Você já parou para pensar qual o registro pré-fotografia mais antigo da cidade de São Paulo? Por muito tempo tive essa dúvida, até encontrar o livro Iconografia Paulistana do século XIX, de Pedro Corrêa do Lago.
Não é uma obra barata, consegui em um saldão da Livraria Martins Fontes por mais de R$100,00, mas ela explica esse mistério. A título de contexto, vamos entender o que era São Paulo (e o Brasil) nessa época.
A confecção e preparação de gravuras brasileiras no século XIX estava concentrada em cidades costeiras, como Recife, Rio de Janeiro e Salvador. Os estrangeiros, como o mineralogista John Mawe, que quisessem explorar o interior do país precisam de autorização do governo. Esse processo dificultava muito a vinda de artistas para São Paulo.
Na pesquisa de Corrêa do Lago, há a informação de Gilberto Ferrez, um estudioso, fez um levantamento entre as imagens e gravuras feitas das cidades brasileiras entre 1530 e 1890 . Ele descobriu mais de 8.000 mil imagens feitas antes da fotografia das cidades citadas. São Paulo só tem 80 desses registros.
Vamos à história da gravura mais antiga de São Paulo. Ela foi publicada pela primeira vez na obra “Viagens no Interior do Brasil” de John Mawe. O livro foi comercializado na Inglaterra em 1812. Ela é chamada de “Uma visita da lavagem de ouro em Jaraguá”. Contamos essa história aqui. Vale dizer que Mawe teve ajuda de Barrenger, um desenhista, que “melhorou” o que Corrêa Lago chamou de rascunho do mineralogista.
Essa mesma figura foi publicada na versão italiana da obra. Ela trazia, além do desenho do Jaraguá, uma segunda imagem, esta da vestimenta dos paulistas. Chamada “Traje dos Paulistas” ela é atribuída a Dall’Acqua e Lazarretti, dois artistas da época. Importante dizer que ela é atribuída de maneira errada a John Mawe. Não há registro de que ele tenha desenhado essa arte.
Por fim, fica o relato do inglês sobre uma de suas visitas ao Jaraguá (ele fez duas ao todo): “O governador convidou-me a visitar as minas de ouro de Jaraguá, as primeiras descobertas no Brasil, que agora lhe pertencem bem como uma fazenda vizinha distante cerca de 24 milhas da cidade (…) chegamos às antigas minas de Jaraguá, afamadas pelos imensos tesouros, há aproximadamente dois séculos, quando este distrito era considerado o Peru do Brasil e, pelos Portos de Santos e São Vicente, se embarcava o ouro para a Europa.”.
Muito interessante, fatos que não se acha em livros de história