Pouca gente conhece a história do Arco do “Triumpho” (grafia usada na época de seu surgimento) paulistano, embora as imagens dessa bela e antiga construção circulem livremente pela internet. O monumento teve sua origem graças à uma visita do presidente da República, Epitácio Pessoa, à cidade de São Paulo no ano de 1921. Vale a curiosidade que Pessoa venceu uma disputada eleição contra Rui Barbosa, que na época, já possuía 70 anos. Epitácio foi indicado à presidência quando estava em uma conferência, em Versalhes, e venceu o pleito sem nem mesmo estar no Brasil por 286.373 votos contra 116.414.
Na época, a cultura do Brasil, de uma maneira geral, era muito mais patriótica e educada. As pessoas se mobilizavam para ver uma autoridade desse naipe e o presidente da república era extremamente respeitado, independente das opções partidárias.
Para se ter uma ideia, quando Pessoa passou por várias cidades do interior de São Paulo de trem, as pessoas paravam o que estavam fazendo em busca de um aceno da autoridade máxima do país. Para receber uma autoridade desse naipe, a cidade precisava se preparar para tal evento e, claro, ter alguma surpresa para o presidente.
Surge a Ideia do Arco do “Triumpho” e O Talento do Arquiteto de São Paulo
Pensando em fazer uma boa impressão para a cidade, Washington Luís e Firmiano de Morais, dois grandes políticos da nossa história, que ocupavam os cargos equivalentes a governador e prefeito, respectivamente, se reuniram no gabinete do prefeito e começaram a pensar no que fazer para impressionar a autoridade máxima do país.
Foi então que um dos presentes se lembrou do Arco do Triunfo dos Estados Unidos, mais especificamente, do monumento que fica localizado na Washington Square Park. Ao contrário do que muitos imaginam, a inspiração não veio da França e sim do primeiro arco erguido na América.
Decidido qual seria o monumento, era necessário encontrar uma pessoa capaz de erguê-lo faltando poucas semanas para a chegada de Pessoa. O escolhido foi, como sempre, Ramos de Azevedo, um dos mais competentes arquitetos da nossa história.
Utilizando toda a mão de obra que era possível, as obras foram realizadas em turnos de 24 horas para que tudo ficasse pronto. Os materiais utilizados foram gesso e madeira, caracterizando um monumento praticamente “descartável”. Por incrível que pareça, em três dias as obras foram concluídas e o arco estava lá, belo e esbelto, na rua José Paulino, atual Praça da Luz.
A obra possuía incríveis 28 metros de altura por 27 de largura e a abertura do arco possuía 10 metros de largura por 14 de altura. Sobre o arco ainda existiam quatro bandeiras nacionais e em suas duas faces estavam gravadas as homenagens: “Salve Epitácio Pessoa” e também a frase “A Cidade de São Paulo”. À noite, além da iluminação do monumento, funcionava uma bandeira nacional feita com mil lâmpadas coloridas.
As festividades foram perfeitas e o presidente acabou muito impressionado com todas as homenagens que lhe foram prestadas. O arco, por sua vez, ficou de pé até os anos 50*, quando por determinação do poder público, acabaria sendo demolido para dar maior vazão à Avenida Tiradentes.
*Existe uma divergência de datas. Algumas pessoas dizem que ele foi desmontado pouco depois da visita presidencial, outros, como pudemos apurar, falam em 1950. Fica a informação para os nossos leitores.
Um monumento tão bonito, foi uma burrice tirar o arco.