Mantendo a tradição de recordar a história dos bairros de São Paulo, a SP In Foco foi buscar as origens do bairro de Perus, na zona oeste da cidade. Situado próximo à região do Vale do Rio Juquery e da Serra da Cantareira, o local é um núcleo isolado da cidade por um cinturão verde que, a cada dia, fica mais fino.

Para entender a real nomenclatura do bairro é preciso compreender que, durante grande parte da nossa história, como nação, a exploração dos recursos naturais foi uma das atividades mais exercidas pelos nossos “descobridores”. A busca pelo ouro, em especial, foi fundamental para a constituição do país que conhecemos hoje.

Esse acontecimento, a busca pelo metal mais precioso, é uma das muitas curiosidades da nossa São Paulo. Para quem não sabe: o Pico do Jaraguá foi o primeiro lugar do Brasil onde se encontrou ouro. Durante a primeira metade do século XVII, inclusive, grandes quantidades de ouro foram produzidas por ali e direcionadas, claro, a Europa.

Datada de 1812, esta gravura feita pelo mineralogista inglês John Mawe (1764-1829) – intitulada ‘Uma Visita da Lavagem de Ouro no Jaraguá Perto de São Paulo’ – originalmente integrou o livro ‘Viagens ao Interior do Brasil’, publicado por Mawe em Londres. Atualmente, faz parte do acervo da exposição Brasiliana, do Itaú Cultural
Datada de 1812, esta gravura feita pelo mineralogista inglês John Mawe (1764-1829) – intitulada ‘Uma Visita da Lavagem de Ouro no Jaraguá Perto de São Paulo’ – originalmente integrou o livro ‘Viagens ao Interior do Brasil’, publicado por Mawe em Londres. Atualmente, faz parte do acervo da exposição Brasiliana, do Itaú Cultural

As descobertas das minas de ouro acabaram agregando à região o nome de Peru, em alusão ao país da América do Sul rico no minério. “Peru do Brasil” ou “Segundo Peru” eram denominações comuns e muito utilizadas no período para a região que, antes, era chamada de Ajuá (um arbusto espinhento que nascia por ali). Durante vários anos, o “Peru do Brasil” foi uma região importante, geograficamente falando, sendo um ponto de abastecimento fundamental para exploradores e tropas militares. Era Perus a responsável por fazer a ligação entre a Parada de Taipas e o Jaraguá, sendo um ponto de fiscalização importante adotado por parte da força pública do Império.

Em 1867, junto com o restante da famosa São Paulo Railway, foi inaugurada uma estação ferroviária no local, a estação Perus, dando início a um processo interessante de urbanização a região. Os grandes marcos dessa época ficam por conta do surgimento da Companhia Melhoramentos de São Paulo (1890), o Hospital Psiquiátrico do Juquery (1898), a Estrada de Ferro Perus-Pirapora(1910) e a Companhia Brasileira de Cimento Portland (1926).

Nesse ponto, vale uma pequena curiosidade, sobre uma Fábrica de Pólvora, que foi erguida a poucos metros da Estação de Perus. Era esse empreendimento o responsável por fornecer insumos ao Porto de Santos, para sua defesa.

O funcionamento da Companhia de Brasileira de Cimento Portland, inclusive, é um marco para a região, sendo ela a grande responsável pelo desenvolvimento de Perus. Graças a ela, o estado e o país, passaram a conhecer o local e a comprar seus produtos.

Registro de Perus em uma imagem sem data
Registro de Perus em uma imagem sem data

Estima-se que entre um terço e um quinto das demandas paulista e do Brasil eram supridas pela empresa. Em Perus foi produzido o cimento utilizado na construção da maioria de seus edifícios, nos túneis e viadutos da Avenida 9 de julho, na Biblioteca Mario de Andrade, nas obras da Light em Santos, no trecho inicial da Via Anhanguera, entre outros.

No dia 21 de setembro de 1934, Perus foi elevado a distrito, em solenidade reconhecida pela Câmara Municipal de São Paulo. Nos anos 70, após um grande período de glórias, o crescimento de Perus ficaria restrito à região de Vila Nova Perus. Do ponto de vista urbanístico, o principal destaque vai para a Rodovia dos Bandeirantes, inaugurada em 1973, cuja construção implicou na desapropriação de cerca de metade da Vila Inácio e de um terço do Jardim do Russo.

Com o fim das grandes indústrias, por volta de 1980, Perus adquiriu a característica de ser um bairro-dormitório, oferecendo muitos serviços aos seus moradores. Outro acontecimento relevante fica por conta da melhoria dos trens e do transporte público, que aproximou Perus do resto da cidade. A chegada de grandes rodovias e do Rodoanel também são fundamentais para o desenvolvimento urbano do espaço.

A Outra História

Existe uma pequena variação na história da origem de Perus. Alguns moradores dizem que o nome vem da expressão indígena “pi-ru”, que significa pôr-se apertado, uma referência à região montanhosa do local. Também aceita pela população é a história de Nhá Maria, que morava na área e criava perus. Como aconteceu em outros bairros já descritos, as pessoas, quando queriam referir-se ao local, diziam: “Vamos perto da casa da Maria dos perus”.

http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/bibliotecas_bairro/bibliotecas_m_z/padrejosedeanchieta/index.php?p=5572

http://www.spbairros.com.br/perus/

http://sao-paulo.estadao.com.br/blogs/edison-veiga/o-ouro-do-jaragua/

5 Comments

  1. É um absurdo que os veículos de comunicação no exemoExmo especificamente a RECORD informar em uma matéria que Perus fica zona norte!

    Constatado nesta matéria que faz parte da região Oeste, como sempre foi do meu conhecimento.

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