Dois dos mais importantes bandeirantes da história do nosso país, Raposo Tavares e Fernão Dias, tiveram notável participação na consolidação do Brasil que conhecemos hoje. Foram eles que fundaram várias vilas, ajudaram a ampliar os limites territoriais da nação e fizeram as bandeiras em busca de ouros e pedras preciosas. De maneira simbólica os dois emprestam seus nomes a duas importantes rodovias brasileiras.
Ao mesmo tempo em que realizavam essas missões, os bandeirantes também praticavam atos violentos, como a dizimação de índios ou sua escravização. Esses homens, mistura de heróis e vilões, também participaram da política paulistana, então conhecida como Vila de São Paulo de Piratininga.
E a relação dessas figuras históricas com a CMSP não foi das mais tranquilas. Em 1627, por exemplo, os vereadores da época chegaram a pedir a prisão de Antônio Raposo Tavares, alegando que ele estava para organizar uma expedição sem licença.
O receio dos parlamentares era de que, com a saída de muitos homens, a vila ficasse desprotegida e se tornasse um alvo fácil para os índios. Segundo as atas da época, relatos mantidos até hoje na Câmara, os vereadores pediam que o “delinquente” Raposo Tavares fosse detido e, caso a ordem não pudesse ser cumprida, que lhe tirassem “a pólvora e o chumbo”.
O bandeirante não foi preso e sua expedição aconteceu em maio de 1629 quando voltou com centenas de índios escravizados. Esse fato o tornou um homem admirado por toda a comunidade da pequena vila. No dia 1º de janeiro de 1633, Tavares foi eleito juiz ordinário da vila, cargo equivalente ao de presidente da Câmara.
Outra figura histórica que teve problemas com a Câmara foi Manuel Alves Preto. No ano de 1628 ele organizou uma grande bandeira para explorar a região do Guairá, antigo território espanhol que corresponde à zona oeste do atual estado do Paraná. Sua intenção era destruir algumas missões jesuítas. Ao voltar para São Paulo ele foi impedido de assumir o cargo de vereador por ter sido acusado de ser violento demais pelos padres jesuítas.
Fernão Dias, por sua vez, foi eleito vereador em 1651 e, anos antes, teve de dar satisfação à Câmara. Em um documento do dia 2 de setembro de 1623 está registrada uma ordem pedindo explicação sobre a formação de uma bandeira. De maneira literal, estava escrito o seguinte: “o procurador do Conselho foi informado que Fernão Dias, capitão dos índios, queria ir ao sertão e levar consigo alguns moradores, o que era um grande prejuízo deste povo, por haver pouca gente”.
A trajetória de Dias, que ficou conhecido como Caçador de Esmeraldas, voltou a fazer parte da Câmara Municipal de SP em 1681, em um engano famosíssimo na história do Brasil. Seu filho, Garcia Rodrigues Paes, levou 47 pedras para os vereadores e afirmou serem esmeraldas. O bandeirante fez questão de ressaltar a honestidade e comprometimento da família com a coroa e garantiu que muitas pedras haviam sido entregues ao administrador para serem enviadas ao rei.
As pedras, que todos acreditavam ser esmeraldas não passavam de turmalinas, pedras sem valor comercial na época. Seu pai, Fernão Dias, havia morrido meses antes, perto do Rio das Velhas (MG), com a certeza de que havia encontrado pedras preciosas.
Outros aventureiros também foram vereadores de São Paulo, entre eles: Simão Jorge, primeiro presidente da Câmara em 1563; Afonso Sardinha, o Velho, juiz ordinário em 1587; Baltazar de Godoi; Pedro Taques, que também foi secretário do governador-geral dom Francisco de Souza; e Pedro Vaz de Barros, governador da Capitania de São Vicente em 1603.
João Ramalho terá tido mais de 900 descendentes ainda antes de morrer…