A história da Freguesia do Ó, um bairro com mais de 430 anos, começa com a chegada do bandeirante português Manoel Preto que construiu sua fazenda próxima às margens do rio Tietê, no ano de 1580.
No início, a região era adotada apenas como um lugar de descanso para os exploradores, que iam em busca de ouro no Pico do Jaraguá.
Anos depois, a Freguesia encorpou-se como um forte polo da economia agrícola com sua plantação de cana-de-açúcar, destinada, inclusive, para a fabricação da clássica “Caninha do Ó”. Essa característica a acompanhou até o início da urbanização paulistana.
O nome do bairro, como todos sabem, vem de uma santa e, por isso, a religiosidade acompanha os moradores da região desde sua fundação.
O bandeirante dono da fazenda, ao observar que os antigos moradores precisavam se deslocar até a Sé para assistir às missas, construiu a capela Nossa Senhora da Esperança.
A primeira missa no Ó ocorreu no dia 18 de setembro de 1615, embora o historiador Azevedo Marques fale em 1610, como sendo a data de fundação da capela, chamada então de Nossa Senhora da Esperança. A palavra Freguesia, aliás, vem do latim Filli Eclesiae e significa “Filhos da Igreja”. A região, aliás, é a única parte da cidade que manteve a palavra que indica a forma de divisão da igreja.
Contudo, devido aos estragos causados pelo tempo, foi substituída por uma igreja feita de taipas em 1794. Porém, o incêndio dela em 1896, que aconteceu quando um sacristão tentou queimar um enxame de abelhas, obrigou os habitantes a construírem outra, esta maior, em um novo local e batizada com outro nome. Nascia, assim, a Nossa Senhora do Ó, no novo Largo da Matriz, um dos orgulhos do distrito.
Além desse importante ponto, a região da também é conhecida pelas festas que fazem parte do seu calendário: a Festa do Divino em abril, Assentamento da Cruz em maio e da Nossa Senhora Ó em agosto. O Carnaval também é tomado no bairro com a quadra da heptacampeã e destacada escola de samba, Rosas de Ouro.
O Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso também é uma opção de entretenimento e lazer. Oficinas, cinema, espetáculos de teatro, dança e música dão o tom para o espaço que homenageia a ex-primeira dama brasileira.
A Curiosidade Por Trás Do Nome e outros detalhes
Segundo o jornal “Freguesia do Ó News”, da 2ª quinzena de agosto de 1991, o nome do bairro está diretamente ligado à tradição católica do povo brasileiro, cujas povoações sempre se desenvolveram em torno de uma igreja.
O bairro foi fundado sob a invocação de Nossa Senhora da Espectação (ou Esperança) do Bom Parto e São José. O “ó” surgiu em razão dos cânticos religiosos, em cujas antífonas (versículo cantado) se pronunciam a vogal ó ( nas invocações). Com o tempo, passou de N. S. da Espectação do Ó (já abandonado o Bom Parto e São José) para simplesmente Nossa Senhora do Ó.
Vale dizer que, inicialmente, todos os bairros de São Paulo eram chamados de “Freguesia” e, apenas a Freguesia do Ó, manteve essa nomenclatura. Além disso, a região foi o local da instalação do primeiro pedágio da cidade.
O local de cobrança teria sido instalado ali em 1741, na ponte que fazia a ligação da Freguesia de Nossa Senhora do Ó com a Vila de São Paulo. Era um dos importantes caminhos que levavam ao pico do Jaraguá, onde havia ouro (que foi descoberto ali pelos colonizadores antes mesmo de Minas Gerais).
Referências: https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,o-pedagio-da-freguesia-do-o-e-outras-curiosidades,1786356
É, nenhuma relação com com o pregão de vendedores ambulantes: “Ó, freguesia!”… 😉
Para quem quiser saber mais: “História dos Bairros de São Paulo: Nossa Senhora do Ó” – https://drive.google.com/file/d/0B6iD9M7ZapwLbUFzZE05bTNXMTg/view