fibro-cimento, o que fazia com que as estruturas precisassem ser adaptadas para suportar o peso e o formato desses materiais. Entretanto, os arcos e soluções para o vencimento de grandes vãos se mantiveram. Hauff construiu várias outras estruturas, como o telhado do Centro Acadêmico da Escola de Engenharia Mauá e o hangar da falida Vasp.
Uma curiosidade sensacional do trabalho de Hauff é a seguinte: na década de 50, ele foi o responsável por construir uma estrutura que suportasse o peso da primeira antena de TV do Brasil, da extinta TV Tupi, que ficava no alto do edifício Altino Arantes, no Centro de São Paulo.
Seu trabalho foi reconhecido internacionalmente e, um exemplo disso, foi o título de professor catedrático que recebeu da Escola Politécnica de Munique graças à sua produção na área de estruturas de madeira construídas no Brasil. Devido à sua experiência no ramo das estruturas de madeira e de seu conhecimento relativo à tecnologia desse material, Erwin Hauff também contribuiu para a elaboração da norma brasileira NB-11/51.
O engenheiro faleceu em 5 de agosto de 1960, como descobri em nota do jornal Correio Paulistano.
Referências:
https://docplayer.com.br/16500395-Estruturas-de-madeira-no-brasil-estudo-de-casos.html
Existe um estacionamento na Rua Major Sertório, entre a praça Rotary e a rua Amaral Gurgel, com estrutura em arcos treliçados que pode ser obra da Estruturas Hauff.