Uma das indústrias farmacêuticas mais importantes da cidade foi fundada em Santo Amaro, no ano de 1938, na Rua Pires da Mota. A ideia dos pioneiros da Laborterápica era a de flutuar entre as novidades da medicina e sua linha de vitaminas, que era largamente consumida em São Paulo.
Cinco anos depois, com a necessidade de expandir os negócios e se adequar ao novo mercado, a empresa decidiu ampliar as instalações e construir um moderno laboratório. Com o nome de “Laborterápica-Bristol” e uma área construída de 55 mil m², a empresa foi capaz de sustentar 13 filiais por anos, oferecendo vitaminas, proteínas, quimioterápicos, hormônios e outra centena de especializados.
Além disso, a empresa se orgulhava de apresentar seu corpo técnico com 55 “elementos de nível universitário”, com químicos, físicos, organolépticos, biólogos, bacteriológicos, etc. A produção efetiva de antibióticos começou em 1949, com a tetraciclina.
Mas o grande nicho encontrado pela empresa foi a insulina. Destaco um trecho de uma edição do jornal Diário da Noite, de 1860 (respeitando a grafia da época).
“Apenas 8 fabricas de Insulina existem no mundo todo. O Brasil, nesse setor, é um dos poucos a produzir tal hormonio. O conjunto industrial da Laborterapica Bristol S/A deu ao nosso pais esse privilégio.
Para aqueles que travaram conhecimento com o dramático quadro da descompensação grave do diabetes, seria desnecessário tecer comentários sobre a herórica e insubstituível ação do hormonio.
Sua produção na Laborterápica-Bristol é feita inteiramente com matéria-prima nacional, obtida de fontes naturais: pancreas de bovinos.
(…)
A obtenção de insulina requer: cuidados tecnicos, equipamentos adequados e pessoal especializadod. Dez mil reses são necessárias para a obtenção de 1.000 quilos de pancreas. De mil quilos de pancreas obtem-se 150 gramas de insulina.
Os cuidados na obtenção de insulina começam nos matadours onde, sob cntrole, são os pancreas bovinos congelados logo após o abate do animal. Dai são transportados para o laboratório, em camaras frigorificas e conservados a temperatura de 15º abaixo de zero.”.
Importante mais uma curiosidade da empresa: além dos investimentos na área científica, a empresa oferecia todo o apoio por trás, como oficinas de mecânica e carpintaria, caldeiras, biblioteca, creche, restaurante, recreação, ambulatório, restaurante, enfim, toda a infraestrutura necessária para uma companhia de grande porte.
Ressalto um trecho que encontrei, uma crônica, sobre o espaço:
“Mantinham-se harmonicamente todos os setores através de sua Associação dos Funcionários da Laborterápica-Bristol, razão social da empresa a partir de 1957, de utilidade pública desde 1962 e instalada em Santo Amaro. Isso tudo promovia a salutar convivência entre todos que ainda forneciam toda a sua alegria nas memoráveis festas que eram promovidas pelo Centro Paulista Comércio e Indústria de Desportos, Cpcid, em entregas de prêmios dos vencedores de determinada temporada.
Muitos funcionários vestiram a camisa Laborterápica literalmente, se tornaram veteranos renomados e famílias santamarenses inteiras passaram nas fileiras com Klein, Sucker, Pinto, Freitas, Bertoluzzi, Castro, Pereira, Araújo, Dias, Afonso, Deseusi, Oliveira, Silva, Citrângulo, Brechet, Gerardini, Rodrigues, e tantos outros inestimáveis colaboradores pelo o resplendor do “labor” em Santo Amaro.”.
A partir da década de 1980 a empresa recebeu nova razão social: a Laborterápica Bristol Química e Farmacêutica Ltda. Com a crise no setor da década de 1990 a empresa investiu no setor de perfumaria, condicionadores, desodorantes e de complementos nutricionais como Sustagen.
A história da empresa se encerra em 2010, quando o terreno foi vendido para uma construtora. A existência dessa empresa marcou centenas de milhares de famílias que, carinhosamente, relembram dos seus entes que trabalharam por lá.
Referências: http://memoria.bn.br/DocReader/093351/59964
Amo reviver o passado.
Maria, sou neta de um dos sócios e queria conversar com voce sobre a historia da Laborterapica.