Um dos bairros da zona norte de São Paulo acabou sendo imortalizada por um dos nossos artistas mais ilustres: o cantor e compositor Adoniran Barbosa. Uma de suas interpretações mais famosas, o Trem das Onze, eterniza o nome Jaçanã na mente de todas as pessoas que gostam de uma boa composição.
Entretanto, engana-se quem pensa que a região “só” existe pela música de Adoniran. Existem registros da origem do Jaçanã desde 1870, quando ainda era conhecido por Uroguapira (“terra que tem ouro”). Nessa época, aliás, ele tinha esse nome por acreditar que havia ouro no local.
Como o tempo passou e a intensa procura por esse valioso mineral se mostrou infrutífera, o nome acabou abreviado para Guapira (que significa, em tupi, cortado, uma referências aos serrotes que eram usados na grande fazenda Guapira), alcunha dada pelos indígenas para a Cantareira.
Esse curioso nome permaneceu até o dia 1º de junho de 1930 quando a região passou a ser conhecida como Jaçanã, uma espécie de ave ribeirinha com o peito avermelhado. Durante muitos anos o Jaçanã ficou conhecido como zona hospitalar, já que , por seu clima saudável e cercado de colinas, era propício à construção de clínicas de recuperação, asilos, leprosários e sanatórios.
Vale a curiosidade de que o local, no século XIX, teve importantes instituições médicas, como o Asilo de Mendicidade Municipal (Hospital Geriátrico de Convalescença D. Pedro II). Anos depois, esse local ficou conhecido como São Luiz Gonzaga.
Lembrando novamente da música citada, Adoniran fazia referência ao Trem da Cantareira, que ligava o centro ao reservatório de água da cidade e, como é possível imaginar, tratava-se do principal meio de transporte do bairro. Esse modal operou entre os anos de 1895 e 1965 e possuía um ramal que passava pelo bairro e chegava até Guarulhos.
Por volta de 1934 grandes faixas de terrenos foram loteadas pelos famosos Irmãos Mazzei o que, com o passar do tempo, acabou transformando a área em um bairro de classe média. Em 1949 o Jaçanã ganhou o primeiro estúdio de cinema da cidade de São Paulo: a Companhia Cinematográfica Maristela, o primeiro aparelho cultural do bairro que funcionou até o ano de 1958.
Vale o destaque que Jaçanã é o nome de um distrito da cidade, composto pelos seguintes bairros: Chácara São João, Conjunto Jova Rural, Guapira, Jaçanã, Jardim Cabuçu, Jardim Modelo, Jardim Nelson, Parque Edu Chaves, Vila Carolina, Vila Constança, Vila Nilo e Vila Nova Galvão.
Amo ler e entender essas histórias maravilhosas!
também gosto de boa leitura, pena que artistas como esses não existem mais.
Eu morei em Guarulhos/SP, bairro de Vila Galvão quando existia o trem a que ser refere a música. Isso por volta de 1957/60. O trem ia até São Paulo-Capital, e era usada a Maria-Fumaça. Era divertido ouvir o barulho do sino que era tocado quando o trem chegava.
Pena que não lembro muito, eu era criança, e mudei para o interior de São Paulo, e nunca mais voltei. Não lembro nem onde ficava a tal estação.
Será que tem algum marco que fala sobre o local. Gostaria de saber.