A Catedral da Sé é um dos monumentos mais antigos e cidade de São Paulo. Cercado de histórias a catedral é um significativo exemplo de uma arquitetura diferente da convencional. E o ponto onde ela está passou por intensas transformações, sendo de estacionamento de veículos à igreja monumental que vemos hoje.
A história da catedral está vinculada com a fundação de São Paulo. Estima-se que a história das igrejas de São Paulo (até a Sé), seja a seguinte: a igreja do Colégio, de São Pedro e, na sequência a Sé. Só que ela teve várias versões, sendo que a primeira delas foi erguida em 1591, no lugar que conhecemos hoje. O terreno foi escolhido pelo cacique Tibiriçá e ela foi construída em taipa e pilão. Segundo documentos históricos, ela possuía um templo de 34 metros da porta principal ao arco do cruzeiro, 12 metros de largura, seis altares laterais e o altar-mor.
Quase duzentos anos depois, em 1745, a velha Sé (como era conhecida), foi elevada a categoria de Catedral e, devido à precariedade da primeira construção, uma segunda “versão” foi erguida. Vejam que, mesmo sendo um prédio “frágil”, ele teria durado mais de 150 anos!
A título de curiosidade, estima-se que a primeira versão da Sé nem sino possuía, tamanha sua “humildade” e, também, que Tebas teria participado dessa construção.
Somente no início do século XIX, foram iniciados os projetos para as reformas do Largo da Sé. O primeiro projeto, datado de 1882, ficou a cargo do engenheiro Jules Martin, o mesmo que projetara o primeiro Viaduto do Chá. Ele imaginava a construção de uma Catedral na praça dos Curros, atual praça da República.
Contudo, o senador José Luiz de Almeida Nogueira defendia que a antiga Sé não deveria ser demolida sem antes a cidade ter uma igreja terminada.
Em 1888, durante uma reunião do episcopado de Dom Lino Deodato, realizou-se a primeira assembleia para a construção da nova Catedral. Um ano depois, mais especificamente em 19 de maio de 1889, ficou decido que o estilo da catedral seria gótico e quem cuidaria do projeto seria o engenheiro-arquiteto Maximiliano Hehl.
As razões apresentadas para uma nova igreja eram: o fluxo de cidadãos que frequentava cada vez mais a igreja e a urgência de abrirem-se novas avenidas em São Paulo. Da primeira comissão para a discussão da nova igreja, fizeram parte: Antônio Prado, Antônio Fleury (marquês de Itu), José Vicente de Azevedo, Dom Lino (presidente da comissão) e Jesuíno de Melo.
O projeto da Catedral foi discutido em vários bispados, como o de Joaquim Arcoverde, de Dom Antônio Cândido Alvarenga e Dom José de Camargo Barros. Coube a Dom Duarte Leopoldo e Silva realizar o plano final de erguer a nova Catedral de São Paulo.
Como não era viável a construção da Catedral no Largo dos Curros, ficou decidido que a Catedral ficaria na Praça da Sé e exigiria a demolição do antigo templo. Uma nova igreja deveria ser construída na região, ocupando também o terreno que já se encontrava vazio do antigo Teatro São José.
Entretanto, antes do começo das obras, uma disputa acirrada envolveu a Prefeitura e a Cúria. O motivo era o de que na Sé era projetado, pelo arquiteto Ramos de Azevedo, um novo Paço Municipal (que nunca foi realizado) para substituir o Pateo do Colégio.
A igreja, muito influente na época, conseguiu a autorização para a construção da Catedral no alto da esplanada em troca da demolição das igrejas da Sé e São Pedro dos Clérigos, erguida no século XII. Em 11 de abril de 1910, publica-se a Lei n. 1305, da demolição da antiga Sé, iniciada em 1911.
Curiosamente, parte da cantaria necessária veio da Europa e alguns acidentes ocorreram neste período, quando o vapor Bogor, que trazia pedras para a construção, submergiu na costa portuguesa. Dom Duarte Leopoldo e Silva empenhou quase toda a fortuna de sua família na construção da igreja, mas não viveu para ver a inauguração.
Contudo, com os conflitos da Segunda Guerra Mundial, as cantarias deixaram de vir da Europa, e todo o material, inclusive os granitos, passou a ser comprado de uma pedreira em Ribeirão Pires (SP).
As obras para a construção do templo tiveram início no ano de 1913 e só seriam finalizadas 41 anos depois. No dia 25 de janeiro de 1954, o então arcebispo de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos preside a missa inaugural na Catedral Metropolitana de São Paulo, na Praça da Sé com uma mensagem do Papa Pio XII.
Não era para menos, afinal, era a festa do quarto centenário da cidade. É importante informar que a Catedral foi inaugurada sem suas duas torres principais, que só ficariam prontas na década de 70.
Os vitrais: uma das atrações do monumento.
Os desenhos ficaram a cargo do artista paulista José Wasth Rodrigues, e a execução desses desenhos em vidro ficaram a cargo do homem que trabalho no Mercadão, o histórico: o alemão Conrado Sorgenicht Filho.
As dimensões da obra são um impressionantes: são 112 metros de comprimento por 47 de largura em uma construção de granito maciço. Além disso, foram utilizadas 800 toneladas de “mármores raros” em diversos detalhes dentro da Catedral.
A igreja contém estátuas de bronze e seu subterrâneo tem esculturas do renomado artista Fernando Leopoldo. Além disso, o mausoléu do cacique Tibiriçá também está lá, em respeito ao índio que acolheu e possibilitou a fundação da cidade de São Paulo.
Outro ponto de destaque é o órgão que a igreja tem a sua disposição. Fabricado no ano de 1954, o instrumento conta com 329 comandos, 12 mil tubos e cinco teclados manuais. Por ser um dos monumentos mais antigos da cidade, ela se tornou um dos mais famosos símbolos da metrópole. Em frente à Catedral da Sé fica o Marco Zero da cidade de São Paulo. O monumento de mármore em forma hexagonal, construído em 1934, traz um mapa das estradas que partem de São Paulo com destino a outros estados.
Cada um dos seus lados representa, simbolicamente, outro estado brasileiro: o Paraná (araucária), Mato Grosso (vestimenta dos Bandeirantes), Santos (navio), Rio de Janeiro (Pão de Açúcar e suas bananeiras), Minas Gerais (materiais de mineração profunda) e Goiás (bateia, material de mineração de superfície). Além disso, a linha imaginária do Trópico de Capricórnio passar por esse marco.
A Catedral passou por um processo de restauração devido ao seu estado de conservação. Durante o restauro, optou-se pela conclusão do projeto original, que previa a construção de 14 torreões. Suas obras duraram três anos e consumiram R$ 19,5 milhões.
A missa que marcou a “reinauguração” foi celebrada pelo cardeal-arcebispo Dom Cláudio Hummes (1998-2006), e contou com a presença de várias autoridades, entre elas a do governador Geraldo Alckmin (2001-2006) e da então prefeita Marta Suplicy (2000-2004).
A estação do Metrô que carrega o nome da Catedral é uma das mais movimentadas da cidade e foi inaugurada no dia 17 de fevereiro de 1978. Para a consolidação dessa passagem do Metrô, foram necessárias diversas demolições como a do Edifício Mendes Caldeira e o Palacete Santa Helena.
Curiosidades
– As esculturas laterais da Catedral são as dos quatro profetas: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Na área central da fachada está São João Batista e, do outro lado, os evangelistas: São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João.
– Encontram-se, ainda, na fachada nobre, as figuras de Santo Anastácio, São Cirilo, São Gregório Nazianzeno, São João Crisóstomo, Santo Ambrósio, São Jerônimo, Santo Agostinho e São Gregório Magno. Essa históricas esculturas foram feitas pelo escultor sueco August Ferdinand Frick.
– A Catedral da Sé, no Centro de São Paulo, foi projetada pelo alemão Maximilian Emil Hehl.
– O Conde Prates chegou a ser nomeado presidente de uma comissão para fiscalizar a obra da catedral.
– Até o relógio da Catedral é famoso e curioso, sendo tema de vários trabalhos e textos, além da persistência de Henrique Fox.
– O “arquiteto escravo” de São Paulo teve uma participação FUNDAMENTAL para a consolidação da primeira catedral.
– Pode parecer estranho, mas existem animais esculpidos na catedral. Tatu, garça, lagarto e tucanos fazem parte deste complexo religioso. Escondidas no pequeno hall de entrada, elas estão posicionadas na primeira abóboda, uma em cada canto.
Referências: De Igreja de Taipa à Catedral: Aspectos Históricos e Arquitetônicos da Igreja Matriz da Cidade de São Paulo
http://www.saopauloantiga.com.br/a-fauna-brasileira-na-catedral-da-se/
muito boa a reportagem
Tenho a informação de que a antiga igreja do Largo da Sé estava localizada no terreno ora ocupado pela Caixa Econômica Federal. Minha fonte para esse relato, foram as lembranças de Dalmo Pinto Ribas, meu avô, que apontava em fotos e ilustrações da época, a casa em em que ele nascera. O proprietário do imóvel a que me refiro, era o Cel. Caetano Pinto Homem de Menezes, tendo sido o mesmo designado para o uso de parte de sua família, compreendida pela filha Dona Felizarda, mãe de Américo Brasiliense, ex Presidente do Estado de São Paulo, e de sua nora, Dona Maria Florência Perea Pinto, acompanhada da filha, Dona Maria da Glória Pinto Ribas, minha bisavó. Adoro essa temática e fiquei muito feliz de vê-la tão bem trabalhada como o foi nessa reportagem.
Lembranças contadas por meu pai Henrique Grandino, de família italiana, conterrânea e amiga da família Matarazo dão conta que contratados para o fornecimento de materiais hidráulicos e mao-de-obra para as obras da Sé, conviveram com o arquiteto Maximillian. Homem austero e recluso, vivia onde é hoje a Chácara Flora. Contava-se que mandou construir nas proximidades de sua morada, bebedouros para os cavalos usados no transporte da época, porém, jamais dava esmolas ou ajuda aos pedintes.
Não conhecia a história, gostei muito
Prezados.
Sei que existe um coral nessa catedral e gostaria muito de saber se posso fazer um teste para fazer parte desse coral.
Recentemente, eu canto nas missas da Igreja São Luís, na Avenida Paulista, porém ainda não temos coral.
Contando com sua atenção, fico no aguardo de sua maniestação.
Maria Eloisa Pereira
11 971242424