A Vila dos Ingleses, que abrigou um projeto de ocupação, tem sua história relacionada ao crescimento da população de São Paulo, especialmente durante a República Velha. Esse crescimento pode ser observado se analisarmos os números da época: saímos de 69 mil habitantes em 1890 para 579 mil em 1920. Nessas três décadas, São Paulo passou teve “ar de cidade grande” e abrigou diversos empreendimentos comerciais e financeiros de grande porte e importância.

Localizada na Rua Mauá, próxima à estação da Luz, a vila era o jardim do palacete da Marquesa de Itu, herdeira de uma das mais ricas famílias paulistanas da época, os Paes (ou Pais) de Barros. A Marquesa decidiu ceder o espaço para que o marido de sua sobrinha-neta, o engenheiro chileno Eduardo de Aguiar D’Andrada erguesse a vila.

A ideia da construção era a de criar moradias que seriam alugadas para os engenheiros ingleses que trabalhavam nas obras da Estação da Luz e da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, onde D’Andrada era o diretor técnico.

O plano do era o de fazer casas e manter parte do jardim. Seu projeto, ousado para a época, ocupou apenas 38% da área que “ganhou” para as edificações, deixando o resto para áreas internas, com jardins e espaços arejados. Vale o destaque que as residências foram projetadas por Germano Bresser e tiveram a supervisão de Eduardo de Aguiar.

Entretanto, com o fim das obras da ferrovia e da estação e, com a instalação da antiga rodoviária da Luz, a vila perdeu parte dos atrativos. No começo, a primeira transição de moradores, ficou marcada pela chegada de uma classe média intelectual, como artistas e profissionais liberais. Com o passar do tempo, cortiços se tornaram recorrentes. Essa situação perdurou até a década de 50, quando a vila foi recuperada pelos herdeiros e abrigou pensionatos católicos e clubes de funcionários federais.

Na década de 70 o local passou por um novo período de derrocada, época em que o entorno da antiga rodoviária da Luz enfrentava o processo de degradação. Na década de 80, a família Moreau promoveu uma nova recuperação da propriedade, sob o comando de Pierre Moreau, bisneto de Eduardo de Aguiar D’Andrada. Em 1988, após ações de revitalização da vila, o perfil do local passou do residencial para o comercial, que segue até os dias de hoje.

A Vila dos Ingleses é uma importante memória da imigração inglesa na cidade de São Paulo. Além disso, o local representa um dos expressivos equipamentos arquitetônicos do bairro da Luz. A construção da vila representou um momento de  crescimento e desenvolvimento econômico do município e deu à cidade um novo patamar.

Referências: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,estado-decide-proteger-a-vila-dos-ingleses-na-luz,928626

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