Não é novidade para ninguém que, durante os séculos XIX e XX, diversos imigrantes, oriundos de mais de 70 nacionalidades, desembarcaram no Brasil em busca de novas oportunidades de emprego, principalmente, nas fazendas de café e nas indústrias da cidade de São Paulo.
Esse feito histórico, aliás, era oriundo da Lei Eusébio de Queiroz, proclamada em 1850, que impedia o tráfico negreiro no Brasil. Com isso, os empresários brasileiros precisavam de um novo tipo de mão de obra para supri a necessidade do dia a dia. Dessa necessidade, surgiu a ideia de empregar imigrantes interessados no trabalho braçal brasileiro.
Comisso, em 1882, foi criada a primeira Hospedaria dos Imigrantes, no Bom Retiro. O local, pequeno e de difícil controle sanitário, acabou logo abandonado. Decidiu-se, então, pela construção de instalações de atendessem às necessidades de recepção do grande número de trabalhadores que chegariam a São Paulo.
Com isso, foi inaugurada, em 1887, na Mooca, a famosa Hospedaria dos Imigrantes, principal abrigo e ponto de referência aos trabalhadores recém-chegados. Estima-se que o prédio da Hospedaria, atual Museu da Imigração, foi palco de sonhos, expectativas, angústias e conquistas de mais de 2,5 milhões de pessoas entre os anos de 1887 e 1978.
Durante os 91 anos de sua existência, a Hospedaria sempre trabalhou para acolher e encaminhar os imigrantes aos novos empregos. Para tanto, os funcionários dessa instituição contavam com a aguda da Agência Oficial de Colonização e Trabalho.
Além de toda a estrutura para alojamentos, foi constituída uma central de serviços médicos com farmácia, laboratório de análises, serviços de correio e telégrafo, posto policial, lavanderia, cozinha, refeitório e um setor para assistência odontológica.
Alguns procedimentos eram obrigatórios a todos os imigrantes que chegavam ao país. Assim que pisava na hospedaria, cada trabalhador tinha que realizar um procedimento para a desinfecção, troca de roupas e inspeção pelo serviço médico que, de maneira minuciosa, avaliava as condições físicas de cada um.
Toda essa preocupação médica diz respeito ao medo das grandes epidemias que o mundo vivia na ocasião. Doenças como tifo, varíola, cólera e tuberculose não tinham cura e acabavam ceifando milhares de vidas, caso não fossem controladas, pesquisadas e evitadas.
No escritório oficial de informação e colocação, eram apresentadas as oportunidades abertas de trabalho e, o tempo considerado ideal de permanência na hospedaria, era de dois dias. A Hospedaria também contava com um regulamento interno que ficava afixado em todas as dependências do local.
Estima-se que ele era impresso em seis línguas e dizia que o imigrante recém-chegado teria direito à permanência na hospedaria e alimentação por, no máximo, seis dias. O imigrante que recusasse a colocação profissional oferecida pelos agentes oficiais, entretanto, perderia o direito à estadia.
Contudo, existiam algumas exceções e algumas outras regras. O prazo de seis dias poderia ser prorrogado por mais quatro dias para os imigrantes que chegavam com destino predeterminado e que aguardavam providências para se dirigir aos novos locais de trabalho. Além disso, era obrigatório a todo imigrante que quisesse receber ajuda que se dirigisse à Hospedaria.
Vale a curiosidade que, durante a década de 30, a Hospedaria dos Imigrantes passou a acolher, também, trabalhadores oriundos de outros estados brasileiros. Na década de 70, ela perdeu sua função e, em 78, recebeu o último grupo de imigrantes, estes, vindos da Coréia.
excelente artigo !!