A história de um dos bairros mais tradicionais e queridos de São Paulo é triste, lamentável, mas que precisa ser lembrada por vários motivos: para que não aconteça de novo e para que a história não seja apagada. Vamos, portanto, à história do bairro da Liberdade, no centro de São Paulo.
Assim como vários bairros atuais de São Paulo, a Liberdade surgiu através de um loteamento de chácaras no século XIX. Entretanto, antes de ter esse belo nome o local ficou marcado com outro nome: Campo da Forca. Onde hoje está a Igreja de Santa Cruz dos Enforcados havia uma capela com o mesmo nome e o famoso cemitério dos Aflitos, que ficava entre as ruas Galvão Bueno, Glória e Estudantes e era o primeiro cemitério público da cidade.
Hoje esse cemitério não existe mais, mas até pouco tempo, durante obras e reformas, era possível encontrar esqueletos e ossadas por ali.
Além da capela e do cemitério havia por ali o Pelourinho, onde eram torturados e mortos escravos e índios. Esse terrível local ficou por ali até 1870, quando a pena de morte por enforcamento foi extinta. No fim do texto deixaremos uma bela lenda urbana que “explicaria” o nome do bairro da Liberdade. Vale dizer que, já no século XVII havia uma grande cultura de chá na região, o que dava um perfil rural para o bairro.
Com o passar do tempo e a pressão do poder público para que os donos de grandes espaços de terra utilizassem melhor seus terrenos, o local começou a ser loteado e ruas foram sendo criadas, como a Avenida Liberdade, Rua Vergueiro, etc. No século XIX, após uma ligeira mudança em seu perfil, o bairro passa a ser conectado a outras regiões graças aos bondes, que chegavam até o município de Santo Amaro, inclusive.
A imigração oriental começaria a se consolidar no local apenas a partir de 1908. quando o famoso navio Kasato-Maru, que trouxe os primeiros imigrantes japoneses ao Brasil, chegou ao Porto de Santos. Já na década de 20, os japoneses começaram a abrir seus negócios na rua Conde de Sarzedas, o que atraiu e fixou os imigrantes na região, tendo em vista que era um espaço onde a cultura oriental era preservada.
Entre as décadas de 1950 e 1970, a tradição oriental se consagrada definitivamente na Liberdade. A imigração era uma realidade para a cidade e, outros povos, como coreanos e chineses, também passaram a morar por lá. As típicas lanternas de suzuranto passaram a fazer parte da paisagem e, o “Bairro Oriental”, que reúne ruas e praças decoradas, simulando uma cidade japonesa, surge oficialmente em 1974.
No ano seguinte, são inauguradas as estações Liberdade e São Joaquim do Metrô.
A história de Chaguinhas
No século XIX aconteceu um evento que merece grande destaque: o enforcamento de dois soldados que haviam reclamado do soldo pago pela coroa portuguesa por seus serviços. Essa história aconteceu em 1821 e envolveu dois personagens: Chaguinhas (Francisco José das Chagas) e Joaquim José Cotindiba.
Enquanto o segundo teve uma morte rápida por enforcamento no Vale um pequeno registro: a execução de Chaguinhas foi mais terrível do que o comum. A corda que deveria enforcá-lo se rompeu três vezes, fazendo com que as pessoas presentes gritassem por sua liberdade, fato que não ocorreu. Alguns historiadores dão conta de que Chaguinhas foi morto espancado, enquanto outros afirmam que o carrasco utilizou uma tira de couro para terminar seu “trabalho”.
Esse evento marcou a cidade de tal modo que o povo, para consagrar-lhe martírio, erigiu uma capela com o nome de Santa Cruz dos Enforcados. Em lembrança a Chaguinhas, manteve-se a prática de acender velas pelas almas do purgatório. E foi assim que o Largo da Forca passou a ser Largo da Liberdade, o que explicaria o nome do bairro.
Referências: https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,historia-da-liberdade-vai-dos-enforcados-aos-imigrantes,1778989
http://almanaque.folha.uol.com.br/bairros_liberdade.htm
http://www.saopaulominhacidade.com.br/conteudo/59/Liberdade
https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,chaguinhas–o-santo-da-liberdade,1782539
A entidade na rua São Joaquim se chama SOCIEDADE BRASILEIRA DE CULTURA JAPONESA E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Atualizado! Muito obrigado!