É até um pecado a demora que tive para resgatar essa história. Símbolo industrial de São Paulo, da Zona Leste e, mais especificamente da Mooca, a Companhia União de Refinadores de Açúcar tem uma belíssima trajetória, tanto pelo lado familiar, quanto pela cooperação entre profissionais da mesma área.
A história da empresa começa na Itália, com Domenico Puglisi Carbone, um respeitado produtor de vinhos que morava na cidade de Riposto. Após muitos anos à frente do negócio, ele decidiu que precisava de novas oportunidades e viu no Brasil uma chance de vida nova para o empreendimento e para seus filhos, Nicola e Giuseppe.
Os dois chegaram ao Brasil em 1886 com a missão de entender o comércio de vinhos no país. Dois anos depois, em 1888, a Companhia Puglisi foi criada em São Paulo após bastante estudo e entendimento dos hábitos no país. A batalha não seria fácil, já que os consumidores gostavam muito dos vinhos portugueses e franceses, mas com a chegada dos imigrantes italianos, o negócio se desenvolveu bem.
Com a estabilidade no negócio vínico, os irmãos Carbone decidiram empreender e buscar outras maneiras de aumentar o capital. O segmento escolhido foi o açúcar. Ao dar os primeiros passos nesse novo segmento, os dois perceberam que a concorrência era feroz, mas não entre grandes empresas e sim entre pequenos produtores, refinarias e comerciantes.
O mercado, como diriam, era selvagem. Preços discrepantes, qualidades das mais variadas e as pessoas “se matando” por um lugar ao sol. Os Carbone, por sua vez, decidiram tentar um novo modelo: reunir os pequenos integrantes do setor para criar uma empresa única, capaz de padronizar preços, qualidade e oferecer lucro a esses trabalhadores.
Era a ideia que daria origem à Companhia União dos Refinadores – Cia. União, fundada em 4 de outubro de 1910. A empresa começou suas atividades com pouco mais de 150 operários e sob a gerência de Nicola Carbone. A associação entre trabalhadores foi um acerto enorme e a empresa progrediu de maneira impressionante nos anos seguintes.
Com o advento e crescimento do consumo de café, o nome da companhia foi alterado para: Companhia União dos Refinadores – Açúcar e Café. E as novidades não pararam por aí. Na década de 50, já com o açúcar e o café consolidados, a empresa foi pioneira em colocar receitas atrás de suas embalagens, se comunicando diretamente com o consumidor final e gerando “conteúdo” para essas pessoas.
Nos anos seguintes, a empresa criou a Cozinha Experimental União, que funcionou entre 1962 e 2011, para testar as receitas enviadas para as pessoas. Estima-se que entre esses anos, 50 mil alunos passaram por lá e participaram de cursos na confeitaria do espaço, a Doce Lar União.
Em 1973, quando já detinha 95% do mercado, o controle da União foi transferido para a Copersucar, e a empresa passou a atuar também no mercado de álcool, com as marcas Coperalcool e Unialcool.
Em2000, a companhia vendeu para a Sara Lee seu negócio de cafés, que incluía as marcas Caboclo e Pilão. Desde 2009 a marca pertence à Cosan. Em 2012, a União foi adquirida pela Camil. Na última década, a empresa lançou diversas linhas de açúcares naturais, nas versões diet, orgânica, mascavo e voltados para confeitarias, entre outros. É importante lembrar que a empresa deixou marcas em São Paulo. Infelizmente, menos do que gostaríamos.
Tudo que sobrou do complexo produtor de açúcar foi a chaminé que fica na R. Borges de Figueiredo, nº 237 e 273, esquina com R. João Antonio de Oliveira, nº 462, 504 e 546 e R. Guaratinguetá. Esse endereço é o oficial, segundo o Instituto de Patrimônio Histórico.
Referências:
https://uniao.com.br/nossa-historia