O processo de industrialização de São Paulo proporcionou um fenômeno interessante no que tange a urbanização da cidade: o surgimento das vilas operárias.
E várias delas foram muito famosas como: a Vila Economizadora (no Centro), Vila dos Ingleses (também no Centro), Vila João Migliari e a Vila Maria Zélia. As duas últimas na Zona Leste de SP. A história de hoje é a da Maria Zélia e a iniciativa de Jorge Street.
Essa bonita vila operária foi construída em 1912 e inaugurada em 1917. O mecenas por trás dela era Jorge Street, médico e empresário.
Sua ideia era a de oferecer abrigo aos 2.500 funcionários que trabalhavam na filial do Belenzinho da famosa tecelagem Companhia Nacional de Tecidos da Juta.
É possível, claro, discutir esse conceito de vila operária, afinal, ao mesmo tempo em que melhorava a condição de vida do seu funcionário, tirando-o de cortiços (o que melhorava as condições de saúde das pessoas), o empresário também tinha total controle de sua rotina e hábito. Mas isso é tema para outra discussão.
Voltando à vila operária, ela foi projetada por um arquiteto francês, Paul Pedraurrieux, que trouxe um toque europeu para seu projeto. A vila, além de residências, era composta por escolas, prédios comerciais, salão para bailes, campos de futebol e a Capela São José.
O nome da vila foi dado em homenagem à Maria Zélia Street, filha de Jorge. Nascida em março de 1899, ela faleceu em 1915, aos 16 anos devido à tuberculose Seu pai, então resolveu homenageá-la usando seu nome para o espaço em que morariam os trabalhadores.
Em uma entrevista para a CBN, em 2017, um dos moradores mais antigos, o Seu Dedé, conta o seguinte sobre a vila:
“Jorge Street foi o idealizador da Vila Maria Zélia. A primeira grande indústria de São Paulo foi a Companhia Nacional de Tecidos e Juta, que era do Jorge Street. Ele chegou a ter três mil funcionários. Ele ficou até meados de 1924 e, durante a revolução, como não tinha dinheiro para pagar os operários, ele vendeu pro Scarpa, o avô do Chiquinho. E a primeira bobagem que o avô dele fez foi trocar o nome da Vila de Maria Zélia para Vila Scarpa. Todos os operários fizeram greve.”
Ela voltaria ao nome Maria Zélia pouco depois, em 1929, quando foi vendida à rica família Guinle. Entretanto, essa família a perderia para o governo logo na sequência.
A fábrica de Jorge Street foi fechada em 1931 e foi reaberta em 1939, já sob a bandeira da Goodyear, atual Titan Pneus. Os moradores, por sua vez, ficaram anos no local sem pagar, enquanto os imóveis residenciais tinham seus destinos resolvidos na justiça.
A partir doa no de 1939 os moradores se tonaram inquilinos. Essa situação duraria até 1968, quando foram autorizados a comprar os imóveis em que moravam através do sistema BNH. O local, atualmente, está em processo de degradação, tendo poucas casas com suas características originais.
Referências: https://paineira.usp.br/aun/index.php/2018/08/29/vilas-operarias-eram-meios-de-controle-social/
Excelente reportagem sobre VILA MARIA ZELIA tenhoparentesquemoravam la.Eu mesmo passei férias la na,decada de 50 obrigado por me trazerem essas boas recordações. Cl
Apenas para acrescentar à matéria:
“Desde 2004 o grupo XIX de teatro realiza sua residência artística na Vila Maria Zélia na Zona Leste de São Paulo. A estada do grupo nestes prédios públicos tem não só chamado a atenção para a necessidade do restauro e preservação destes espaços, como também apontado a vocação cultural dos mesmos. As longas temporadas das peças do grupo XIX colocaram a Vila Maria Zélia no mapa Cultural Brasileiro. Prova maior disso é que hoje outros coletivos, inclusive de outras cidades, também cumprem suas temporadas no local.”
Fontes:
https://pt-br.facebook.com/grupoXIXdeteatro/
https://enciclopedia.itaucultural.org.br/grupo458682/grupo-xix-de-teatro
https://spcultura.prefeitura.sp.gov.br/agente/14147/
A primeira postura dos empresários em relação à mão de obra,porém havia o controle dos funcionários perante os movimentos sindicais .