No dia 11 de agosto de 1986 a Volkswagen anunciou que pararia de fabricar o carro mais amado do Brasil: o Fusca. Segundo um recorte do Estadão da época, as justificativas foram: “a produção ficou cara, o carro envelheceu e está perdendo vendas”.
E a data para a despedida estava marcada: dezembro do mesmo ano. Ao mesmo tempo a General Motors (GM) apostava que o Chevette ocuparia o lugar deixado pelo Fusca. O anúncio do fim da fabricação do Fusca foi tema de discussão por parte da imprensa. E também não era para menos: o veículo era o automóvel mais vendido em toda a história da indústria automobilística nacional e internacional. Ele foi o carro mais vendido do país por 25 anos seguidos.
Mas era claro, especialmente para a Volks, que o veículo não valia mais a pena para o público brasileiro: a gradual queda de vendas, que chegou a representar 57% do total de carros vendidos à época, a defasagem tecnológica (e, curiosamente, algumas matérias traziam esse argumento para o encarecimento do fusca: “a linha de montagem é obsoleta, não permitindo a introdução de equipamentos mais modernos, como robôs, para a sua fabricação, o que encarece a montagem em relação aos veículos mais atuais”, ou seja, a substituição do trabalhador por robôs sempre foi uma constante da indústria).
Apesar do encerramento da fabricação, a empresa garantiu que forneceria peças, pelos próximos 10 anos, ou seja, até 1996, para os mais de 2.500.000 de unidades do veículo que circulavam pelo Brasil.
O anúncio foi tão impactante que o presidente da empresa, Wolfgang Sauer, se reuniu com as então autoridades brasileiras, na figura dos ministros Dilson Funaro e Almir Pazzianotto, para garantir que a medida não era uma pressão sobre o governo e que os 2.200 operários envolvidos na montagem dos carros seriam absorvidos internamente, em outros setores.
Curiosamente, com o fim da fabricação do fusca, o cargo de veículo popular na faixa dos Cz$ 43 mil cruzeiros ficou “vago”. Nesse sentido, a General Motors apostava que o Chevette, que custava 50 mil cruzeiros seria o novo queridinho do público. Claro que ele disputaria a vaga com o Fiat 147, que custava 53 mil cruzeiros, mas a confiança era grande.
Enfim, o fim
No dia 1º de novembro de 1986, em São Bernardo do Campo, foi fabricado o último fusca, na cor azul metálico. Houve uma cerimônia, com o presidente da empresa no Brasil jogando flores em cima do veículo. Era o fim de uma história de 3.3 milhões de veículos fabricados no Brasil.
Nessa época, inclusive, ele já demorava o dobro do tempo de produção do que o Santana, um carro muito mais refinado e moderno do que o “baratinha”. Em 1993 a fabricação do Fusca seria ressuscitada por Itamar Franco, mas ele seria definitivamente encerrado em 1996.
https://www.estadao.com.br/acervo/ha-30-anos–volkswagen-anunciava-o-fim-do-fusca/?current=41
https://www1.folha.uol.com.br/banco-de-dados/2018/02/ha-25-anos-np-anunciou-volta-do-fusca.shtml