Um dos ladrões mais famosos que já passou por São Paulo tem em sua história uma grande gama de mistérios. Segundo o Jornal Notícias Populares, ele teria nascido na cidade de Pisa, na Itália, em 1878. Entretanto, alguns biógrafos dizem que ele nasceu em 1888, no mesmo lugar. O registro mais confiável, na minha opinião, fica por conta da entrevista concedida à revista O Cruzeiro, onde ele diz que nasceu no dia 3 de julho de 1881.
Teve origem de uma família pobre, de pescadores, que fora criado pelos avós em uma pequena casa perto do Rio Arno, no interior da Itália.
O italiano chegou ao Brasil em 1913 na cidade de Santos. À época, se tomarmos como parâmetro o ano de 1878 como seu nascimento, ele chegou com 35 anos e uma extensa ficha de crimes. Nessa lista estavam fugas e roubos que foram cometidos na França e Itália, países onde era procurado de maneira intensa.
No Brasil, Meneghetti decidiu morar em São Paulo. Em abril de 1914 cometeu seu primeiro crime por aqui. Acabou preso e condenado a oito anos por roubo. Acabou por cumprir um ano e três meses, fugindo da cadeia logo depois. Segundo constam os registros do Estadão, ele teria conseguido fugir pelo teto de sua cela.
A partir de então, suas ações criminosas começaram a se tornar conhecidas por todo o Brasil. O bandido chegou a ir até uma delegacia, conversar com o investigador que o procurava durante 40 minutos e não ser reconhecido. Mais do que isso: diziam que ele tinha uma habilidade única de andar nas pontas dos pés, escalar muros e correr pelos telhados de São Paulo. Daí o apelido: Gato dos Telhados.
No dia 4 de junho de 1926, em uma grande operação policial, acabou preso pela polícia. Foi condenado a 43 anos de prisão, mas teve sua pena reduzida para 25 anos, recebendo a liberdade condicional em 1945. Acabou voltando à prisão por tentativa de homicídio e foi solto em 1952.
Meneghetti voltaria para a prisão em várias outras oportunidades, 1954, 1965 e 1968, por exemplo. Ele acabou morrendo aos 92 anos. O criminoso passou mais de 50 anos preso, sendo 18 na solitária, segundo dados do jornal O Estado de São Paulo.
Esse tempo que passou na solitária, inclusive, foi desenvolvido em uma cela especial construída na antiga Penitenciária de São Paulo. Ali ele permanecia algemado e acorrentado. Em entrevistas, chegou a dizer que a Polícia não gostaria que ele se comunicasse com ninguém por vários motivos, entre eles, o sumiço de 2.500 contos de joias e mais de 2.000 contos em dinheiro, que teriam desaparecido na própria polícia.
Acusação de assassinato
O jornal Notícias Populares publicou uma série de reportagens que relatou a vida do famoso ladrão. Uma das passagens mais polêmicas fica por conta do episódio de 1926, quando o Gato dos Telhados foi acusado de matar o delegado Waldemar Dória. Na época, toda a polícia foi mobilizada para tentar capturar o meliante.
Segundo relatos, a tragédia teria acontecido na Rua dos Gusmões, no Centro da cidade, onde a polícia armou um cerco para pega-lo. A captura foi bem-sucedida e o criminoso pegou 18 anos de detenção pelo crime. Meneghetti sempre negou o crime, alegando que “só” roubava. Uma das curiosidades de sua passagem pela prisão fica por conta do medo de ser envenenado, o que fazia com que ele lavasse toda a comida que recebia.
Entretanto, o mesmo Notícias Populares tinha “provas” de que o ladrão era, também, um homicida. Uma matéria do jornal Folha de S. Paulo traz o relato da época. Transcrevo parte dele aqui:
“Ainda sobre o assassinato do delegado Dória, em 1982, o “Notícias Populares”, através do advogado Milton Bednarski, que possuía o mais completo arquivo de documentos dos grandes crimes que abalaram São Paulo nos séculos XIX e XX, apresentou aos leitores informações detalhadas que, segundo ele, comprovavam a culpa de Meneghetti na morte do delegado Waldemar Dória.
O conjunto de artigos, publicado no “NP” entre os dias 15 de novembro e 2 de dezembro, também ligava o criminoso a outro assassinato, o do vigia João Honorato, no bairro da Bela Vista, na região central de São Paulo – homicídio que também foi negado pelo celébre bandido”.
Meneghetti se tornou uma lenda para a época. Os jornais davam grande cobertura para seus crimes, enquanto a polícia se enfurecia com suas fugas. Ganho ares de justiceiro por só roubar dos ricos, em especial joias e relógios, atacando casas da Avenida Angélica, Paulista, etc.
Vale aqui, a título de registro histórico, que o famoso bandido chegou a ser preso aos 90 anos, tentando arrombar uma casa no centro de São Paulo. A notícia, claro, saiu no Notícias Populares de 1968.
A melhor cobertura e uma curiosidade
Em todos os documentos que pesquisei, com toda certeza o relato da Revista O Cruzeiro (clique no link para ver a edição digital), é o melhor de todos. Já começamos com a excelente introdução: “Começou roubando frutas nos pomares ricos de Pisa – Teve mais de cem mil contos nas mãos, em trinta anos de “ação” – Fugiu inteiramente nu da Casa de Detenção de São Paulo e saltou de treze metros do Manicômio de Volterra – Assalto de um banco à luz do dia e desarmado”.
No ano de 1966, Meneghetti conseguiu uma audiência com o famoso prefeito Faria Lima. Na imagem, segundo descritivo do Estadão, o criminoso foi pedir auxílio ao prefeito Faria Lima para se estabelecer dentro da lei.
Egresso de sua última temporada na prisão e declarando-se aposentado das atividades ilícitas, queria restabelecer o negócio da sua banca de jornais. O estabelecimento teve a licença de funcionamento cassada enquanto estava em uma de suas passagens pela prisão.
A foto mostra a audiência na sala do prefeito, em 21 de dezembro daquele ano.
Referências: https://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,fotos-historicas-o-ladrao-e-o-prefeito,12140,0.htm
https://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,fotos-historicas-o-ladrao-e-o-prefeito,12140,0.htm
Conheço uma paragem de Meneguetti com um rico comerciante de São Paulo tendo perdido o segredo do seu cofre. Pediu então para trazer Meneguetti da cadeia para seu escritório a fim de abrir seu cofre.
Chegando no escritório acertaram um preço não sei quanto foi.
Meneguetti abriu o cofre na frente do dono e o mesmo achou que foi muito fácil e que o valor foi muito caro.
Meneguetti bateu a porta do cofre e disse que agora só abriria por 10 X o valor combinado.
O homem teve que pagar o valor 10x mais caro.
Kkkkkkkkkkkkkkkk