O Mercado Municipal de São Paulo é cercado por duas avenidas e duas ruas: Avenida Mercúrio, Avenida do Estado, Rua Cantareira e Rua Comendador Assad Abdalla. Pensando em trazer a curiosidade desses nomes para vocês, fomos ao Dicionário de Ruas e fizemos mais esse registro.
Se você gosta desse tipo de curiosidade, confere as outras três edições que já fizemos:
- A origem dos nomes das ruas de São Paulo #1 (região do Ipiranga)
- A origem dos nomes das ruas de São Paulo #2 (região da Praça da Sé)
- A origem dos nomes das ruas de São Paulo #3 (região do Metrô Santa Cruz)
Avenida Mercúrio: Talvez o nome mais simples que já resgatamos, sua nomenclatura faz alusão ao deus romano do comércio, do lucro e da venda. Na mais apropriado para as redondezas do Mercadão, né?
Avenida do Estado: Avenida que fica à margem do o canal do Tamanduateí de ambos os lados. Nome em homenagem ao Estado de São Paulo. Seu nome anterior era Av. Marginais do Rio Tamanduateí .
Rua Cantareira: Não há um registro claro sobre sua origem. O que se sabe é que na origem desta palavra encontramos o termo “Cântaro”, vasos de barro usados para transportar água, muito abundante na serra.
Rua Comendador Assad Abdalla: A origem essa rua já quer uma pesquisa mais profunda. Ela homenageia Assad Abdalla Haddad, nascido em Homs, na Síria em 1870. Ele veio para São Paulo em 1895, com seu primo Nagib Salem e outros conterrâneos, devido às dificuldades que encontrava em seu país.
Sua primeira atividade no país foi o mascatismo na região da Penha, onde vendia produtos de armarinhos e chamava atenção devido ao som de sua matraca Graças ao seu tino comercial, em pouco tempo abriu seu negócio por conta própria, assim como seu primo Nagib.
Com quase 30 anos, constitui a firma Assad Abdalla & Cia, composta dos sócios Nagib Salem, do primo Nagi Haddad e do sobrinho Salim Salomão. Montam duas lojas, uma na 25 de março e outra na Rua João Alfredo, atual General Carneiro. Em fins de 1902, a sociedade com o primo Nagib e o sobrinho se desfaz e nova firma se constitui: a Assad Abdalla e Nagib Salem.
Aos 33 anos, em 14 de fevereiro de 1903, casou-se em São Paulo, com a prima Corgie Haddad, de 22 anos. Ele teve 10 filhos no total. Em 1912, obedecendo ao princípio de retirar anualmente metade dos lucros e aplicá-los em imóveis, Assad e Nagib compram na periferia de São Paulo, na região do Tatuapé, cerca de um milhão de metros quadrados. As ruas foram abertas em 1914, com dezesseis metros de largura, retas e planas, com o escoamento perfeito da água.
Ele chegou a vender ao Corinthians uma parte de seus terrenos em 18 de agosto de 1926. Ao longo dos anos, a família de Assad Abdalla ampliou sua atuação em outros segmentos. Fundou a Industria York S/A, que produzia produtos cirúrgicos e plásticos, que foi em 1977 unida à Têxtil Assad Abdalla, formando a York S.A. Indústria e Comércio.
Com o falecimento de Assad, seu filho Nabih herdou a propriedade da Rua 25 de março, mas, como era industrial e não comerciante, alugou o imóvel até 1966, quando então seu filho Assad aí se instalou, criando a Doural, que lá permanece até hoje.
A avenida Paulista entrou na vida dos Abdalla no início da década de 1920. Em 1921, Abdalla adquire uma propriedade na Avenida Paulista, 65, atual número 1636, e transfere a residência da família da Rua 25 de Março para o novo endereço, consolidando assim a sua ascensão social.
A casa foi comprada de Feliciano Lebre, que tinha uma loja muito fina na Rua Direita. Quando o Assad Abdalla comprou o imóvel, o arquiteto Malta o reformou. Corgie Haddad Abdalla, viúva do Sr. Assad Abdalla, morou lá, até o seu falecimento em 1970.
A família, e seus descendentes, viveram e conviveram na casa por quase 50 anos. A decisão de demolição foi dada pelo engenheiro Ernesto Assad Abdalla, herdeiro da propriedade, com o falecimento de sua mãe em 1970. O imóvel sofreu uma parcial permuta para a Gafisa pelos idos 2010.
O seu espírito benemérito foi outra característica marcante na vida de Assad Abdalla, como podemos ver no livro comemorativo, que descreve que “além da vida familiar e empresarial, Assad, profundamente religioso, incentivou projetos da colônia síria nas áreas educacional, religiosa, recreativa e social, fazendo doações importantes ou liderando coleta de fundos”.
Em 1943/1944 fez ao Clube Homs uma grande contribuição para a aquisição da sede da Avenida Paulista e, em 1948, fez a doação da biblioteca, que leva o seu nome.
Na Catedral Ortodoxa, em 30 de maio de 1943, faz a colocação da pedra fundamental; como sendo o maior contribuinte e um grande arrecadador de recursos para a sua construção, que premia a cidade com sua imponência e beleza arquitetônica.
Em 1929, para o Orfanato Sírio, hoje Lar Sírio Pró-Infância, viabilizou a construção de três casas para aluguel, com renda convertida para a instituição e, em 1935, foi responsável pela doação do “Pavilhão Central” e, ainda, em 1948, fez a doação da Escola Assad Abdalla.
Assad faleceu em São Paulo, no dia 21 de abril de 1950, aos 80 anos de idade, foi sepultado no Cemitério da Consolação.
Referência: https://dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br/
Site muito rico em informações sobre a História de S. Paulo. Obrigado pela oportunidade de conhecer um pouco mais da cidade a qual eu tanto amo.