Ser um artista em São Paulo, especialmente um fotógrafo de sucesso, não é uma tarefa das mais simples. Qualquer pessoa que tenha um smartphone com uma boa câmera, fato que não é muito difícil de acontecer, já se considera um “fotógrafo”.
Contudo, alguns grandes profissionais do segmento ainda sobrevivem nesse meio e, como é de se esperar, fazem o diferente para serem notados.
A SP In Foco teve o prazer de conversar com o simpático Cláudio Pepper, que trabalha nesse grande mundo das imagens desde 2004, sobre o seu novo projeto: Olhar para dentro dos vagões do Metro de São Paulo, e captar os ‘instantâneos de janela de trem‘ .
Confiram nossa entrevista com o fotógrafo:
Qual sua inspiração em fotografar a cidade de São Paulo?
A cidade é o meu lugar. Fotografar o que acontece nela e as pessoas que a tornam viva é compor a memória que quero ter dela. A minha cidade é como eu vejo.
De onde surgiu a ideia de fazer um projeto fotográfico sobre o Metrô?
Surgiu da observação. Enquanto eu ficava parado na plataforma esperando um trem mais vazio, notei que de determinados pontos da plataforma as janelas chegavam como verdadeiras fotografias, já emolduradas. Bastava ficar estático e olhando fixamente, durante o tempo em que o trem estivesse parado. E 2 minutos depois, sem sair do lugar, podia ver chegar outra ‘fotografia’. E então passei a fotografar com o celular. E, depois de alguns dias amadurecendo aquela percepção, decidi que fotografaria rotineiramente até obter conteúdo suficiente para construir uma narrativa, algo que pudesse transmitir minha sensação para outras pessoas. A captação durou 4 meses.
Qual a dificuldade em realizar um ensaio desse naipe?
Não há dificuldade, mas um desafio. É preciso ser paciente. Nem sempre é possível captar imagens relevantes. Mas elas ajudam a entender o que não estava bom alí, e ajustar para a próxima. Por exemplo, se a plataforma estava muito cheia, o resultado em geral não é bom. Então, o ideal é mudar o horário de captação.
Quais estações foram contempladas com suas fotos?
As estações das linhas 1, 2, 3 e 4. A média de 3 estações de cada linha. O critério foi mais relacionado à ideia de variar o formato das janelas, e diversas condições de luz, do que propriamente cumprir um roteiro, com abrangência equitativa, etc.
Qual o grande resultado que você tira dessa experiência?
O resultado não é muito diferente daquele que tiro da fotografia que faço pelas ruas da cidade: o exercício de olhar para o outro, para o desconhecido, o inesperado, e a valiosa possibilidade de levar pra casa informações visuais muito além das que minha memória seria capaz de levar.
Você pretende elaborar novos projetos tendo como pano de fundo o metrô?
Sem dúvida! a exemplo do Underline Views, ensaio em que exploro túneis de Metrô da cidade.(https://claudiopepper.culturalspot.org/exhibit/underline-views/tgKiz1-MLNfTJA)
Quais os próximos projetos que você pretende desenvolver?
Especificamente da cena urbana, há um projeto, mas ainda embrião.
Mas há ainda uma continuidade, um desdobramento q pretendo para o mais recente, que é formatar um curso pocket/oficina. Mais uma oficina de olhar do que de fotografia