A origem do nome Vila Clementino, bairro da zona sul de São Paulo, tem uma bela história de caráter e dedicação, por parte de Clementino de Sousa e Castro, à população.Nascido no dia 4 de janeiro de 1846, Clementino era filho de Bento Joaquim de Sousa e Castro e Henriqueta Viana Pereira de Lima. Ele se formaria em direito aos 30 anos, em 1876, pela Universidade de Direito do Largo São Francisco, mudando-se para Taubaté e Caçapava, municípios onde exerceria a advocacia.
Durante muito tempo, Clementino foi membro da Loja Piratininga de Maçonaria e, em diversas oportunidades, exerceu seu lado abolicionista junto ao irmão, Antônio Bento. Era comum ver os dois ajudando escravos, seja com dinheiro, seja escondendo alguns fugitivos em sua casa até que estes pudessem migrar para um quilombo seguro.
Além disso, exerceu seu lado republicano ao colaborar com o Jornal Correio Paulistano, sempre com artigos pontuais e atuais sobre a situação do Brasil.
Como sua influência crescia cada vez mais, Dom Pedro II resolveu “puni-lo” e acabou nomeando-o promotor público em Bragança Paulista, afastando-o de sua amada São Paulo. Contudo, em 1880, ele voltou à São Paulo para exercer o cargo de Juiz Substituto da Comarca da Capital. Acumulou a 1ª Vara de Órfãos e a 4ª Vara Criminal. Neste período, garantiu a execução da Lei Eleitoral conhecida como Lei Saraiva.
A Proclamação da República e o mais alto cargo político de SP
Com o Brasil proclamando sua república, Clementino foi nomeado, sem qualquer remuneração, membro da comissão que cuidou da preservação dos livros, imóveis e objetos do Paço da Assembleia.
Além disso, com a destituição da Câmara Municipal, graças ao ato de 10 de janeiro de 1890, Clementino foi eleito presidente do Conselho Municipal de Intendências, com direito a aplausos dos seus adversários políticos e grande reconhecimento popular. Ele ficaria no cargo, que equivale ao de prefeito de São Paulo, entre 12 de janeiro de 1890 e 12 de dezembro de 1891.
Clementino foi um grande benfeitor do estado de São Paulo, ajudando, inclusive, a organizar a qualificação eleitoral para as eleições de deputados à Constituinte e primeiras eleições do Congresso Paulista, Deputados e Senadores Federais por São Paulo.
Ele também foi o responsável por ajudar no crescimento urbano, sendo que o ano em que ficou na prefeitura, um dos mais aproveitáveis no que diz respeito à expansão, avançando quilômetros a partir do centro de São Paulo.
Foram urbanizados e anexados uns aos outros os bairros dos Campos Elísios, Santa Cecília, Consolação, Pari, Brás, Mooca, Liberdade, Vila Mariana, e na Chácara Bela Cintra foi rasgada uma avenida, a partir do Largo do Paraíso até aos Pinheiros com cerca de 3 km de extensão por 30 m de largura, toda beneficiada de pedregulhos, com largos passeios de ambos os lados e totalmente arborizada. Com o passar do tempo, essa via se tornaria a Avenida Paulista.
Ao sair da intendência da prefeitura, Clementino, do alto do seu grande caráter, fez uma forte declaração sobre os “figurões” do governo de São Paulo, declarando publicamente que: “Esta não é a República que sonhei…, fiquem com essa política que é a arte de perder a vergonha sem corar…”. A partir de então, ele voltaria à sua grande paixão, a advocacia.
Ele acabaria se casando, em 1895, com Luísa de Oliveira Arruda, filha do médico e sanitarista Marcos de Oliveira Arruda, com quem teve filhos: Clementino, Hildebrando, Walter, Márcio, Zilda, Maércio, Ataíde e Luísa que morreu ainda criança.
Em 1895 desenvolveu a obra: “Analyse do Projecto do Codigo do Processo Criminal do Estado de São Paulo” . Além disso tudo, ele foi membro efetivo da Academia Real de Ciências e Artes de Bruxelas e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.
Vale um destaque muito especial de sua vida sobre um curioso episódio que aconteceu quatro anos após a inauguração do matadouro da Vila Mariana. Na ocasião, um grupo de trabalhadores pediu um aumento salarial ao então interventor de São Paulo.
Clementino, então, se pronunciou da seguinte forma: “Indico como solução ao pedido de aumento de ordenado feito por diversos empregados desta intendência, que se defira o pedido, aumentando-lhes 15% sobre o que recebem, isto quanto aos que não tiveram acréscimo”.
Após algum tempo, reconhecendo seu grande esforço feito pela região, os moradores e funcionários do Matadouro fizeram um grande abaixo assinado para que parte da Vila Mariana fosse conhecida como Vila Clementino. Outro fato, esse uma especulação, seria sua ligação com a Bucha, a Sociedade Secreta Paulistana. Clementino acabaria falecendo em 13 de outubro de 1929, deixando um grande legado à cidade de São Paulo.
Oi Gente, estou fazendo uma visitinha por aqui.
Gostei bastante do site, vou ver se acompanho toda semana suas postagens
Gosto muito desse tipo de conteúdo um Abraço 🙂
Quero parabenizá-los pelo trabalho ao mesmo tempo em que agradeço pelos elogios ao meu avô paterno. Apenas informo que a ordem cronológica dos filhos de Clementino e Luiza é a seguinte: Clementino, Thaide, Zilda, Hidebrando, Márcio, Maércio e Walter. Além desses, que viveram, ocorreram quatro perdas sendo que duas delas são mencionados os nomes. Não conheço o nome das outras duas, tampouco em que posição cronológica ocorreram. Sou filho do Clementino Júnior.
Que bacana, deve ser muito bom ter um antepassado ilustre e citado em um artigo tão inteligente e detalhado !
Parabéns !!
Faltou mencionar que em 1919/20 uma vez eleito, ocupou o car de Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, fato esse muito relevante na vida de meu avô Ministro Dr. Clementino de Souza e Castro.
Sou Antonio Carlos de Souza e Castro filho de Hildebrando de Souza e Castro.