O nome de Nicolau Tuma, apesar de pouco lembrado, é de sua importância para a história esportiva brasileira. Foi ele o responsável por fazer a primeira transmissão via rádio de um jogo de futebol. Além de jornalista, também se dedicou à política, sendo deputado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e deputado federal por São Paulo. Faleceu em 11 de fevereiro de 2006. Vamos à sua história!
Nicolau Tuma nasceu na cidade de Jundiaí, no interior de São Paulo em 19 de janeiro de 1911. Era filho do comerciante libanês José Tuma e de Emilia Tuma. Seus estudos foram iniciados no Colégio Oriental, seguido pelo Liceu Rio Branco, o Instituto de Ciências e Letras e a Escola de Filosofia do Colégio São Bento.
Formou-se em Direito pela tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, na turma de 1931. Ainda como estudante na faculdade, presidiu o Partido Acadêmico e dirigiu o jornal O Acadêmico.
No ano de 1928, iniciou a carreira no jornalismo trabalhando como tradutor de telegramas e copidesque da última página do Diário Nacional, órgão do Partido Democrático – PD. No ano seguinte participou de um concurso para locutor na Rádio Educadora Paulista, saindo o vencedor.
A convite de Paulo Machado de Carvalho, que era defensor de um rádio profissional, com pessoas que tivessem algum curso superior, se transferiu para a Rádio Record e foi uma das vozes mais famosas da Revolução Constitucionalista de 1932. Ele, inclusive, em 10 de julho de 32 foi o responsável por ler a primeira nota oficial governo paulista, anunciando o movimento revolucionário iniciado na noite anterior.
É dele, também, o mérito por ter criado o termo radialista. Segundo um bom texto feito pela Alesp, Nicolau Tuma foi o responsável por juntar as palavras rádio e idealista.
Apesar de toda essa contribuição para São Paulo, seu feito mais notável fica por conta da primeira transmissão de um jogo de futebol via rádio. Segundo o site Terceiro Tempo, Nicolau narrou o jogo entre a seleção paulista e o Paraná em 19 de julho de 1931, no antigo campo da Floresta. A seleção paulista venceu por 6 a 4 o jogo e, nesse dia, ele começou a fazer jus ao seu apelido “speaker metralhadora”.
Uma curiosidade é a de que, na época, os jogadores não tinham números nas costas, então Nicolau teve que decorar as características físicas de cada atleta para fazer a narração. O apelido “speaker metralhadora” foi dado pelo humorista Barbosa Júnior e era bastante justo, já que o locutor chegava a falar até 250 palavras por minuto.
Também foi o responsável, a partir de 1934, a convite da rádio carioca Mayrink Veiga, pelas transmissões da famosa corrida automobilística, que era realizada anualmente, no “Trampolim do Diabo”, no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, com a participação de grandes nomes do esporte brasileiro e do mundo. Anos depois, em 1943, foi contratado por Assis Chateaubriand para ser o diretor da famosa Rede de Emissoras Associadas do Brasil.
Personagem histórico, foi ele quem, em 6 de junho de 1944, recebeu uma ligação e colocou no ar a notícia, ainda de madrugada, de que o “Dia D” da Segunda Guerra Mundial havia começado. Ainda em 44, foi um dos fundadores da Associação Brasileira de Rádio – ABR, com sede no Rio de Janeiro. Trabalhou também nas Rádios Cultura, Difusora e em 1945, ocupou na Bandeirantes o cargo de diretor comercial da emissora.
Com a chegada e promulgação da constituição de 1946, após o Estado Novo, foi candidato pela União Democrática Nacional (UDN) e foi eleito Vereador exercendo seu mandato na legislatura de 1948/1952. Foi reeleito mais duas vezes para as legislaturas de 1952/1956 e 1956/1959. Durante seu trabalho na Câmara, foi autor de mais de dois mil projetos.
A convite do governador Jânio Quadros, foi Diretor do Serviço de Trânsito de São Paulo (hoje Detran), entre 1956/1958. Foi de sua iniciativa as Semanas Educativas de Trânsito nas escolas primárias, secundárias e profissionais.
Concorreu em 03 de outubro de 1958, a uma vaga na Câmara dos Deputados, sendo eleito com 17.537 votos. Foi um dos primeiros parlamentares a se transferir para Brasília, quando da mudança da nova Capital do Brasil. No exercício do mandato foi destacado para acompanhar o problema das telecomunicações e em 1962, foi relator do Código Nacional de Telecomunicações, do Código Nacional de Trânsito e um dos fundadores da Embratel.
Nas eleições de 7 de outubro de 1962, concorreu à reeleição para Deputado Federal pelo seu partido, com o apoio da Aliança Eleitoral pela Família (Alef), obtendo a primeira suplência com 11.743 votos, mas assumiu a cadeira, por licença de titular. Participou na Câmara Federal de diversas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), inclusive a investigou o envolvimento financeiro da televisão Globo com a empresa jornalística norte americana Time-Life.
Com o fim do pluripartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional – ARENA, pela qual em 15 de novembro de 1966 candidatou-se mais uma vez como Deputado Federal, reelegendo-se com 28.713 votos, o 11º colocado de uma bancada de 32 parlamentares.
Exerceu o mandato até 8 de outubro de 1968, quando por Decreto do governador Roberto Costa de Abreu Sodré, foi nomeado para o cargo de Ministro (hoje Conselheiro) do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, na vaga decorrente da aposentadoria do Ministro Antonio Ezequiel Feliciano da Silva. Foi Vice-presidente do TCE em diversas oportunidades; exercendo sua presidência em 1979 e em 1980. Aposentou-se do TCE, em 1981, quando completou 70 anos de idade.
Em 2000 foi o representante da Prefeitura de São Paulo, no Conselho Municipal de Turismo. Foi casado com Julieta Dabus Tuma, com teve uma filha, Ana Maria. Viúvo casou posteriormente com Lúcia de Barros Tuma.
Referências: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=297827
https://terceirotempo.uol.com.br/que-fim-levou/nicolau-tuma-1693