A SP In Foco já teve o prazer de resgatar a memória de algumas grandes mulheres que fizeram parte da nossa história. Ada Rogato, Veridiana da Silva Prado, Ana Rosa de Araújo e Anália Franco são apenas algumas das valorosas guerreiras que ajudaram a construir e a melhorar a sociedade que conhecemos hoje.
Contudo, lendo sobre a nossa história e se aprofundado, mesmo que pouco, na arte brasileira, um nome POUQUÍSSIMO conhecido surgiu: Nicolina Vaz de Assis Pinto Couto. Nascida na cidade de Campinas, Nicolina foi uma das primeiras mulheres brasileiras a se dedicar ao ofício da escultura, arte em que os homens sempre se “destacaram”.
Nascida no dia 18 de dezembro de 1874 na cidade de Campinas, a artista desde muito cedo demonstrou seu talento e possuía uma curiosidade em suas obras: sempre se expressava melhor através de figuras femininas. Como era hábito na época, quando completou 16 anos de vida, em 1890, se casou com o médico Benigno de Assis e, após sua morte precoce, assumiu a casa e sustentou seus filhos com muita coragem e trabalho.
Vale destacar que, desde 1887, Nicolina já havia realizado uma façanha para a época: ganhar uma bolsa do Governo do Estado de São Paulo para se aperfeiçoar na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, atual Museu Nacional de Belas Artes. A partir de então, começou a se dedicar a escultura, começando sua carreira profissional moldando bustos tumulares, feitos em bronze e mármore, por encomenda de familiares.
O Reconhecimento De Seu Talento, o Debate No Congresso e As Obras no Brasil
Entre 1889 e 1935 Nicolina teve suas obras expostas na famosa “Exposição Geral de Belas Artes” onde recebeu duas menções honrosas, em 1901 e 1902. Curiosamente, sua primeira premiação, em 1901, ela não foi receber devido à sua grande timidez, uma das características dessa grande artista.
No ano de 1903, através do governador de São Paulo, Bernardino de Campos, Nicolina ganhou uma bolsa de estudos para se aperfeiçoar em Paris. Contudo, como estávamos no começo do século XX, era de se imaginar a resistência e o preconceito em ver uma mulher conquistar uma bolsa que era um “privilégio” masculino. O Congresso Nacional, então, foi convocado para debater o tema e, como não poderia deixar de ser, Nicolina saiu vitoriosa.
Entre 1904 e 1907 a artista paulista viveu em Paris e estudou com um dos símbolos da contemporaneidade da época: Jean Alexandre Joseph Falguiere. Nicolina ainda teve tempo de expor seus trabalhos na exposição anual da cidade e conhecer seu segundo marido: Rodolfo Pinto do Couto.
Esse casamento, inclusive, foi tema de outra “quebra” que Nicolina impunha à conservadora sociedade brasileira que não acreditava em um segundo casamento para viúvas. No ano de 1929 ela volta ao Brasil e, junto com seu marido, inaugura uma grande exposição no Esplanada Hotel, em São Paulo, com mais de 500 peças de diversos tamanhos e temas.
Entre suas obras de grande destaque, vale lembrar dos bustos em homenagem a vários presidentes da República, ao Barão de Rio Branco, Marechal Deodoro da Fonseca e a Nilo Peçanha. Sua obra referente ao milionário Rockfeller é considerada um de seus grandes trabalhos e chegou a ficar exposta na Universidade de São Paulo por 3 anos.
Em São Paulo ainda podemos ver uma de suas produções: a Fonte Monumental, na Praça Julio de Mesquita, erigida em mármore. No cemitério da Consolação também consta outra de suas intervenções: a obra O Selvagem, em homenagem ao último Governador da Província de São Paulo, Couto de Magalhães. Essa obra, aliás, é considerada a primeira expressão de art-noveau da cidade de SP.
Muito bom, top demais !!!