Quem precisa de computadores nos dias de hoje procura, claro, sites especializados, lojas do gênero e comércios do gênero. Mas a maioria desses consumidores nem imaginam que o Brasil, na década de 70, investiu um bom dinheiro e tempo na produção de uma tecnologia nacional. No ano de 1971, dois estudantes, com 18 e 24 anos, respectivamente, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
A história desse computador começa quando a Marinha Brasileira entendeu que tinha uma necessidade: equipar suas fragatas com computadores nacionais, buscando avanço tecnológico e, para tanto, foi preciso abrir uma concorrência. Com a concorrência aberta, a Universidade de Campinas (Unicamp) montou uma boa equipe para desenvolver o projeto e chamou seu plano de Cisne Branco.
A turma da Universidade de São Paulo (USP) reagiu e nomeou seu projeto de Patinho Feio e, contra todas as possibilidades, venceu o contrato. Vale dizer que esse projeto foi acadêmico, por assim dizer, envolvendo alunos, professores, estudantes que estavam em fases como mestrado e doutorado, enfim, uma equipe muito qualificada para o desenvolvimento dessa tecnologia. Apenas a título de curiosidade, há uma segunda história para o nome de “Patinho Feio”. Esse nome teria surgido em alusão ao Navio Veleiro Cisne Branco – uma embarcação, da Marinha do Brasil, que exerce funções diplomáticas e de relações-públicas.
Com essa conquista, veio o problema: como fazer o projeto? Um dos desenvolvedores do projeto, João José Neto, em um documentário, chegou a falar que: “Era um computador novo, feito a partir do zero, e obviamente não havia nenhum software disponível para ele. Então tudo o que se fazia para rodar tinha que ser feito na unha, na marra”. A título de curiosidade, para carregar os programas no hardware eles utilizavam fitas de papel perfurado, que eram lidas por máquinas de Telex.
O avanço dos pedidos e a chegada de novas demandas, tornou necessária a adaptação do projeto. Os técnicos precisavam aprender a fazer placas de circuito impresso, expor os circuitos integrados numa determinada organização, fazer peças mecânicas que acomodassem esses circuitos, enfim cuidar de todo o processo que envolvia a criação de um computador. O computador possuía cerca de 450 circuitos integrados, distribuídos em 45 placas de circuito impresso. Sua memória podia armazenar o equivalente a 4 Kbytes de memória e foi colocado em funcionamento no dia 24 de julho de 1972.
O “Patinho Feio” foi um marco fundamental para o país. Além de abrir todo um novo mercado de desenvolvimento, também foi importantíssimo para o desenvolvimento de recursos humanos, especialmente o treinamento de profissionais capazes de ensinar as gerações futuras. Esse computador também é considerado o primeiro a ser documentado e com estrutura de computação clássica desenvolvido no país.