Lendo o jornal da Folha de São Paulo de hoje, dia 12 de março, uma importante memória foi impressa na pequena parte que trata do Acervo do jornal. Trata-se de uma matéria veiculada no dia 12 de março de 1969 com o seguinte título: Uma cidade nova nascerá em São Paulo. Na ocasião, um grupo técnico, formado por brasileiros e norte-americanos desenvolveu um estudo para definir o que foi chamado de “Plano Urbanístico Básico” para São Paulo.
O jornal, inclusive, dá a essa iniciativa a característica de ser a primeira do gênero na cidade. O serviço, que fora contratado pela Prefeitura de São Paulo, indica uma série de diretrizes para “ditar o futuro” da cidade. A ideia, vejam só que interessante, era a de acabar com a “desordem” na qual o município vinha crescendo. O plano demorou oito meses para ser confeccionado e contou com a participação de urbanistas, planejadores, economistas, sociólogos, arquitetos e engenheiros.
Na época, o prefeito da cidade, Faria Lima, falava em “humanizar a cidade”, tornando o local “feliz para seus habitantes”. É de conhecimento geral para todos que, Faria Lima, foi um prefeito à frente de seu tempo, com diversas obras que fazem parte da nossa história. Entre elas, claro, o Metrô.
As sugestões do Plano
O estudo foi feito pelo Consórcio Asplan, Daly, Montreal e Wilbur Smith que entregou 12 volumes com 500 páginas cada um, acompanhados por mapas e gráficos. O grande resumdo do plano fica por conta da melhoria nas condições de trânsito, transporte e, principalmente, deixar a cidade mais humana, por assim dizer. Há, inclusive, a recomendação de que se use a região de Paralheiros, uma região até então “despovoada”, que poderia surgir uma nova cidade com capacidade de abrigar de 600 mil a 1,5 milhão de pessoas. O plano ainda sugeria que indústrias e outros serviços fossem instaladas por ali, visando empregar 200 mil pessoas e, a transcrição do plano, diz o seguinte:
“O empreendimento se assemelhará a construção de uma nova cidade. A municipalidade deverá entrar em entendimentos com os proprietários de terras e desapropria-las quando necessário, proporcionar meios de transporte e os serviços urbanos, elaborar o plano de urbanização e associar de formas diversas a iniciativa privada ao empreendimento (de Parelheiros)”. Outras ideias extremamente interessantes eram: a instalação de dois novos campus universitários na cidade, um em Santo Amaro e o outro na Penha, perto do Rio Tietê e, também, aumentar para 450 quilômetros a rede de metrô da cidade.
Além disso, já em 1969, estimava-se que o Estado deveria manter constante a construção desse modal em 24 quilômetros por ano. Também constava a ideia de criar vias expressas, com extensão de 815 quilômetros, formando uma malha retangular sobre a cidade para atender o tráfego total de veículos. Os intelectuais propuseram que fossem criados sete centros sub-regionais em pontos estratégicos, com o objetivo de “polarizar populações da ordem de 1,5 a 3 milhões de habitantes. Três dos centros ficariam em São Paulo: Santo Amaro, Itaquera e Parelheiros e os outros nas regiões do ABC, Osasco, Guarulhos e Moji das Cruzes.
Por fim, na questão de “quem pagará” a conta desse projeto, a porcentagem era bastante interessante: 30% vindo da Prefeitura, 18% do Estado, 2% da União e a iniciativa privada contribuiria com 27%. Os outros 23% seriam oriundos de financiamentos, além de manter a “atual política de atualização anual dos tributos municipais”.
Qual sua opinião sobre esse plano? Implantariam alguma mudança nesse sentido?
Pode ter sido muito termos passado de “vila” em metrópole e agora podemos conhecer mais nossa São Paulo de Piratininga.
Seu grande dilema é seu crescimento rápido a partir do fim do século 19, sem maiores planos e projetos. Como poderemos dar nossa participação?
Paulistanos unidos vamos seguir cuidando da “VILA”