Um dos mais importantes nomes da história da política paulistana, Antonio da Silva Prado, sequer é conhecido por grande parte da população de São Paulo. Filho de Martinho da Silva Prado e de Veridiana Valéria Silva Prado, Antonio nasceu no dia 25 de fevereiro de 1840 em um sobrado situado no velho centro de São Paulo.
Antes de prosseguir com sua importante trajetória para a cidade de São Paulo, vale fazer uma correção histórica muito importante: “Antonico”, como era conhecido, fazia parte de uma importante linhagem de personagens paulistanas. Seu avô, que também se chamava Antonio da Silva Prado, era o famoso Barão de Iguape e, por esse motivo, acontecem muitas confusões históricas.
Prado se formou em direito pela Faculdade de Direito de São Paulo no ano de 1861 e cursou uma especialização na mesma área em Paris, na França. Foi chefe de polícia em São Paulo e Deputado da mesma província entre os anos de 1862 e 1864. Em 1868, casou-se com Maria Catarina da Costa Pinto, filha do Dr. Antônio da Costa Pinto, que, como o Conselheiro, fora Ministro do Império.
Além disso, ele também foi deputado federal (na época chamado de “deputado geral” ), entre os anos de 1869 e 1872, pelo Partido Conservador. Tornou-se senador em 1886 e conselheiro do Império em 1888. Nesse ano, inclusive, conselheiro Antônio Prado fez parte do gabinete João Alfredo Correia de Oliveira que elaborou o projeto da Lei Áurea.
Logo após a abolição da escravidão, Antonio da Silva Prado assumiu o Ministério da Agricultura, e se tornou um entusiasta da imigração italiana ao Brasil. Além desse cargo, Prado também teve a oportunidade de comandar o Ministério do Comércio e o de Obras Públicas.
Durante a República, Prado fez parte do PRP e, foi nessa época, que ele tomou posse, como intendente da cidade de São Paulo, no dia 7 de janeiro de 1899. A título de nomenclatura oficial e registro, ele se tornou a primeira pessoa a receber o título de Prefeito.
Além de toda essa dedicação à vida pública, Antonio da Silva Prado também era um grande admirador dos esportes, com uma paixão especial pelas corridas de cavalos. Ele foi um dos fundadores do Jockey Club do Rio de Janeiro, em 1869 e de São Paulo, em 1875.
Por volta do ano de 1880, ele arrendou o Teatro São José, que antes era de Elias Chaves, e trouxe para São Paulo as companhias estrangeiras que se apresentavam para à Corte. Pouco depois, em 1896, junto à sua mãe, a não menos famosa D. Veridiana, ele construiu o Velódromo Paulista, na Consolação, onde apareceu a primeira praça de esporte ao ar livre do país. Ele também participou da fundação do Automóvel Clube de São Paulo no ano de 1908.
As Realizações Do Primeiro Prefeito
Prado permaneceria no cargo por 12 anos, encerrando seu longo mandato no dia 15 de janeiro de 1911. Esse feito o torna o prefeito que mais tempo conduziu São Paulo em toda a história da cidade. Para alguns historiadores, seu mandato é considerado a terceira fundação da cidade de São Paulo, tamanhas foram suas realizações.
Sua administração foi inovadora para a época. Seus principais objetivos eram o de modernizar a cidade, através da construção de pontes e o aterramento de várzeas que, em períodos de chuvas, impediam a ligação entre partes de São Paulo. Além disso, foi ele quem redefiniu o zoneamento da cidade, aumentando vias e ruas, prevendo um grande fluxo de pessoas em um futuro próximo.
Ele foi o grande responsável pela implantação do sistema de energia elétrica na cidade, em 1900, graças a uma usina hidrelétrica construída em Santana de Parnaíba, através da empresa canadense The Sao Paulo Light & Power. Graças a essa atitude, aliás, a indústria paulistana começou a se desenvolver exponencialmente.
Além disso, foi também em sua gestão que ocorreu a inauguração do Theatro Municipal, da Pinacoteca do Estado e da Estação da Luz – além da construção da Avenida Tiradentes, onde se localizam as duas obras citadas. Também foi ele quem tomou a atitude de pavimentar a Avenida Paulista, reformar o Viaduto do Chá e alargar e realinhar as ruas do Centro Velho.
Nessa época da nossa história, acontecia um grande aumento da população, graças ao fim da escravidão e da chegada de grandes levas de imigrantes (estima-se que na primeira década do século XX cerca de 900 mil deles chegaram ao país), fazendo a população saltar para quase 400 mil habitantes. A maciça ocupação da cidade por estrangeiros ocorreu devido à rápida industrialização, com destaque para os setores têxtil e de alimentação.
O prefeito também era um grande entusiasta de uma maior limpeza e higienização da cidade. Prado procurou arborizar a cidade, valorizar praças, ajardinar várzeas e orientar a população da melhor maneira para evitar surtos epidêmicos de moléstias da época.
Após seu mandato como prefeito, ele ainda trabalharia com Emílio Ribas para a implantação do Serviço de Higiene para todo o Estado, como Diretor do Serviço Sanitário no período de 1898 a 1917.
Em termos práticos, Antonio Prado deixava uma cidade dispondo de 164 km de linhas de bondes com 230 carros em movimento. Em fevereiro de 1900, entrara em execução o contrato da Companhia Telefônica de São Paulo, com 600 assinantes, cujo número subira para 2.500, em 1910.
De 1899 a 1910, haviam sido calçados 794.557,23 m2 e executados 211.373,43 m2 de macadame. Os serviços e obras constituíram o item mais elevado das despesas, orçado em 924:015$000, dos quais ocuparam primeiro lugar os gastos com o calçamento. Em segundo lugar, vinham os gastos referentes à limpeza pública: 857:000$000 e à dívida passiva: juros e 897:275$000. (dados retirados de um grande trabalho da PUC)
Antonio da Silva Prado e Seus Negócios Particulares
Além de político de grande relevância, Antonio da Silva Prado também foi cafeicultor e empresário. Dessa forma, junto com seu irmão Martinho Prado Júnior (o Martinico Prado) foram colonizadores na região de Ribeirão Preto adquirindo a Fazendas São Martinho (na atual Pradópolis) e formando a Fazenda Guatapará. Juntos, chegaram a possuir 20 milhões de pés de café e, a Fazenda Guatapará, recebeu o Rei da Bélgica em 1923, em um evento que mereceu grande destaque perante a população.
Além da vida pública, Prado também foi banqueiro, proprietário do Banco do Comércio e Indústria do Estado de São Paulo, conhecido como Banco Comind; da Vidraria Santa Marina, empreendimento criado para fornecer embalagens à Companhia Antarctica Paulista ; dono de um frigorífico localizado na cidade de Barretos e proprietário e presidente da Companhia Paulista de Estradas de Ferro durante 30 anos.
A Paulista ficou conhecida mundialmente por sua eficiência e pontualidade e, se dedicou principalmente ao transporte de café e carnes. Ele viria a falecer no dia 23 de abril de 1929, no Rio de Janeiro, na época que seu filho, Antônio da Silva Prado Júnior, era o prefeito da cidade.
E a bibliografia?
Como é bom conhecer nossos antecessores empreendedores e porque não fundadores de nossa São Paulo
Parabéns ao Sr Antônio da Silva p Prado