Um dos passeios mais interessantes de São Paulo é conhecer e desfrutar do belo espaço dedicado ao planetário, no Parque do Ibirapuera. Batizado como Planetário Professor Aristóteles Orsini, estima-se que o lugar já recebeu mais de 4 milhões de pessoas desde sua fundação, em 1957.
O prédio, de uma maneira geral, não traz um grande significado, mas as intenções pelas quais ele foi criado e o esforço do astrônomo que o apadrinha, revela o amor dos cidadãos da cidade de São Paulo pela ciência e pelos céus do nosso universo.
Quem foi Aristóteles Orsini?
Nascido na cidade de Avaré, interior de São Paulo, em 30 de agosto de 1910, Orsini era filho de Henrique Orsini e Maria Padilha Orsini. Quando Aristóteles completou 12 anos de vida, veio com sua família para a cidade de São Paulo e, a partir do ano de 1923, começou a estudar no Grupo Escolar de Santana.
Em sua nova escola, Orsini deu de cara com uma professora muito exigente, chamada de Anésia Sincorá, que observando o grande potencial do novo aluno, não dava “moleza” ao rapaz. Graças aos esforços conjuntos do aluno e da professora, os resultados logo apareceram, fazendo com que Aristóteles figurasse sempre entre os dois primeiros melhores alunos da sala, fato que era comum e colocado no quadro negro das salas de aula da época.
Mesmo após se tornar uma figura consolidada no meio científico brasileiro, o Prof. Orsini sempre fazia questão de se lembrar, com muito carinho, da época em que a “Dona” Anésia “pegava no seu pé” e fazia com que ele rendesse cada vez mais.
O jovem Aristóteles fez o curso secundário no Ginásio do Estado da Capital e formou-se na Faculdade de Medicina Da Universidade de São Paulo em 1933. No ano de 1932, inclusive, quando ainda estava no quinto ano, ele se alistou no Serviço Médico da Revolução e serviu no setor de Casa Branca, em Mogiana, no interior do estado. Mais um grande valor que contribuiu com a Revolução Constitucionalista.
Anos depois, em 34, defendeu sua tese de doutorado com o complexo título de: “Fermentos Amilolíticos Encontrados em Sementes de Leguminosas”. Nesse mesmo ano ele ainda seria nomeado Assistente da Cadeira de Física, da Faculdade de Farmácia e Odontologia da USP.
Entre os anos de 1943 e 1946, ele frequentou as faculdades de Física e Matemática na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Usp. Vale o destaque que, desde 1936 até o ano de 1947, Orsini já era um membro conhecido dos estudantes e professores da matéria de Física Biológica da Escola Paulista de Medicina, sendo chefe do serviço de Radiologia nessa mesma instituição.
Nesse mesmo ano, ele foi aprovado em um grande concurso para se tornar Professor Catedrático de Física da Faculdade de Farmácia e Odontologia da USP com a tese: “Isótopos Radioativos”. Ele foi um grande professor emérito da Universidade de São Paulo e recebeu grandes homenagens e comendas honoríficas durante sua vida acadêmica.
Ele foi o autor de diversas palestras sobre Medicina, Biologia, Física Nuclear, Astronomia e várias outras áreas do conhecimento humano. Além disso, também foi o professor de grandes cursos de Astronomia, Física e História de Astronomia, na Escola Municipal de Astrofísica do Planetário Municipal do Ibirapuera.
No ano de 1949, ao lado dos grandes professores Abrahão de Moraes, Décio Fernandes de Vasconcellos e vários outros, fundou a Associação de Amadores de Astronomia de São Paulo (AAA) e de 1957 a 1980 foi Diretor do Planetário do Ibirapuera e da Escola Municipal de Astrofísica. Foi, ainda, Diretor-Presidente do Museu de Ciências, situado no Pavilhão Lucas Nogueira Garcez (hoje OCA), no Parque Ibirapuera.
No dia 17 de maio de 1954 foi eleito presidente da AAA, em substituição ao seu grande amigo, Décio Fernandes. Na posse desse cargo, ele foi convidado, pela Prefeitura de São Paulo, para integrar a Comissão do Planetário. No dia 26 de janeiro de 1957 fez a exposição inaugural do Planetário do Ibirapuera e durante cinco anos ajudou à prefeitura como Diretor Voluntário do Planetário.
No ano de 1962, já tinha a sua equipe de trabalho organizada e foi nomeado, no Diário Oficial do Município, sua nomeação oficial para dirigir aquele instituto científico. Uma grande curiosidade da sua vida faz relação à sua paixão pela Astronomia.
Como diretor da Faculdade de Farmácia e Odontologia da USP ele conheceu, em 1954, no Conselho Universitário, o Dr. Alipio Leme de Oliveira, Diretor do Instituto Astronômico e Geofísico. O seu novo colega o convidou para ser o diretor em seu lugar, já que ia se aposentar no final daquele mesmo ano.
Surpreso e satisfeito com o convite, Orsini resolveu declinar o convite alegando que não possuía tamanha formação para coordenar aquele órgão. Como forma de solucionar a questão, ele indicou Abrahão de Moraes que, após várias propostas e contra-propostas, aceitou o convite e foi um dos GRANDES diretores do Observatório. O Prof. Orsini foi casado com Rosalina Guarim Orsini e teve um casal de filhos. Ele acabaria falecendo em São Paulo, no dia 27 de julho de 1998, há pouco mais de um mês do seu 88º aniversário.