Oswald de Andrade e a construção da Praça Benedito Calixto

A história da Praça Benedito Calixto começa em 1919, quando José Oswald de Souza Andrade, então bacharel de Direito pagou uma taxa de mil réis para protocolar um requerimento junto à Câmara Municipal de São Paulo (CMSP), buscando criar uma praça planejada na Rua Lisboa, em detrimento a praça planejada na Rua Mourato Coelho.

O terreno da Rua Mourato Coelho era de Oswald e, segundo ele, a mudança da praça era um pedido dos moradores da região. Oswald sabia que a burocracia municipal era enorme, já que seu pai havia sido vereador entre 1899 e 1914. Sua solicitação seguiu os trâmites, mas as decisões não foram favoráveis.

Um parecer da Comissão de Justiça, de 5 de março de 1920, afirma que o requerimento cita solicitações “alegadas, mas não provadas” dos moradores. Os vereadores Rocha Azevedo e Armando Prado, membros da Comissão, informaram que o diretor de Obras da Prefeitura, “após as precisas diligências”, afirmara que o local sugerido “não se presta absolutamente à praça indicada”.

Planta de 1919 mostra local sugerido por Oswald para a futura praça | Foto: Ricardo Rocha/CMSP

Por sua vez, as Comissões Reunidas de Obras e Finanças declararam, em 31 de janeiro de 1921, que o local era “de todo inconveniente” e que a transferência seria “muito mais dispendiosa”. Assim, o requerimento de Oswald de Andrade foi arquivado.

O pedido de Oswald foi engavetado, mas a ideia de uma praça em frente à Igreja do Calvário continuou a ser analisada.

Em 12 de janeiro de 1925, o vereador Júlio Silva apresentou um requerimento ao prefeito pedindo que ele regularizasse o trecho da Rua Lisboa, entre as Ruas Teodoro Sampaio e Cardeal Arcoverde, “a fim de ser mantida a comunicação no local que hoje é feita por uma travessa particular”.
Havia o risco de a ligação ser fechada. Em junho de 1925, o proprietário do terreno, Claudio de Souza, ofereceu à Prefeitura uma faixa de terreno de 30 metros ao longo da Rua Lisboa, para que ali fosse construída a praça.

Atendendo a consulta das comissões de Obras e Finanças, a Prefeitura respondeu que a solução proposta por Souza era “interessante e vantajosa” para o Município sob dois aspectos: o bairro teria seu primeiro espaço livre regularizado e a Rua Lisboa ganharia um perfil econômico, evitando que se transformasse em um grande aterro.

ÍNTEGRA DO REQUERIMENTO*

Excelentíssimo Senhor Presidente e mais membros da Câmara Municipal de São Paulo.

O abaixo-assinado, atendendo às solicitações dos moradores da Vila Cerqueira César, vem propor que a praça que deve ser aberta na Rua Mourato Coelho, entre as Ruas Teodoro Sampaio e Artur Azevedo, nos termos da Resolução nº 115, de 5 de março de 1918, seja transferida para o local em frente à Igreja do Calvário, também em terrenos de sua propriedade, prontificando-se o requerente a fazer as permutas que para isso forem necessárias.

Por ser de justiça, pede deferimento.

São Paulo 30 de agosto de 1919
José Oswald de Souza Andrade

(*) A grafia foi atualizada

As Comissões ressaltaram que, com um pequeno gasto, a Câmara poderia reformar a praça e estabelecer, no novo Santuário que estava sendo construído pela Congregação dos Padres Passionistas, uma saída direta para a Rua Teodoro Sampaio.

Assim, no dia 22 de agosto de 1925 a CMSP aprovou a doação dos terrenos e a construção da praça.

Quase 11 anos depois, o Ato nº 1.065, de 16 de abril de 1936, assinado pelo prefeito Fábio da Silva Prado, determinou que a praça na Rua Lisboa iria se chamar Benedito Calixto, “pintor paulista de larga projeção, que se salientou como decorador, principalmente de templos religiosos”.

Benedito Calixto

Referênciahttps://www.saopaulo.sp.leg.br/apartes/a-pedido-do-poeta/ 

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