A Festa de Mais de 90 Anos: N. Sra. Achiropita

A tradicionalíssima festa de N. Sra. Achiropita começa no século XX, quando os primeiros imigrantes chegaram ao Bixiga. Eles trouxeram uma imagem que começou a ser venerada pelos fiéis em 1908 na casa de João Falcone, na Rua Treze de Maio, nº 100.

Foi erguido lá um altar de madeira, onde era colocada a imagem da santa e nos dias 13,14 e 15 de agosto eram celebradas missas e iniciadas as festas de N. Sra Achiropita, com o objetivo de comprar um terreno para construir uma capela. E o lugar escolhido foi o da atual igreja.

Os anos foram passando, e aquela capelinha ficou pequena para tanta gente. Era preciso construir uma igreja grande e definitiva, mas não havia dinheiro. Decidiram continuar com a quermesse e formar uma comissão de festa.

Naquela época havia barracas com sorteios das prendas arrecadadas, leilões sobre carroças, um pau de sebo e a animada banda dos Bersaglieri, vinda da Itália. Havia também a procissão levando a imagem de N. Sra Achiropita e N. Sra da Ripalta, nessa época já penduravam fitas na sua mão e as famílias faziam suas doações em dinheiro. As sacadas eram enfeitadas com colchas e toalhas.

Durante a segunda guerra a quermesse foi suspensa devido a perseguição dos italianos pelo governo de Getúlio Vargas, porém a parte religiosa continuou com missa, novena e procissão. Na década de 50 voltaram a acontecer.

As décadas de 50 e 60 foram o apogeu religioso, haviam cinco barracas de sorteio sob a responsabilidade das associações religiosas: apostolado da oração, marianos, filhas de Maria, vicentinos e vocações. Neste período foi feita a primeira barraca de comida, muito bem aceita, feita por senhoras da comunidade: o sanduíche de pernil. Nesta época, as ruas eram enfeitadas com cordões de lâmpadas coloridas.

A partir de 1975 as famílias traziam pratos doces e salgados para vender na festa . A festa continuava sendo feita no pátio que havia atrás da igreja. As barracas eram diversas mesas espalhadas onde todos faziam de tudo e ninguém escolhia o serviço, inclusive faziam fila para lavar a louça, pois havia apenas uma pia para todos lavarem seus materiais para o dia seguinte.

Em 1979 a festa foi definitivamente para a rua e em 1980 firmou-se com a devida autorização da prefeitura. Neste ano existiam treze barracas e cerca de 200 voluntários. Neste período houve a participação de entidades do bairro, mas algumas não assumiram o espírito da comunidade e outras desistiram durante a festa, permanecendo mesmo apenas os voluntários.

Neste mesmo ano a grande novidade foi a barraca de fogazza que começou a ser feita apenas com 2kg de farinha como experiência; primeiro foram fritas com os pastéis, mas logo no dia seguinte já foi preciso aumentar a quantidade, que era insuficiente. Em 2003 já eram nove toneladas de farinha. A equipe, formada por algumas senhoras, passa a ter 130 equipistas. Outra inovação na década de 80 foi a Cantina di Napoli, montada no terreno ao lado da igreja. Mesões foram instalados e um palco feito pela Paulistur para os cantores das cantinas do bairro animar a festa.

Em 1983 eram 22 barracas com 350 voluntários. Neste ano foi lançada a pedra fundamental das obras sociais (CEDO), e os preparativos eram feitos na garagem da província. Em 1985 a cantina passa a ser montada no prédio das obras sociais e um palco definitivo foi feito com um conjunto tocando musicas típicas italianas. Foram colocadas mesas com lugares numerados para cerca de 850 pessoas. Surgia a CANTINA MADONNA ACHIROPITA. Outro costume passou a ser o provolone de dois metros e cerca de 100kg, um dos símbolos da festa.

Na década de 90 a festa teve um grande avanço em relação a patrocinadores, colaboradores e benfeitores. Nesta mesma década decidiu-se fazer uma missa em homenagem aos imigrantes italianos que aqui chegaram e trouxeram esta devoção a N. Sra Achiropita e a seus descendentes que continuam trabalhando para que isto não acabe.

Atualmente visitam a festa mais de 200 mil pessoas vindas de S. Paulo e de todo o Brasil. São 30 barracas e mais de mil voluntários. Grande parte dos visitantes vai a igreja participar das missas, e das bênçãos que acontecem de hora em hora.

A festa propaga a devoção a N. Sra Achiropita para muitas pessoas e é mais conhecida no Brasil do que na própria Itália, constrói as obras sociais e as mantém. Toda a renda gerada pelo trabalho feito gratuitamente com todo o amor dos mais de mil voluntários, durante todo o mês de agosto é revertido, integralmente, para a manutenção das Obras Sociais N. Sra Achiropita.

Fontehttp://www.achiropita.org.br/festa-da-padroeira/historia-da-festa