A vida noturna e suas “boates” são um cenário rico de curiosidades em São Paulo. Um desses locais fica por conta da casa Madame Satã, que fez grande sucesso na década de 80 e abrigou a chamada “geração perdida” da época.
Localizado na Rua Conselheiro Ramalho, na região da Bela Vista, o Madame Satã foi fundado por Miriam Dutra, Márcia Dutra, Wilson José e Williams Jorge. Os quatro, apesar de formações específicas para atores, eram amadores e não fizeram grande sucesso. Eles se tornaram amigos em 1982 e, no dia 21 de outubro de 1983, abrem o Restaurante Cultural Madame Satã.
No ano seguinte, em 1984, José Claudio Mendes entra para a sociedade e insere um novo conceito: a pista de dança e um palco para apresentações, além de um espaço voltado para performances de artistas plásticos, dançarinos e atores.
Rapidamente, artistas de teatro, dança, música e correntes como o new wave, dark, punk rock, correm para o local em busca de um espaço de expressão.
Como era de se esperar, o local foi um grande sucesso. Entre os anos de 1984 e 1986, quase 80 bandas passaram pelo local, como: RPM, Fellini, Inocentes, Ira, Ultraje a Rigor, Capital Inicial, Legião Urbana, Plebe Rude, Engenheiros do Havaí, Biquini Cavadão e Jardim das Delícias.
Vale dizer que, segundo um belo registro feito pela Veja São Paulo, essa última banda era uma das que tinha a apresentação mais “chocante”. A Jardim das Delícias era liderada pela transexual Cláudia Wonder e, além do show de rock, a performance era marcada interpretações distintas, como em um dos shows em que Wonder apresentava-se nua com uma máscara e se banhava em uma banheira de groselha, imitando sangue.
A casa também lançou os DJs Marquinhos MS (1963-1994), Magal (1965), Renato Lopes (1962), Kid Vinil (1955) e Mau Mau (1968). Por lá também passaram vários grupos de teatro e dança, entre os quais Marzipan, Luni, Harpias e Ogros, Ornitorrinco e XPTO.
No ano de 1985 uma grande manifestação cultural se hospedou na Madame Satã: o Conexão Urbana, movimento que abrangia várias linguagens, como: artes plásticas, teatro, música etc.
Vale o destaque histórico que, após a ditadura militar no Brasil, o local se tornou um point. A liberdade de expressão e os elementos de contracultura, além da influência de outros movimentos (hippie, punk e new wave), mexeram com o local.
Em 1986, perde três sócios: Miriam Dutra, Márcia Dutra e Zé Claudio Mendes. As atividades continuam até 1991 sob direção de Williams Jorge e Wilson José, quando, após o falecimento do último, fecha em junho de 1992. No mesmo local surge, no ano seguinte, sob outra direção, a casa noturna Morcegóvia. Retoma-se o nome Madame Satã em 1999. A casa fecha e reabre com o nome Madame em 2013.
História do personagem Madame Satã
A vida nunca foi fácil para Madame Satã. Nascido no interior de Pernambuco, em 25 de fevereiro de 1900, tinha dezessete irmãos e chegou a ser trocado por uma égua na infância. Ainda muito novo, abandonou o interior e mudou-se para Recife, vivendo de pequenos serviços. Sem perspectiva, decidiu tentar a vida no Rio de Janeiro e logo encontrou seu lugar na Lapa.
Desembarcando na Cidade Maravilhosa, Madame Satã logo apaixonou-se pelo carnaval carioca. E foi durante a folia de 1936, no bloco Caçadores de Veados, que José Francisco dos Santos transformou-se em “Madame Satã”, nome que carregou durante toda sua vida.
Pobre, negro, analfabeto e homossexual, nunca levou desaforo para casa e foi preso inúmeras vezes. Chegou a ficar 27 anos presos, acusado de matar um policial na esquina das ruas Lavradio e Mem de Sá.
“O revólver disparou na minha mão. Casualmente. A bala fez o buraco, mas quem matou foi Deus”, dizia Madame Satã, cheio de ironia, ao explicar os anos na cadeia.
Era um exímio capoeirista e sempre defendeu com unhas e dentes as travestis e prostitutas da Lapa. Trabalhou como segurança de casas noturnas na região e protegia suas meninas de agressões e abusos sexuais.
O transformista faleceu em abril de 1976 e é considerado até hoje um ícone da cultura marginal urbana do século XX. Em 2002, Lázaro Ramos deu vida a Madame Satã nas telonas, rendendo diversos prêmios em todo mundo pela história fascinante deste símbolo da resistência no Brasil.
Satã dizia que enquanto fosse vivo, a Lapa não morreria. Mas hoje podemos afirmar que enquanto a Lapa estiver viva, Madame Satã também estará.
Em 2002, o personagem foi tema de um filme estreado por Lázaro Ramos e que fez muito sucesso em cinemas brasileiros.
Referências: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/instituicao2998/madame-sata
A casa da “geração perdida”: a história do Madame Satãhttp://www.back2blackfestival.com.br/site2015/2015/02/24/madame-sata-e-parte-fundamental-da-historia-do-rio-de-janeiro
MORCEGÓVIA, não Morcegévia
Arrumado!
MorcegÓvia SIM! E depois chamou-se THE THE até fechar.
Voltou como MADAME por uma exigência da dona do imóvel para renovar o contrato de aluguel.
Que maravilhosa a proprietária do imóvel. hahah
Para quem gosta de crônicas, um relato da época de uma frequentadora 😉
http://strudeldebanana.com/eu-alexa-e-toda-a-geracao-que-nao-fez-porra-nenhuma/
Que fanfic bizarra. Só faltou falar que recebeu um trote em Inglês de Johnny Marr via Embratel.
O lugar foi frequentado por tds q queriam causar na noite e em suas vidas. Quem queria ser descolado e pra frentex, tinha q passar pela casa, q oferecia 90% de gays travestidos de homens, mulheres e homossexuais, q topavam td, consumiam td e ofereciam td. Um play p/perdição subterrânea q a sociedade hipócrita paulistana não mostrava à luz da lua!
Meu madame satã….. Noites inesquecíveis e grandes amigos. Fiz parte dessa. Geração!
Uma correção: reabriu como Madame em fevereiro de 2012.
Matéria legal e bem resumida … foram noites e noites de vida punk, new age e rock … tribos em guerras intermináveis. Mas gostaria de informar que a geração perdidas era em referencia politica e financeira …e nem em relação a essa geração rock n roll que frequentou o Madame e outras casas de SP, como Espaço Retrô;
O cara matou um policial e virou ícone? Senhor!
O ator Milton Gonçalves interpretou madame Satã em um filme de 1972 que é muito melhor do que o filme de 2002. Excelentes bandas da época se apresentavam, mas teve vida curta, pois a maioria dos frequentadores eram oriundos de uma geração perdida em drogas e álcool.
ele fez a rainha diaba
Fui la uma unica vez e de quebra vi o supla na era mais Punk Rock dele bem como 3 titans Arnaldo Antunes , Branco Melo, e charles Gavin noite louca pode apostar neste dia jantamos na cantina o Piero saimos de la pro Madame Satã ja em itu no Domingo vimos a Noticia que o dono do Piero fora assassinado…. pqp
O mais lamentável é perceber que a cada reportagem sobre o passado dessa casa o nome de Claudia Wonder é sempre esquecido. Claudia com o show Vômito do Mito e suas bandas, Jardim das Delícias e Toque Sujo, arrastou multidões para dentro da casa.
Amei a matéria, mesmo a lendo com tanto atraso.
Tinha uma gordona que mastigava repolho e cuspia 🎸 🤘🏻🦶🤮
Toquei com a viuva velvet 3 vezes no madame.foi um dos picos mais badalados que eu curti na minha vida.batia ponto todo final de semana.saudades dessa época e dessa casa noturna.guido batera. Ex viuva velvet e tiroteio.viva o madame eternamente.
Nos idos de 80 era novo na cidade e o que me sugeriram foi o Biroska. Não me falaram deste inferninho. Recém chegado na cidade, fiquei apenas seis meses solteiro. Logo conheci a mulher de minha vida e o resto é história. Pergunto, cabe no ambiente atual um homem com mais de 50?