O antigo município de Santo Amaro, atual zona sul da cidade de São Paulo, já foi o reduto das famosas “magrelas”. Com seu território original plano e liso, a região era um lugar perfeito para que as pessoas pudessem pedalar por aí, principalmente em uma época onde os automóveis eram itens de luxo para as famílias mais abastadas.
Não era incomum que os trabalhadores e moradores de Santo Amaro utilizassem suas bicicletas para ir ao trabalho, escola ou compras em mercados e mercearias. A quantidade de bicicletas era tão representativa que havia placa de licença para rodar com elas (uma dessas placas está exposta no museu do Centro de Tradições de Santo Amaro – Cetrasa). A região abrigava duas das maiores indústrias de bicicletas do país, muito antes do Polo Industrial de Manaus ou dos produtos importados.
Foi no Brooklin, perto de Santo Amaro, que o ítalo-brasileiro Guido Caloi instalou sua primeira fábrica de bicicletas. Populares na Itália, a ideia era introduzir aqui uma extensa linha de produtos que de fato lideraram o mercado por vários anos. A partir de uma pequena oficina no Campo Belo, a Caloi começou a fabricar bicicletas e era uma referência para pessoas a procura de emprego.
Como a região, na época, era composta por terrenos alagadiços, os lotes eram baratos e muitos operários se fixaram na região. Com o passar do tempo, a Caloi cresceu e toda a produção foi transferida para a Avenida Guido Caloi, em um amplo terreno. Diferente da oficina do Brooklin, a nova unidade do Guarapiranga era muito grande, e tinha estrutura até mesmo para os antigos gremios de funcionários.
A Monark, outra grande fabricante de bikes também se instalou pela região, mais especificamente em um imenso galpão de costas para o Rio Pinheiros. Para chegar à fábrica muitos funcionários atravessavam brejos, na área onde hoje está o Shopping Morumbi, sejam os que moravam na Vila Olímpia ou ainda os que desciam do bonde e vinham caminhando por caminhos abertos nos amplos terrenos.
A partir da década de 1980 a bicicleta foi perdendo espaço para a concorrência dos produtos fabricados em Manaus e depois na Ásia, o que tornou ociosa a capacidade industrial da Caloi e da Monark. A Caloi com o tempo se mudou para a Amazônia deixando sua ampla unidade vazia e que depois foi demolida e a Monark abriu processo de falência deixando de fabricar seus tradicionais produtos.
Referências: http://gruposulnews.com.br/noticia/8/680/santo-amaro-ja-foi-a-terra-das-bicicletas
Eu sou morador e colecionador do Brooklyn Paulista, amassei muito barro nesse bairro e dentre objetos que coleciono estão as magrelas, justamente por morar ao lado da Caloi e a alguns quarteirões da Monark , tenho inclusive documento da época de uma das bicicletas que tive quando criança, saudades dessa época em que amigos ficaram famosos como o Roberto Rivelino. Toda a minha família, nasceram nos bairros do Brooklyn Paulista e de Santo Amaro. São os Manzini : Marcos Manzini, jornalista que fundou o primeiro jornal tablóide A Tribuna de Santo Amaro, seu irmão Monsenhor Humberto Manzini, se firmou em Serra Negra e ajudou na construção da catedral, estando seu nome na placa de entrada da mesma e Vitor Manzini, cujo nome está no famoso largo do socorro; a outra parte da família a Jorge, pais do meu pai e moradores do antigo Brooklyn Paulista, e por final a família Valente, pais da minha mãe, união dos Manzini com os Valente.
Os meus pais se mudaram para o Brooklin Paulista em 1959, quando o meu irmão estava com apenas 5 anos e eu 7. Por lá crescemos, estudamos namoramos, nos formamos e nos casamos, constituindo as nossas próprias famílias. Me lembro bem da fábrica de bicicletas da Caloi no meu bairro, na esquina da Rua Pássaros e Flores com a Av. Santo Amaro (em frente à Orquima), onde hoje está o Banco Itaú e alguns edifícios. A minha primeira bicicleta foi uma Caloi e depois tive uma Monark, mesma marca da terceira, comprada já adulto.
Olha só que bacana, tbm venho da Família Manzini, sou neto de Hercilia Manzini, irmã do Marcos Manzini, Na casa do meu pai, por anos ficaram guardados, vários materiais tipográficos da antiga “A Tribuna de Santo Amaro”.
Hoje, a Caloi na região da Guarapiranga, como referência só tem A avenida Guido Caloi, demoliram tudo e em seu lugar está uma pequena floresta.
Um pouco da história da Caloi, no link:
Não esqueça da minha “Dorel”: História da Caloi de brasileira à canadense!!!
http://carlosfatorelli27013.blogspot.com/2020/06/nao-esqueca-da-minha-dorel-historia-da.html
Trabalhei na Caloi, primeiramente na Av. Santo Amaro e depois na Guarapiranga, por 16 anos! Disparado, a melhor época da minha vida!! Até hoje guardamos no coração os amigos, com os quais tanto tempo convivemos e temos até um grupo de wats app. Muito boas lembranças!
Querem reviver suas memorias afetivas morando ou investindo onde antes você trabalhou ?
Que bom recordar essas histórias.
Nasci no Brooklyn, na Rua Francisco Dias Velho, familia Breno, próximo a antiga fábrica da Caloi.
Tive dois tios que trabalharam nessa unidade, inclusive minha primeira bicicleta adquirida por intermedio de meu tio.
Outro tio era vizinho da Monark, portanto tenho a bicicleta como parte da família.
Hoje continuo tendo uma Caloi, mais moderna diante de tanta tecnologia para as magrelas, mas CALOI.