Dando uma “fuçada” pelos arquivos públicos da nossa história, encontrei um texto curiosíssimo que foi destaque no jornal “Correio de S. Paulo” do dia 16 de junho de 1932. Trata-se de uma grande matéria com o pomposo título de “Inaugurou-se ontem, solenemente, a exposição cafeeira”. Esse evento aconteceu no Parque da Água Branca e, como bem destacou a reportagem, contou com “a presença de todas as nossas autoridades”, além de “discursos irradiados”. Intitulada “Exposição Cafeeira da Água Branca” e promovida pelo Conselho Nacional do Café, a ideia do evento era a de propagar, da melhor maneira, o principal produto do Estado de São Paulo.
O relato ainda demonstra que o local era animado por estações de rádio, que tocavam diversas músicas e passavam informações sobre o que vinha acontecendo. Os pavilhões e outros pontos da exposição estavam completamente tomados. Entre as autoridades presentes, vale o destaque para: Pedro de Toledo, então interventor federal em São Paulo; Marcos de Souza Dantas, presidente do Conselho Nacional do Café e Fernando Costa, presidente do Departamento Técnico do Café. Todas essas autoridades reunidas discursaram e foi dado o início oficial à exposição, que foi aberta ao público interessado e especialistas do setor.
Mas do que era composta essa exposição?
A parte mais interessante do relato, ao meu ver, são as peculiaridades da exposição. Haviam já “stands” informativos, mostrando o que poderia ser aprendido sobre o tema. Vale o destaque para esse trecho da matéria: “Após duzentos anos de cultura da rubiacea, só agora se realisa uma exposição completa que visa e consegue plenamente demonstrar “in vivo” como se produz bom café e como é fácil conseguir tipos bem cotados nas praças consumidoras”.
O evento era uma verdadeira viagem no tempo, falando da história, cultura, transporte, indústria e como era o consumo do café, uma verdadeira viagem no tempo desse produto que era fundamental para a economia de São Paulo. Mas, além de ver como o café adquiriu tamanha importância, os produtores/curiosos/interessados puderam acompanhar diversas novidades sobre o produto, tais como máquinas e melhoria dos solos.
Um dos pontos que mereceu destaque dentro da exposição ficou por conta das pragas do café, quando a “Secção de Entomologia e Parasitologia Agrícolas, da Divisão Vegetal do Instituto Biológico de S. Paulo”, que organizou uma “exposição dentro da exposição” para mostrar aos interessados como agir e combater as pragas do café, além de medidas para evitar a disseminação de pulgões, lagartas, cigarras, mosca de cereja,, entre outros exemplares que estavam à mostra.
Outro espaço interessantísismo ficava por conta de um mostruário com cerca de 2.000 experiências realizadas em todas as zonas do Estado de São Paulo, passando de vários processos empregados no cultivo até vários processos de coleta e secagem, para a obtenção de uma grande variedade de café. Também havia a comparação do grão brasileiro com o grão estrangeiro, buscando produzir um produto que se equiparasse aos melhores do mundo.
O evento foi de tamanho nível profissional que haviam até gráficos e quadros demonstrativos o que, para a época, era de grande avanço para estudo e mensuração de resultados. Por fim, dentro do Pavilhão da Água Branca, ainda havia o Pavilhão Paulista, onde “distintas senhoras” ofereciam chá, chocolate, doces, bolos, sanduíches, etc para os visitantes do local. O objetivo desse “negócio” era o de reverter essas vendas em benefício das alunas da “Escola Domestica e do Dispensario São José”, que atuava resgatando crianças pobres do Cambuci.
Deve ter sido um evento e tanto!
Referência: http://memoria.bn.br/docreader/720216/8