Hoje, dia 19 de abril, é uma data especial para todos os amantes da literatura brasileira. Nesse dia, no ano de 1923 nasceu a escritora Lygia Fagundes Telles, uma das paulistanas mais importantes do seu segmento.
Quarta filha do casal Durval de Azevedo Fagundes e Maria do Rosário Silva Jardim de Moura, ela nasceu na Rua Barão do Bananal e passou parte de sua infância em cidades como Sertãozinho, Apiaí, Descalvado, Areias e Itatinga.
Quando tinha cerca de 15 anos, no ano de 1938, Lygia publicou sua primeira obra de contos, com o título de “Porão e sobrado”. Esse livro, inclusive, só pôde acontecer devido a ajuda de seu pai que pagou a edição e deixou que ela assinasse como Lygia Fagundes.
No ano de seguinte, em 1939, ela terminou o curso fundamental no Instituto de Educação Caetano de Campos, um dos mais tradicionais da cidade, e ingressou na Escola Superior de Educação Física. Vale dizer que, enquanto cursava essa instituição, ela ainda arrumava tempo para frequentar o curso pré-jurídico, um preparatório para a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.
Já na década de 40, Lygia começou o curso de direito na tradicionalíssima Faculdade de Direito do Largo São Francisco e concluiu seu curso de educação física. É nesse momento de sua vida que o interesse por debates literários aflora e ela conhece Mário e Oswald de Andrade, além de Paulo Emílio Salles Gomes. Influenciada por esses importantes intelectuais da nossa história, ela resolve fazer parte da Academia de Letras da Faculdade e começa a escrever para os jornais Arcádia e A Balança.
Enquanto dava seus “primeiros” passos no segmento literário, a escritora ainda trabalhava no Departamento Agrícola do Estado de São Paulo, fonte de sua renda para pagar seus estudos e para sobreviver na metrópole.
A faculdade de Direito ainda reservaria outra importante personagem que faria parte de toda sua vida: a poetisa e sua melhor amiga Hilda Hilst. No ano de 1944 ela publicou Praia Viva e, três anos depois, se casou com o famoso jurista Goffredo da Silva Telles Jr., adotando o Fagundes Telles em seu sobrenome.
Devido ao trabalho de Goffredo, a escritora foi obrigada a se mudar para o Rio de Janeiro onde, em 1954, nasceu seu único filho, Goffredo da Silva Telles Neto. Quando retornou a São Paulo, no mesmo ano, escreveu seu primeiro romance: Ciranda de Pedra.
No ano de 1960 ela se separa de Goffredo e reata um antigo romance com Emílio Salles Gomes e, mais do que isso, nessa mesma época, em parceria com Paulo Emílio, fez uma adaptação para o cinema do romance de Machado de Assis, Dom Casmurro, para o cineasta Paulo César Saraceni – adaptação que adotaria a alcunha da personagem principal: “Capitu”.
Na década de 70 ela foi agraciada com o Grande Prêmio Internacional Feminino para Estrangeiros, na França, pelo seu livro de contos “Antes do Baile”. No ano de 1973 chega ao público outro romance: As Meninas e, com esse livro, ganha o prêmio Coelho Neto, da Academia Brasileira de Letras; o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro; e o prêmio de Ficção da Associação Paulista de Críticos de Arte.
No ano de 1977, Lygia acaba ficando viúva e, dessa forma, assume a presidência da Cinemateca Brasileira, entidade que havia sido fundada por seu marido. Em 1982 ela recebe a honra de poder usar a cadeira 28 da Academia Paulista de Letras e, em 1985, por 32 votos a 7, foi eleita em 24 de outubro para ocupar a cadeira 16 da Academia Brasileira de Letras, na vaga deixada por Pedro Calmon.
Em 2001 voltou a receber o Prêmio Jabuti, na categoria de ficção, pelo seu livro Invenção e Memória. Em 13 de maio de 2005 recebeu o Prêmio Camões pelo conjunto da obra, distinguida pelo júri composto por Antônio Carlos Sussekind (Brasil), Ivan Junqueira (Brasil), Agustina Bessa-Luís (Portugal), Vasco Graça Moura (Portugal), Germano de Almeida (Cabo Verde) e José Eduardo Agualusa (Angola).
Em fevereiro de 2016 foi indicada ao Prêmio Nobel de Literatura pela União Brasileira de Escritores. O anúncio oficial da premiação será em outubro de 2016 em Estocolmo, na Suécia. Se vencer, será a primeira vez que o prêmio é concedido a um brasileiro.
O Nobel de Literatura é o maior prêmio literário concedido desde 1901. É atribuído a um autor de qualquer nacionalidade que tenha uma produção de destaque no campo literário. A produção inclui a obra inteira desse escritor, seus principais livros, sua mentalidade, seu estilo e suas filosofias, não distinguindo uma obra em particular.