Publicado originalmente em 22 de janeiro de 2014 e atualizado em 18 de dezembro de 2022
A primeira implosão de um edifício no Brasil aconteceu em 16 de novembro de 1975, quando o edifício Mendes Caldeira, empreendimento, que ficava entre a Praça da Sé e a Praça Clóvis Bevilacqua veio abaixo. Ele estava no caminho da Linha 3 – Vermelha do Metrô, que foi a empresa responsável por desocupa-lo e cuidar do processo de implosão.
A história do Mendes Caldeira começa em junho de 1960, quando jornais como o Correio Paulistano e O Estado de S. Paulo anunciaram suas unidades com o slogan de “o maior negócio do Brasil”. A autoria do projeto do empreendimento é dos arquitetos Jorge Zalszupin e Lucjan Korngold.
Em 1961, pouco tempo após sua conclusão, o edifício já estava com todas suas unidades vendidas. Quando começou a operar ele se tornou um dos prédios mais movimentados e requintados de São Paulo.
Contudo o Mendes Caldeira estava no meio do caminho do Metrô: era preciso de mais espaço para a construção da Estação Sé. As obras da Linha 3 – Vermelha estavam lentas e, no começo dos anos 70, discutia-se a possibilidade de desapropriação de vários edifícios para acelerar a construção do ramal metroviário. O Mendes Caldeira estava entre eles.
Vale a curiosidade que outro prédio histórico também foi desapropriado e destruído pelo mesmo motivo: o Palacete Santa Helena.
Assim, com o pagamento de uma indenização de 26,8 milhões de cruzeiros o prédio “veio abaixo”. Quando foi desocupado, o Mendes Caldeira tinha 250 condôminos, 280 locatários e mais de 5 mil frequentadores diários de seus serviços.
Ficha técnica sobre a implosão:
Duração: 8 segundos
Estrutura: 30 andares;
Altura: 110 metros;
Área Construída: 11.597 metros quadrados;
Volume demolido: 4,5 mil metros cúbicos;
Peso: 36.774 toneladas;
Cartuchos de dinamite: 1.800;
Peso dos explosivos: 500 kgs;
Custo da implosão: 2,7 milhões de cruzeiros;
Colocação dos cartuchos: 1.200 posições diferentes em 12 andares;
Custo da demolição manual: 3,8 milhões de cruzeiros;
Área dos escombros: 5 metros de altura por 20 de diâmetro.
A implosão do edifício foi realizada, como citado, no dia 16 de novembro de 1975, com a presença de autoridades, jornalistas e curiosos. E os números são impressionantes: o edifício desabou em 8 segundos em um trabalho que demandou 500 quilos de dinamite e transformaram os 30 pavimentos do prédio em um monte de destroços.
Importante dizer que, na época, o Metrô fechou um Seguro de Responsabilidade Civil com a Sul América Seguros. O valor dessa precaução ficou na casa dos 25 milhões de cruzeiros e foi acionado, já que algumas vidraças de prédios vizinhos foram destruídas por estilhaços da implosão.
Na ocasião, além do seguro, estavam disponíveis 45 bombeiros do 1º Grupamento e mais 48 recrutados para ficarem de olho em possíveis problemas. Os profissionais, devido à boa execução, não tiveram problemas. Até o então prefeito Olavo Setúbal esteve presente para ver a implosão.
Se a implosão foi um sucesso, o mesmo não aconteceu com os entulhos. Apesar dos cinco carros-pipa e dos 60 varredores preparados para a limpeza do terreno, o trabalho “não andou”. O entulho era “novo” para esses trabalhadores e, de início, nada pôde ser feito. Como estariam as ferragens após a explosão? Será que havia o risco de remover partes do entulho e algo desmoronar?
Dessa forma, os sete caminhões da empresa contratada acabaram ficando parados. E, durante dias, foram despejados 18 mil litros de água por dia sobre os escombros, tanto para parar a poeira, quanto para evitar que algum incêndio surgisse.
Com o passar dos dias, os entulhos foram lentamente removidos para evitar acidentes e a praça foi, enfim, liberada. Como curiosidade, vale o destaque de que hoje existe outro Edifício Mendes Caldeira. Ele está na Avenida das Nações Unidas, 10.989, na Vila Olímpia.
Referências: https://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19751211-30895-nac-0040-999-40-not/tela/fullscreen
https://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19751118-30875-nac-0068-999-68-not/busca/Mendes+Caldeira
Eu trabalhava no andar 21, último do Edifício Wilson Mendes Caldeira, bonito, elegante, grande, majestoso. Senti muito quando o prédio foi abaixo. Tinha no entanto a esperança de que ele desse um espaço para uma nova e bonita praça. Nem isso. Chorei ao ver ser ele implodido, choro hoje por ver a praça da Sé transformada num covil. Progresso que não deu certo. Mas tudo passa, um dia essa praça vai passar também.
Um grande absurdo, e uma grande imbecilidade, deixe me ver se entendi os caras derrubaram um arranhaceu de apenas 15 anos, alegando que não dava pra desviar um túnel de uma falha geológica??? Sem falar nos prédio históricos… Nossa que vergonha!!! Não sou a pessoa certa pra falar sobre o assunto, nasci 12 anos depois desse crime, mas oque mais de deixa indignado, é o fato de suspeita de corrupção, padrão Brasil… Ficaram enrolando com a obra… Aí quando o bicho pegou derrubaram o prédio pra correr com a obra… Que lixo!!!! Que vergonha!!! Isso repercute internacionalmente muito mal pra imagem do pais, eu mesmo se fosse grande dono de multinacional, jamais faria um empreendimento no Brasil… Vai que 15 anos depois, o governo vem e derruba meu prédio, alegando precisar construir uma estação de metrô embaixo, e que tem uma falha geológica, e os engenheiros não conseguem desviar o túnel sem que meu prédio desabe, ou que há necessidade de unir duas pracas, para servirem de ponto de uso de drogas… Vergonha!!!!
Ainda tem brasileiro que insiste em contar aquela piada de português… ” O português veio ao Brasil e disse que em São Paulo se constroem casas umas em cima das outras, aí um brasileiro fala, se chama edificio, aí o português responde, é claro que é difil, por uma casa em cima da outra, você pensa que é fácil???”
Realmente é muito dificil, ser brasileiro e conviver com histórias absurdas como essa, meus sentimentos a todos que participaram da construção desse prédio, e também todos que chegaram a trabalhar nele, seu me comovi com tal absurdo, imagine como foi para essas pessoas ver o prédio sendo implodido, pelas fotos… Era lindo
Verdade Guilherme Marcondes, acertou em cheio, sua análise foi precisa, veja o meu relato abaixo.
Meu pai sofreu muito com a implosão do Mendes Caldeira, ele tinha 4 salas no prédio. Fizeram uma grande sacanagem com os proprietários, primeiro soltaram o boato que haveria desapropriação, imediatamente os preços das salas despencaram, porque ninguém mais queria e somente anos depois desapropriaram de fato, pagaram um valor vil, recebeu uma miséria, o equivalente à 20 vezes menos do que valia e parcelado….pqp!
A avaliação foi feita no final de todos estudos, projetos e demolição, com o imóvel completamente desvalorizado, o coitado gastou tanto com advogados para tentar receber, que no fim sobrou esmolas.
Até hoje lembro dos lamentos de meu saudoso pai, imagino a dificuldades que ele enfrentou na época. Falava orgulhosamente que era o prédio mais moderno do Brasil, com elevadores americanos ultra rápidos, todo envidraçado, lages grandes…. Que o pai dele (meu avô) havia participado da construção, etc….. Um Pecado!
Foi um dos maiores feitos da engenharia nacional.
Eu era muito pequeno e lembro das explicações do meu pai entre explosão e implosão.
Fiquei fascinado pelos cálculos executados e orgulhoso pelo feito.
Ainda hoje quando passo pelo Sé lembro que ali tinha um edificio enorme.
O era prédio moderno, mas destoava das caracteristicas arquitetonicas no redor.
Hoje a gigantesca estação Sé serve a milhões de pessoas semanalmente.
maravilha