Próxima a estação Armênia do nosso metrô está uma linda homenagem que a cidade de São Paulo presta aos queridos armênios que dividem a cidade conosco. Entretanto, para entender esse monumento é preciso sair da história do nosso país e voltar para o ano de 1915.
Na ocasião do dia 24 de abril, milhares de cidadãos armênios foram acusados de compactuar contra o governo otomano e, sem mais justificativas, acabaram detidos pelas forças policiais da época. O resultado disso, como todos podem esperar, foi catastrófico.
Milhares deles foram executados e, os que restaram, foram deportados. Especialistas no que ficou conhecido como Genocídio Armênio estimam que 1.5 milhão de cidadãos foram mortos e grande parte da população deportada.
Essa deportação aliás, por mais absurdo que pareça, foi autorizada com base em uma lei do Império Otomano que, além de expulsar os cidadãos de seu país, ainda confiscava todos os seus bens. Uma barbárie!
Os armênios deportados acabaram sendo condenados a vagar pelos desertos da Mesopotâmia e, obviamente, muitos morreram no caminho nos chamados campos de concentração. Com o fim da Primeira Guerra Mundial algumas coisas começaram a melhorar.
Em 1918, foi criado um estado independente armênio que, em pouco tempo, seria absorvido pela União Soviética. No ano de 1919, em julgamento no tribunal militar de Constantinopla, vários componentes do antigo governo da Armênia foram condenados por crimes de guerra e condenados à morte. Essa terrível história é a origem do monumento que conheceremos a seguir.
A Homenagem Paulistana
Esse terrível episódio da história humana não passou batido na maior cidade da América do Sul. Mesmo que de maneira humilde, São Paulo homenageia seus cidadãos armênios através de uma escultura de José Jerez Rescalde, inaugurada em 1966, intitulada Monumento Aos Mártires Armênios.
A obra, quando contemplada com calma, traz vários sentimentos à tona. É possível ver representações do exílio daquele povo e, também, uma mãe armênia no canto direito da escultura. Instalada no centro da Praça Armênia, onde existe outra homenagem, um pequeno obelisco, a escultura pode ser vista por todos que passarem pela estação Armênia do nosso Metrô.
Um Site de História Salva A Memória do Monumento
Aproveito o espaço aqui para dar os devidos créditos a quem, de fato, salvou e ajudou a cuidar desse importante monumento da nossa cidade. O site da São Paulo Antiga, referência no que se refere à história de SP, fez uma reportagem em 2009 sobre o tema e transcrevo aqui parte de um texto deles que explica todo o ocorrido.
Hoje muito bem cuidado e gradeado, o monumento armênio esteve esquecido pelo poder público por cerca de uma década, época em que sofreu todo o tipo imaginável de vandalismo e roubo, até que teve todas as suas letras e esculturas furtadas em 2009:
O descaso foi a primeira grande reportagem investigativa do São Paulo Antiga poucos meses após seu lançamento, em 2009, com o título “O Monumento Fantasma” que teve ótima repercussão. A matéria ajudou a sensibilizar o Banco Induscred, que decidiu adotar o monumento através do programa da prefeitura de São Paulo conhecido como “Adote uma obra artística”.
O monumento então foi movido do centro para a ponta mais ao sul da praça, onde recebeu o restauro. Como todas as esculturas foram furtadas e o escultor já havia falecido, todas as peças foram minuciosamente reconstituídas através de fotografias.
Em 2010 o Monumento aos Mártires Armênios foi reinaugurado e o local nomeado como Espaço Cívico Comendador Yerchanik Kissajikian, que foi o idealizador do monumento.
Quem quiser ver mais, acesse: http://www.saopauloantiga.com.br/monumento-armenio/