Na década de 60, na Zona Oeste de São Paulo, era comum ver uma cena incomum: um pinguim, o Zé, andando pelas ruas do bairro da Lapa com sua “família”. O animal, capturado pelo eletrotécnico José Antonio de Lima na Praia Grande (outra situação incomum), viveu na cidade em condições insalubres e chamou atenção.

Segundo a imprensa da época, em especial o Estadão, que publicou uma página inteira sobre o caso, o pinguim se adaptou “à nova rotina sobre o asfalto paulistano”. Ele vivia na Rua Barbalha, 135 e se tornou a sensação do bairro.

A família que o “adotou” dava banhos frios nele a cada meia hora e o alimentava duas vezes por dia com sardinhas. O animal passeava pelo bairro com Rosemary, filha do pescador, que além do pinguim, também tinha um cachorro. 

Em declaração ao jornal supracitado, o eletrotécnico, contou que já havia localizado outros dois pinguins na praia e dado a amigos. Além disso, descreveu como decidiu pegar o seu exemplar mergulhando no mar:

“Fez então uma terceira tentativa, pois queria ter um pinguim. Tomou emprestado o carro de um companheiro e – já ao raiar do dia – fez uma inspeção pela praia. Lá pelas tantas, a mais de vinte quilômetros do acampamento, viu algo no mar, a uns cem metros da areia, algo escuro que se movia na água. Freou o motor, desceu, certificou-se: um pinguim nadando.

Lançou-se à água, às braçadas. Estava a uns vinte metros do pinguim, quando este o viu e quis fugir, mergulhando. O eletrotécnico fez o mesmo. Encontraram-se ambos no fundo; o homem agarrou o animal por uma das duas patas, veio à tona e, nadando e se defendedndo das bicadas chegou à praia.”.

Página do Estadão de 10 de janeiro de 1965

Obviamente que todo o “causo” é um absurdo ambiental, mas na época, foi capa de jornal e a curiosidade fez com que a casa de José Antonio se tornasse um “point” do bairro.

Não encontrei referências concretas sobre o destino do Zé. Alguns lugares dizem que ele morreu depois de poucos meses de convivência na capital o que, sinceramente, eu acredito.

Não era de conhecimento público a consciência ambiental que temos hoje e, muito menos, o conhecimento da rotina de um pinguim. Triste fim para o animal que, retirado de seu habitat, viveu seus derradeiros meses em meio à cidade.

Torço para que tenha tido amor e tenha aproveitado parte dessa estadia.

E você? Sabe de algo mais dessa história?

Referência: https://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19650110-27523-nac-0021-999-21-not/busca/ping%C3%BCim+Lapa

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