Já tive a oportunidade de, nesse espaço, desenvolver um pequeno texto de homenagem a um dos maiores poetas da história do estado de São Paulo. Guilherme de Almeida, além de criar o poema “Nossa Bandeira”, também foi o responsável por criar o nosso hino.
Conhecido como “Hino dos Bandeirantes”, o poema foi adotado pelo Estado de São Paulo através da Lei Estadual nº 9.854, de 2 de outubro de 1967, na época do Governador Abreu Sodré e ratificado pela Lei Nº 337, de 10 de julho de 1974, já sob o Governo de Laudo Natel.
O poema, recheado de mensagens de orgulho, é uma linda homenagem à São Paulo. O texto cita passagens e personagens importantes para a história de São Paulo com a genialidade que somente alguns conseguem ter. Apesar disso, o nosso hino tem um problema bastante grave: não existe uma música oficial. Foi feito um concurso há alguns anos, mas os resultados não foram conclusivos.
A grande dificuldade, acredito, seja por conta de sua complexa letra. Não existem refrões, rimas e estribilho, o que dificulta de sobremaneira a criação de uma música compatível com a importância do poema. Algumas versões podem ser encontradas pela internet, mas de maneira oficial, não há uma melodia para o nosso hino.
De qualquer forma, fiquem com essa maravilhosa poesia de Guilherme de Almeida!
Hino Dos Bandeirantes
“Paulista, pára um só instante
dos teus quatro séculos ante
a tua terra sem fronteiras,
o teu São Paulo das “bandeiras”!
Deixa atrás o presente:
olha o passado à frente!
Vem com Martim Afonso a São Vicente!
Galga a Serra do Mar! Além, lá no alto,
Bartira sonha sossegadamente
na sua rede virgem do Planalto.
Espreita-a entre a folhagem de esmeralda;
beija-lhe a Cruz de Estrelas da grinalda!
Agora, escuta! Aí vem, moendo o cascalho,
botas-de-nove-léguas, João Ramalho.
Serra-acima, dos baixos da restinga,
vem subindo a roupeta
de Nóbrega e de Anchieta.
Contempla os Campos de Piratininga!
Este é o Colégio. Adiante está o sertão.
Vai! Segue a “entrada”! Enfrenta!
Avança! Investe!
Norte – Sul – Este – Oeste,
em “bandeira” ou “monção”,
doma os índios bravios.
Rompe a selva, abre minas, vara rios;
no leito da jazida
acorda a pedraria adormecida;
retorce os braços rijos
e tira o ouro dos seus esconderijos!
Bateia, escorre a ganga,
Lavra, planta, povoa.
Depois volta à garoa!
E adivinha através dessa cortina,
Na tardinha enfeitada de miçanga,
A sagrada Colina
Ao Grito do Ipiranga!
Entreabre agora os véus!
Do Cafezal, Senhor dos Horizontes,
Verás fluir por plainos, vales, montes,
usinas, gares, silos, cais, arranha-céus!”