A Vila Economizadora e a memória operária de SP

Há muitos anos, diria que quase um século atrás, São Paulo estava cheia de Vilas Operárias, como a Vila dos Ingleses e a Maria Zélia. Segundo o livro “São Paulo – 1975 – crescimento e pobreza”, era “barato” para as empresas construir moradias e serviços básicos para determinados funcionários (não todos) próximas de suas unidades fabris. 

Contudo, com o passar do tempo, a chegada de imigrantes e a especulação imobiliária, tudo mudou. Terrenos começaram a se valorizar; não valia mais a pena construir moradia para ninguém, já que a oferta de mão de obra era imensa e os problemas habitacionais começaram.

A Vila Economizadora surge no contexto do copo “meio cheio”, ou seja, de empresários que viram a possibilidade de lucrar com a falta de moradia popular e “acessível” na cidade. A vila foi construída pela Sociedade Mútua Paulista entre os anos de 1908 e 1915, com projeto do italiano Giuseppe Sacchetti. O empreiteiro responsável pela obra foi outro italiano: Antonio Bocchini.

A ideia inicial era de que a vila, que fica entre as Ruas São Caetano, Dr. Luiz Piza, Prof. Leôncio Gurgel, Dr. Cláudio de Souza, Economizadora, Euricles Félix de Matos e Av. do Estado, tivesse 127 residências e mais 20 unidades comerciais. 

As obras da vila foram concluídas em 1915, mas em 1914 a Economizadora já aparecia nos mapas da cidade. Vale a curiosidade que as ruas do empreendimento receberam os nomes dos sócios da empresa construtora:  Rua Dr. Luiz Piza, Rua Dr. Gabriel Dias da Silva, Rua Dr. Leôncio Gurgel e Rua Dr. Cláudio de Souza.

A constituição da vila resultou em seis quadras com oito tipos diferentes de casas. Existiam casas simples, constituídas de três compartimentos e latrina externa e casas com mais cômodos, com banheiros internos e até 160 m². Erguidas em estilo eclético, as construções seguem alguns padrões: coberturas de telha de barro do tipo francesas, fachadas com elementos decorativos em argamassa, paredes pintas de camurça, além de janelas e portas de marrom-avermelhadas. 

A Economizadora foi erguida para ser uma vila voltada à classe média, mas em 1935, quando foi comprada por João Ugliengo, ela se tornou um espaço operário, voltado aos funcionários do Moinho Santista. Nos anos 70, 12 caras foram desapropriadas e demolidas para dar lugar a um alargamento da Avenida do Estado que nunca foi terminado. No local, há uma praça. 

As construções demandam restauro e preservação, em 2013 foi lançada uma cartilha específica de orientação aos moradores para reforma, restauro e conservação da Vila Economizadora.

Ficha da Vila Economizadora

Nome do Proprietário/Comitente: Sociedade Mútua Economizadora Paulista

Ano do Projeto: Não identificado

Período de Construção: 1908-1915

Endereço: Ruas São Caetano, Dr. Luiz Piza, Prof. Leôncio Gurgel, Dr. Cláudio de Souza, Economizadora, Euricles Félix de Matos e Av. do Estado – São Paulo – SP

Autor do Projeto: Giuseppe Sacchetti

Responsável pela obra: Antônio Bocchini

Referências:

https://arquitalianasaopaulo.iau.usp.br/obras/vila-economizadora/