A cidade de São Paulo conta com um lindo monumento que lembra de sua fundação. Chamado de Glória Imortal aos Fundadores de São Paulo, essa obra de arte está em frente ao Colégio José de Anchieta, no centro da cidade.
A escultura, que foi uma homenagem feita pelo grande escultor italiano Amadeo Zani, tem 25 metros de altura e foi concebido em 1925. Vale o destaque que Zani foi professor do Liceu de Artes e Ofícios em São Paulo durante quase vinte anos.
Entre suas muitas obras, destacam-se além do obelisco do Páteo do Colégio, a escultura “Verdi”, no Anhangabaú e “Alfredo Maia” na praça Fernando Prestes. É também autor de vários túmulos no Cemitério da Consolação.
O local onde está localizada a obra, maraca o local onde a metrópole nasceu e o monumento retrata cenas da colonização, como a primeira missa, a catequese, a defesa da vila pelo cacique Tibiriçá e a Guerra dos Tamoios.
Há uma mulher no topo do monumento, que representa a cidade, ela segura um ramo de louro, uma foice e uma tocha, que representa a glória, o trabalho e a religião e a cultura.
O Monumento
A homenagem é constituída por um grande pedestal de granito, na cor cinza Mauá, de onde surge uma coluna de granito rosa polido. No alto, está uma figura feminina, feita em bronze, que representa a cidade de São Paulo coroando seus fundadores.
Na mão direita a figura traz uma tocha, símbolo de amor eterno, e, na mão esquerda, um ramo de louros e uma foice, símbolos da glória e do trabalho árduo.
Nas quatro faces do pedestal constam baixo-relevos em bronze que mostram aspectos dos primeiros tempos da vila que viria a ser São Paulo: a catequese, com o trabalho do Padre Anchieta; a primeira missa, celebrada pelo Padre Manoel de Paiva em 25 de janeiro de 1554, dia da Conversão de São Paulo; a defesa da vila pelo cacique Tibiriçá; a embaixada de paz por Anchieta e Manoel da Nóbrega junto aos índios Tamoios.
Na base da coluna, figuras de bronze em alto-relevo representam os indígenas em trabalho braçal, erguendo as primeiras casas da vila e a igreja, sob as ordens do Padre Afonso Braz.
Alguns carregam, às costas, cestos com terra e potes de água, enquanto outros amassam a terra para formar a taipa.
Pouco abaixo do alto-relevo, medalhões, também em bronze, estampam os perfis de autoridades da época: Martim Afonso de Souza, fundador da Vila de São Vicente; Mem de Sá, Governador Geral do Brasil de 1558 a 1572; Dom João III, Rei de Portugal entre 1521 e 1557; e o Papa Júlio III (1550 – 1555). Entre os medalhões, vinhas e folhas de bronze, em relevo, completam a ornamentação.
O jornal O Estado de S. Paulo publicou, em 1909, o edital do concurso para a seleção do melhor projeto de um “Monumento Comemorativo da Fundação de São Paulo”, que perpetuasse a memória da fundação e homenageasse Anchieta, Nóbrega e Tibiriçá.
A comissão encarregada dos trabalhos era formada por figuras eminentes da sociedade paulistana, como: Antônio Prado, M. A. Duarte de Azevedo, Júlio de Mesquita, Ramos de Azevedo, Adolpho Augusto Pinto, Cezar Lacerda Vergueiro e Eduardo Vergueiro de Lorena.
Ao vencedor do concurso, o edital previa o pagamento de um prêmio de trinta contos de réis e sete escultores inscreveram seus projetos: Correa Lima, Eduardo de Sá, E. Bertozzi, Nicolina Vaz de Assis, Amadeo Zani e a dupla Lorenzo Petrucci – Benedito Calixto.
Em abril de 1911, o Prefeito Raimundo Duprat autorizou a entrega de um auxílio de oitenta contos de réis, em três prestações, pagas nos anos de 1911 e 1913, à comissão encarregada da escolha do melhor projeto e da execução do monumento.
O projeto vencedor foi o do escultor de origem italiana Amadeo Zani (Canda, 1869 – Niterói, RJ, 1944), que foi a Roma executá-lo, lá permanecendo entre 1911 e 1913.
As peças em bronze foram fundidas pela empresa Orestes Bongirolami, em Roma, e, em seguida remetidas ao Brasil.
A revista A Cigarra, em sua edição de 21 de abril de 1915, publicava uma nota sobre o monumento, na qual o redator afirmava ter visto as peças, “através de enormes engradados, nos armazéns do Sr. C. P. Vianna, no Braz”. Nesse armazém, as partes em bronze permaneceram durante muitos anos, para tristeza de Zani.
Por decisão da Câmara Municipal, providenciou-se a implantação do monumento no centro do então largo do Palácio, em 1922, pondo fim a uma situação que se arrastava havia anos. A cerimônia de inauguração ocorreu no dia 11 de junho de 1925.
Sob a justificativa de protegê-lo da ação de vândalos, o monumento foi cercado por grades em 1988, situação ironicamente criticada pelo próprio escultor já no seu projeto de 1909.
Zani previa a construção de “um amplo terraço que, contrariamente ao inveterado hábito de interdir o monumento da aproximação do público por meio de grades será accessível…”
A remoção das grades, em 2002, deu início a um processo de recuperação daquele bem. O restauro ocorrido em 2004, associado a outras ações de revitalização do Páteo do Colégio e às comemorações pelos 450 anos da cidade, reintegrou o monumento à cidade.