Antigo Instituto Ana Rosa

Mantendo nossa linha de contar a história dos bairros da cidade de São Paulo, hoje falaremos da região da Ana Rosa, na zona sul da cidade.  O origem da denominação é em homenagem à Dona Ana Rosa de Araújo Galvão, que doou sua herança para a construção do Instituto Dona Ana Rosa, que cuidava de crianças abandonadas. Depois, o nome foi estendido ao Largo da região, que ficou conhecido como Largo Dona Ana Rosa.

Mas quem foi Ana Rosa de Araújo?

A nossa personagem nasceu na cidade de São Paulo no dia 4 de setembro de 1778 e era filha do Capitão Manoel Antônio de Araújo e Joaquina de Andrade de Araújo. Ela morava na Rua da Imperatriz, atual Rua 15 de novembro. Quando completou 28 anos de idade, ela casou com o Capitão Ignácio Correia Galvão, natural de Vila Guaratinguetá. Quando ficou bem idosa, decidiu fazer seu testamento.

Como não possuía herdeiros diretos, resolveu fazer de seus bens uma porta de entrada para os necessitados. Ela ditou seu testamento ao Cônego Joaquim do Monte Carmelo, assinando-o no dia 10 de junho de 1860. Nele figuravam como testamenteiros o Capitão Manoel José de França (seu cunhado), o comendador Joaquim José da Silva, Joaquim Floreano de Toledo, Luís Antônio de Souza Barros, Francisco Antônio de Souza Queiroz, Vicente de Souza Queiroz e Lúcio Manoel de Santos Campelo.

A abertura de seu testamento ocorreu no dia 10 de julho do mesmo ano. Suas vontades eram simples: três quartos de seus bens deveriam ser distribuídos em esmolas aos pobres, podendo o testamento, a seu arbítrio, doá-las a obras pias. Declarava, ainda mais, que, para prestação de suas contas não seria o seu testamento obrigado a exibir em juízo outro documento além do juramento de haver plenamente satisfeito às suas disposições.

Alguns dos testemunhos nomeados já haviam falecido quando se deu a abertura do testamento e outros se encontravam ausentes no país. Dentre os que aqui se encontravam, a escolha recaiu no nome do Senador Francisco Antônio de Souza Queiroz. Para atender o desejo da finada, ele preferiu optar pela cláusula de aplicação das três quartas partes do legado em obras sociais. Dotar a cidade de uma associação de amparo à infância já fazia parte das cogitações do senador. Aquela determinação testamentária teve mérito de firmar sua decisão nesse sentido. Ao legado de R$ 135 mil reais dar-se-ia ao melhor destino.

Reunindo as contribuições de parentes e amigos às suas, o senador completou os fundos necessários à formação da “Sociedade Protetora da Infância Desvalida”, hoje “Associação Barão de Souza Queiroz, de Proteção à Infância”, fundada a 10 de novembro de 1874.  Em homenagem à memória de Ana Rosa de Araújo Galvão, recebeu o internato da entidade o nome de Instituto D. Ana Rosa. Em homenagem a sua bondade e preocupação com as gerações futuras, a estação de Metrô da linha verde recebeu seu nome.

O Instituto Ana Rosa

O prédio do Instituto Ana Rosa teve as obras iniciadas em 1897 e foi inaugurado em 1899. Ele ocupava todo o lado ímpar da rua Vergueiro, em frente ao largo Ana Rosa. Hoje, a avenida José de Queiroz Aranha, construída pela Prefeitura depois de sua demolição, passa por onde era a extremidade de sua ala esquerda. A demolição do prédio ocorreu em 1950 e, imediatamente a empresa Banco Hipotecário Lar Brasileiro construiu uma série pequenos edifícios de 3-4 andares em todo o perímetro do terreno, que chegava quase até a rua Topazio, na Aclimação – que, em 1930, ainda não existia.

A saída do Instituo do velho prédio – bombardeado na Revolução de 1924 – deveu-se às dificuldades financeiras que enfrentavam no final dos anos 1940. Já um terreno valorizado, resolveram vender a área e se transferir para uma nova sede na Vila Sônia, que existe até hoje. A família Souza Queiroz ainda dirige o Instituto. O nome do entidade acabou dando o nome ao largo Ana Rosa, para onde ele se mudou em 1899.

Fontehttp://anarosa.org.br/o-instituto-ana-rosa-e-a-historia-de-sao-paulo/ 

http://anarosa.org.br/livros-e-periodicos/ 

7 Comments

  1. Por acaso o marido da Dona Ana Rosa de Araújo Galvão tinha parentesco com o nosso Santo Frei Galvão? Já que os dois eram da Vila de Guaratinguetá?
    Fiquei curiosa…

  2. Tenho um carinho muito grande pela região da Ana Rosa, sou de São Paulo e minha juventude, morando na Aclimação circulei muito com minha turma por ali..Boas lembranças…
    Muito importante conhecer a história que deu origem ao nome e saber da compaixão pelos desamparados que a Sra. Ana Rosa demonstrou ter.
    Deus a tenha em um bom lugar!!

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