A tradição do Brasil no automobilismo é inegável. Apesar de não contar com um titular na Fórmula 1 desde 2017, o país tem o terceiro maior número de títulos mundiais da categoria, com o segundo maior número de pilotos campeões.
Dentro desta história, um palco se destaca. O Autódromo de Interlagos é quase sinônimo de Grande Prêmio do Brasil, recebendo as provas de Fórmula 1 realizadas no país desde 1972 — com exceção de 10 anos em que a corrida aconteceu no circuito de Jacarepaguá.
Tradicionalmente um evento no início da temporada, o GP do Brasil foi movido para o fim do campeonato a partir de 2004. Por sete vezes, foi até mesmo a última corrida do calendário, nos anos de 2004, 2006, 2007, 2008, 2011, 2012 e 2013.
A partir de então, passou a ser possível confirmar o título mundial em Interlagos. Chance que se tornou realidade em seis edições da prova. Vamos dar uma volta no tempo e relembrar um pouco destes momentos. Inclusive um bastante doloroso para a torcida brasileira.
2005: Fernando Alonso
A primeira definição de campeonato em Interlagos ocorreu logo no segundo ano após a alteração do calendário. Curiosamente, porém, o GP do Brasil não encerrou a temporada 2005: as provas do Japão e da China ocorreriam após a visita ao Brasil.
No entanto, o espanhol Fernando Alonso chegou com uma confortável liderança de 25 pontos. Para manter a disputa pelo título viva, o finlandês Kimi Raikkonen precisava anotar cinco pontos a mais do que o rival. O Homem de Gelo até conseguiu a segunda posição na corrida, mas Alonso subiu ao pódio em terceiro lugar e tornou-se o então campeão mais jovem da categoria.
2006: Fernando Alonso
O espanhol gostou dos ares paulistanos. A conquista do seu segundo título, porém, foi mais suada do que a do ano anterior. Em 2006, a disputa chegou até a prova final, com Alonso 10 pontos à frente graças a uma falha no motor de Michael Schumacher na penúltima corrida.
Apesar da margem mais apertada ao longo do campeonato, o GP do Brasil acabou sendo protocolar. Fernando Alonso precisava terminar apenas em oitavo para não depender de nenhuma combinação, mas levou sua Renault à segunda posição e garantiu o bicampeonato.
Fernando Alonso conquistou seus dois títulos em Interlagos.
2007: Kimi Raikkonen
Fernando Alonso mudou de equipe em 2007, assumindo um posto na McLaren, ao lado do promissor calouro Lewis Hamilton. Mesmo com forte disputa interna, ambos chegaram ao Brasil na ponta do campeonato — Hamilton precisava de apenas um quinto lugar para ser campeão.
Quem se deu melhor, no entanto, foi Kimi Raikkonen, que havia deixado a equipe inglesa e assumido a companhia do brasileiro Felipe Massa na Ferrari.
O finlandês chegou a estar 17 pontos atrás de Hamilton com duas provas para o fim da temporada. Uma vitória na China e uma prova repleta de erros do inglês em Interlagos abriram a porta para Raikkonen, que venceu após troca de posições com Massa nos boxes.
Alonso até tentou seu terceiro título em São Paulo, mas alcançou apenas a terceira colocação, enquanto Hamilton chegou em sétimo lugar. Em um dos campeonatos mais apertados da história, Raikkonen terminou com 110 pontos, contra 109 pontos de ambos os rivais da McLaren.
2008: Lewis Hamilton
Sir Lewis sempre declarou seu carinho pelo público brasileiro e seu ídolo, Ayrton Senna. Em 2008, porém, as arquibancadas de Interlagos não tinham dúvida: todos apoiavam Felipe Massa, em busca do primeiro título para o Brasil desde 1991.
Massa fez a sua parte, conquistando a pole e liderando sem sustos durante toda a corrida. Mas a vantagem era de Hamilton, que precisava somente de um quinto lugar para confirmar seu primeiro título. Largando em quarto, o inglês manteve a posição até uma reviravolta nas voltas finais.
Tão comum no GP do Brasil, a chuva forçou os carros a uma troca de pneus. No entanto, a Toyota resolveu arriscar, deixando seus pilotos na pista. O alemão Timo Glock assumiu a quarta colocação, com Hamilton caindo para sexto após ser ultrapassado por Sebastian Vettel a três voltas do fim.
A partir da volta seguinte, a chuva aumentou de intensidade e os pneus para pista seca da Toyota não tinham mais tração. Enquanto a arquibancada comemorava a vitória de Massa, Hamilton ultrapassou Glock na última curva do campeonato e conquistou seu primeiro título.
Lewis Hamilton ultrapassa Timo Glock na junção e conquista o Mundial de Pilotos de 2008.
2009: Jenson Button
A Brawn GP foi a surpresa da temporada 2009, colocando Jenson Button e seu companheiro, Rubens Barrichello, na ponta da tabela com um desempenho fenomenal na primeira metade do ano. A diferença caiu na segunda parte, com Sebastian Vettel se aproximando dos rivais.
Pelo segundo ano seguido, um brasileiro chegou a Interlagos ainda na disputa pelo mundial de pilotos — desta vez, sendo a penúltima prova do campeonato. Barrichello até tentou uma estratégia ousada, que ainda lhe desse chance na última corrida.
Mas, pelo segundo ano seguido, um inglês comemorou em frente à torcida paulistana. Jenson Button sacramentou seu único título mundial de forma antecipada, após um sólido fim de semana e a quinta colocação no GP do Brasil.
2012: Sebastian Vettel
Alguns personagens de destaque em Grandes Prêmios do Brasil de anos anteriores voltaram à cena em 2012. Interlagos era de novo o último evento da temporada. Fernando Alonso buscava mais um título. A chuva voltou a cair no meio da prova. O piloto que liderava o campeonato cometeu vários erros ao longo da corrida.
Em disputa épica, Fernando Alonso desembarcou no Brasil precisando de uma combinação improvável: vencer e ver o então bicampeão Sebastian Vettel terminar no máximo em quinto. Tocado por Bruno Senna na primeira volta, o alemão precisou fazer corrida de recuperação. Ao final, chegou apenas em sexto. Alonso, no entanto, ficou com a segunda posição, dando a Vettel o terceiro de seus quatro títulos.
Embora o calendário atual diminua as chances do mesmo acontecer, os fãs do automobilismo continuam torcendo para mais um campeão ser confirmado no Brasil. Especialmente para os fãs mais jovens da categoria, atraídos por iniciativas como a série Drive to Survive.
Além destes, a Fórmula 1 também surge como possibilidade para quem se diverte nas apostas esportivas. Cheio de emoção e reviravoltas como as que decidiram os títulos acima, o campeonato é ideal para quem busca mais uma opção de palpite — estudo com usuários do site KTO mostra que o brasileiro segue três outros esportes além do futebol.