O espaço onde hoje está um dos museus mais famosos de São Paulo, o Museu de Arte de São Paulo (MASP), já foi um espaço conhecido como Belvedere Trianon, um mirante com terraços panorâmicos para a cidade. O projeto desse espaço público, que também ficou conhecido como Miradouro da Avenida ou Belvedere da Avenida, era assinado pelo escritório de Ramos de Azevedo.
Segundo recortes do Estadão, o Belvedere foi entregue no dia 12 de junho de 1916 pelo então prefeito Washington Luís, quando diversas autoridades compareceram ao evento de inauguração. Além dos terraços que vemos em fotos antigas, o local também possuía salões para festas e convenções e outros serviços, como restaurante e confeitaria.
A alta sociedade paulistana costumava frequentar muito o local, sendo um point de chá de fim de tarde. No fim da década de 20, com a crise do café, o local se “popularizou”. O restaurante e os salões foram fechados e um bar foi aberto para atender ao novo público.
A título de curiosidade, e ainda segundo o Estadão, uma senhora conhecida como Madame Poças Leitão, que por anos respondeu pelas aulas de boas maneiras e desenvoltura no colégio Des Oiseaux, era agora a responsável por ensinar a arte do fox trote e do chá-chá-chá aos rapazes e moças.
O local foi se degradando aos poucos e, em 1953, acabou demolido para ceder espaço para a 1ª Bienal de Arte Moderna de São Paulo. Com o sucesso do evento, o terreno foi doado pela prefeitura para a construção do Masp, que seria inaugurado em 1968.
Outra curiosidade interessantíssima fica por conta de um manifesto, dessa vez publicado no jornal O Correio Paulistano, onde o famoso arquiteto Christiano Stockler das Neves publicou diversos artigos com o título de “Bom gosto, por que te escondes e não reages”? Como é possível perceber, claramente o arquiteto era contra a arquitetura moderna e a demolição do Belvedere.
O que é um belvedere? Apenas para curiosidade de quem não souber o significado da palavra Belvedere, fica o registro do que encontramos na internet: “Terraço no alto de um edifício ou de um morro e de onde se enxerga um belo panorama; miradouro” ou “Pequena construção isolada com uma bela vista; mirante”.
Acervo do jornal Correio Paulistano
Adorei a reportagem sobre o Belvedere. Completo. Sempre tive curiosidade de saber mais sobre essa obra de arte. Inclusive, acredito que é naquele vão do Masp que ficava aquela vista sobre a cidade, que hoje não dá para ver mais nada. Aliás, me parece que o vão do MASP foi uma das exigências para a construção do prédio, para conservar a vista. Para quem gosta do prédio do MASP que me desculpe. Mas é muito feio.
Concordo.
Também gostei muito! Fico feliz em ver a história de SP. Uma pena, essa maravilhosa construção ter se perdido e ser substituída por aquela “caixa suspensa”. (sim, concordo com a Sílvia, que comentou acima: o Masp é feio). E concordo com o arquiteto citado quanto ao modernismo. Para mim, foi o início da decadência nas artes.
What an interesting history. Thank you for sharing this, Dr. Gil.
Toda arquitetura é uma referência histórica de época e lhe abre a mente para reflexões gerais. Daí eu ser contra as demolições de construções que eram parte das atividades da população, seja de classe for. Fico Triste.
Essa é a história de São Paulo, a cidade sempre se renovou destruindo o que havia antes, assim desapareceram as construções de taipa que envergonhavam os novos ricos do café, assim vieram abaixo prédios como os palacetes Prates, que envergonhavam os modernistas. Acho o prédio do Masp lindo, seu acervo é maravilhoso…mas ele poderia ter sido construido em outro local, sem destruir o Trianon que hoje seria um marco histórico na cidade, com inumeras possibilidade de uso popular.
Era um Ramos de Azevedo e era lindo, foi uma pena.
Então, lendo a matéria verifiquei que com a crise do café na década de 20 o Belvedere foi abandonado, porque seus edificadores não fizeram as devidas reformas de forma que se preservasse o patrimônio? O que ocorre é que quem permitiu a demolição do Belvedere queria uma modernização de são Paulo, dessa forma, são Paulo perdeu muito do seu patrimônio que hoje poderia estar tombado… Com edificações antigas e lindas! Como nas cidades de Londres, Pariz, Roma, Lisboa, em toda a Espanha…
Uma correção, segundo o catálogo da I Bienal do Museu de Arte Moderna, a exposição deu-se entre os meses de outubro/dezembro de 1951. Deixo aqui um link para o catálogo da mostra: http://www.bienal.org.br/publicacoes/4389
Obrigado,
Gosto do Masp por tdo que ele expõem, por todo aprendizado que obtemos em visita-lo,porém acho a construção antiga mais bonita,não deveriam ter demolido o Trianon. Mas se tratando do nosso país.. O antigo não vale..a história já foi…não tem memória,não rende mais..vamos demolir..infelismente.
QUE PENA DEMOLIRAM PARA CONSTRUIR AQUELA COISA HORRENDA DO MASP, AVE….
Que Pena !! a demolição….acho que o Brasileiro não tem o pensamento de um europeu, que tudo é arte e historia…… Se a torre Eiffel fosse aqui no Brasil já não existia a muito tempo…..não sei como o Viaduto Sta Efigênia ainda esta lá !!!!!! Casa Da BOIA ,,,e por ai vai !!!!!
O FUTURO ERA MELHOR NO PASSADO
Ontem mesmo passamos em frente ao Masp, confesso que sua arquitetura nunca me convenceu, uma caixa de sapatos gigante com as pernas abertas para a Paulista, junte a isso o seu atual estado de abandono e agora essa informação sobre quem ele veio usurpar o lugar na Paulista, pronto agora estou menos convencido ainda,,, #voltabelvedertrianon
Lastimável as porcarias que a arquitetura moderna nos impôs, e agora ninguém se atreveria a demolir esse monstrengo que a “genial” Lina Bo Bardi nos deixou.
Apesar de paulistano, não conhecia esse fato e confesso que sou mais o Belvedere Trianon, o MASP poderia ser construído em outro local sem demolir o Belvedere.
Gostei de conhecer um pouco mais da história de São Paulo, pena não ter apreciado pessoalmente, cada vez que é feita uma demolição mesmo de una casa antiga, em um bairro morre um pouco da memória dos fundadores desta linda cidade.