Um dos médicos que nomeia uma importante avenida da cidade de SP, Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho, é natural de Campinas, interior do Estado de São Paulo.
Nascido no dia 5 de janeiro de 1867, Arnaldo era filho de Carolina Xavier de Carvalho e de Joaquim José Vieira de Carvalho, advogado de nomeada, formado pela Faculdade de Direito de São Paulo e professor de várias disciplinas; com muito prestígio profissional e político.
Seu pai ainda foi juiz municipal em Campinas, deputado estadual e senador, tendo participado de altos cargos em diversos governos estaduais. Diz a história que, graças ao grande prestígio que o nome construído por seu pai carregava, Arnaldo, logo após sua graduação em medicina (em 1888), foi nomeado para importantes cargos como consultor, assistente e algumas diretorias da Santa Casa de Misericórdia da Cidade de São Paulo.
No ano de 1889, um ano após sua graduação, Arnaldo já era médico adjunto, cirurgião e vice-diretor clínico da Santa Casa. O então médico não pararia de trabalhar até que, em 1894, foi finalmente indicado para o chefe de clínica cirúrgica e, em seguida, para a direção clínica do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Em 1895, com a finalidade de agregar todos os médicos do estado, capitaneada pelo médico Luiz Pereira Barreto e tendo entre os seus membros eméritos fundadores Arnaldo Vieira de Carvalho, foi fundada a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo.
A Implantação De Uma Universidade
A partir da fundação da Sociedade de Medicina, a ideia da implantação de uma faculdade de medicina teve mais “corpo”, não devendo ser esquecido que, já em 1891, Arnaldo lutava para a sua abertura e, nesse ano, o governo criava a Academia de Medicina, Cirurgia e Farmácia, que não chegou a ser consolidada por falta de regulamentação.
No ano de 1912, Arnaldo foi designado pelo então presidente do estado, Francisco de Paula Rodrigues Alves, com total apoio do secretário do Interior, Altino Arantes, para implantar definitivamente o ensino médico no estado de São Paulo.
Assim, criada pela lei 1.357, de dezembro de 1912, a Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, que sucedia a Academia de Medicina, Cirurgia e Farmácia mencionada, iniciou suas atividades depois de sua regulamentação, o que se deu em 1913. O ensino clínico e cirúrgico sob sua orientação era praticado nas enfermarias da Santa Casa de Misericórdia.
Arnaldo propôs para a faculdade recém-criada o método moderno de adequar as aulas teóricas às práticas de laboratório, dando oportunidade aos estudantes de receberem uma formação mais dinâmica e completa, primando pela parte científica e não simplesmente clínica.
Entre os ano de 1913 e 1920, Arnaldo foi o seu primeiro diretor, sendo em janeiro desse último ano lançada a pedra fundamental de sua sede própria, na então Estrada do Araçá (defronte ao cemitério), que, a partir de 1931, passou a ter o seu nome.
Arnaldo como diretor da Faculdade de Medicina de São Paulo sempre foi lembrado como benemerente, audacioso e heróico, que enfrentara junto com seus alunos a gripe espanhola de 1918. Lamentavelmente no dia 5 de junho de 1920, aos 53 anos, por volta das 13 horas, uma fatídica morte, completamente inesperada e abominável – advinda de um ferimento na mão, coincidentemente provocado por um bisturi, durante a prática de uma cirurgia que evoluiu rapidamente para uma brutal septicemia –, levou a vida daquele que tanto fez para os homens e pela saúde de São Paulo.
Conta a história da nossa cidade que, na época, o sentimento era de dor inconsolável, irmanando todas as classes do povo, sendo decretado estado de luto na capital paulista.
Vergueiro Steidel, grande escritor e pensador da época, refere que Arnaldo “era o médico dos desprovidos, aquele que se inquietava com a dor dos pacientes da Santa Casa. Revoltava-se contra a pobreza; mesmo no momento em que agonizava em seu leito e horas antes de sua morte teria dito à sua amantíssima esposa, quando ela velava sua cabeceira, que novos e magníficos argumentos lhe acudiam ao espírito sobre essa questão social”. “Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho extinguiu-se. O bronze já lhe fixou as linhas corretas do perfil augusto, e a História, não lhe podendo retratar o espírito, cantará a sua obra gigantesca”.