Muitas vezes, as ruas da cidade de São Paulo homenageiam grandes personagens da história do Brasil. E com José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, não é diferente.
O homem que empresta seu nome a uma rua da região da República foi professor, político, jornalista, diplomata, historiador e biógrafo. Ou seja, foi um multiprofissional talentoso em todas as áreas que decidiu atuar.
Nascido no Rio de Janeiro, no dia 20 de abril de 1845, Paranhos era filho de José Maria da Silva Paranhos, o visconde do Rio Branco. Ele estudou no Colégio Pedro II, a faculdade de Direito de São Paulo e depois a de Recife.No ano de 1869, José Maria foi nomeado promotor público da cidade de Nova Friburgo e, no mesmo ano, acompanhou no cargo de Secretário da Missão Especial, o visconde do Rio Branco ao Rio da Prata e ao Paraguai.
Sua atuação foi tão destacada nessa primeira viagem, que se manteve no cargo entre os anos de 1870 e 1871 nas negociações de paz entre os membros da Tríplice Aliança e o Paraguai. Ao voltar para o Rio de Janeiro, José decidiu se dedicar ao jornalismo. Na nova profissão, dirigiu o jornal A Nação, juntamente com o amigo Gusmão Lobo.No ano de 1876, Rio Branco deixou o jornalismo para ser o cônsul-geral do Brasil na cidade de Liverpool.
Durante o tempo em que viveu na Europa, José foi o autor de várias obras: redigiu uma Memória sobre o Brasil para a Exposição de São Petersburgo; para o Le Brésil, de Sant’Anna Nery, escreveu Esquisse de l’Histoire du Brésil; apresentou contribuições para a Grande Encyclopédie, de Levasseur, na parte relativa ao Brasil.
A Atuação Na Argentina e No Amapá
No ano de 1893, o então presidente Floriano Peixoto escolheu Rio Branco para substituir o Barão Aguiar de Andrade, que falecera na missão de defender os direitos do Brasil frente aos outros territórios.
Na época, estavam acontecendo as discussões para a formação das fronteiras entre o Brasil e a Argentina. E, essa discussão, foi realizada nos Estados Unidos. Rio Branco, encarregado de defender os diretos do Brasil, apresentou toda sua argumentação em ricos documentos reunidos em seis grandes volumes.
Após as análises das questões apresentadas, o laudo final, publicado em 5 de fevereiro de 1895, foi inteiramente favorável às pretensões brasileiras, coroando o grande trabalho de Rio Branco.
Contudo, problemas dessa dimensão pareciam ser seus grandes companheiros de vida. No ano de 1898, um novo impasse: a questão do Amapá. O tratado datado de 10 de abril de 1897 escolheu como ponto de discussão final a Suíça e, o árbitro para a questão, o presidente desse país.
Rio Branco vinha estudando a questão do Amapá desde 1895. Ao chegar a Berna, apresentou uma memória de sete volumes. A sentença arbitral, de 1º de dezembro de 1900, foi favorável ao Brasil, e o nome de Rio Branco foi colocado em plano de superioridade em relação a qualquer outro político ou estadista brasileiro da época.
O Ministério das Relações Exteriores
No dia 31 de dezembro de 1900, o Barão de Rio Branco foi nomeado ministro plenipotenciário em Berlim. Em 1902, foi convidado pelo presidente Rodrigues Alves a assumir a pasta das Relações Exteriores, na qual permaneceu até a morte, em 1912.
Logo no começo de seus trabalhos, teve que enfrentar a questão do Acre território que a Bolívia pretendia ocupar, solucionando-a pelo Tratado de Petrópolis. A seguir, começou negociações com outros países limítrofes, cujas fronteiras com o Brasil sempre geravam discussões. Seu empenho encerrou as velhas disputas que o Brasil mantinha com quase todos os países da América do Sul.
Em 1901, apesar dos esforços e do valor intelectual do plenipotenciário brasileiro, Joaquim Nabuco, a questão da Guiana Inglesa foi resolvida, por laudo do árbitro Victor Emanuel, rei da Itália, contra o Brasil.
Rio Branco, no entanto, soube entender os motivos do laudo que despojava o Brasil de uma parte do seu território e deu a Joaquim Nabuco a compensação de nomeá-lo embaixador do Brasil em Washington.
Definindo o contorno do território brasileiro
Veio, depois, uma série de tratados memoráveis: em 1904, com o Equador; em 1906, com a Guiana Holandesa; em 1907, com a Colômbia; em 1904 e 1909, com o Peru; em 1910, com a Argentina. Ficavam definidos, de um modo geral, os contornos do território brasileiro, assim como, com pequenas alterações, ainda hoje subsistem.
Além da solução dos problemas de fronteira, Rio Branco lançou as bases de uma nova política internacional, adaptada às necessidades do Brasil moderno.
Foi, nesse sentido, um devotado pan-americanista, preparando o terreno para uma aproximação mais estreita com as repúblicas hispano-americanas e acentuando a tradição de amizade e cooperação com os Estados Unidos.