No dia 23 de julho de 1940, no Museu do Ipiranga, também chamado de Museu Paulista, houve uma histórica celebração onde foi comemorado o centenário da declaração da maioridade de Dom Pedro II, o último imperador do Brasil. Na ocasião o Correio Paulistano fez uma grande cobertura, alertando e lembrando que Adhemar de Barros, na época interventor do estado, esteve presente, além de outras autoridades, como o escritor Affonso Arinos de Mello Franco.
O início da matéria merece destaque, tanto pelo português da época, quanto pelos elogios feitos à cidade de São Paulo: “Ephemeride que assignala a passagem do primeiro centenario da declaração da maioridade de d. Pedro II, a data de hontem não passou despercebida em São Paulo, vanguardeiro que tem sido não somente nas grandes realizações nacionaes, mas tambem das commemorações que mais de perto dizem respeito á vida social-política do nosso paiz, e das reverencias á memoria dos grandes vultos da historia brasileira”.
E ela prossegue com um elogio diferente ao imperador: “Ainda mais, um simples estudo da vida e da personalidade de d. Pedro II basta para integrar na sympathia e saudade de todos os brasileiros a ilustre figura da Familia Imperial Brasileira, cuja tolerancia e bondade, ao par com o entranhado amor que dedicava á sua terra natal, tornaram possivel aos republicanos escrever a data maxima da historia patria, o 15 de novembro de 1899, sem o derramamento de uma gota unica de sangue”.
Dessa forma, com esse sentimento de gratidão e respeito ao imperador, a cidade de São Paulo e suas autoridades se mobilizaram para uma digna comemoração da data. As comemorações, por assim dizer, começaram no Ipiranga e acabaram na Faculdade de Direito, ponto histórico da cidade (tanto no aspecto físico quanto no intelectual).
A cerimônia e as festividades
As homenagens começaram por volta das 11 horas no salão de honra do Museu do Ipiranga e várias autoridades famosas e históricas estiveram lá, como por exemplo: Adhemar de Barros (interventor), Roberto Simonsen (presidente da Federação das Indústrias e membro do Conselho de Expansão Economica), Lopes Leão (diretor da Escola de Belas Artes), Francisco Prestes Maia (prefeito de São Paulo), dois “monarchistas” (Amador da Cunha Bueno e barão Homem de Mello), além de várias outras pessoas.
Nesse momento das comemorações, com todos reunidos, Adhemar de Barros posou com um quadro alusivo ao dia em que D.Pedro assumiu a direção da monarquia brasileira e, vale dizer, que esse quadro foi reproduzido de um original de 1840.
No período noturno, já na sala João Mendes Junior, da Faculdade de Direito, com várias pessoas presentes, Affonso Arinos de Mello Franco fez um discurso, considerado lindo e histórico, sobre “A maioridade ou a aurora do segundo reinado”, destacando os feitos e conquistas do imperador. O encerramento das comemorações foi dessa maneira: “Depois de outras considearções, o sr. Affonso Arinos de Mello Franco encerra a leitura de seu trabalho, sob prolongados applausos da assistencia, na qual se viam representantes do sr. Interventor Federal, dos srs. Secretarios do governo, desembargadores da Côrte de Appellação de S. Paulo, director da Faculdade de direito, professores desse estabelecimento superior de ensino, autoridades civis e militares e pessoas gradas”.
PS: Não tenho informação se esse quadro ainda faz parte do acervo do Museu. Assim que tiver uma resposta, atualizarei a matéria com mais referências e, quem sabe, uma foto mais atual desse registro.
Referências: http://memoria.bn.br/docreader/090972_09/2488