A cidade de São Paulo é um ninho para o surgimento de gênios em todos os segmentos da sociedade. Saíram daqui grandes médicos, cantores, esportistas e, para quem não é muito ligado, arquitetos.
Contamos, a algum tempo atrás, a história de Ramos de Azevedo, carinhosamente chamado de “Arquiteto de São Paulo”. Resgatamos hoje a história de outro grande profissional do segmento, ninguém menos que o arquiteto e urbanista Rino Levi.
Nascido em São Paulo, em 1901, era filho de imigrantes italianos. Começou seus estudos na Escola Preparatória e de Aplicação para os Arquitetos Civis em Milão, Itália, em 1921. Anos mais tarde, em 1924, transfereiu-se para a Escola Superior de Arquitetura de Roma.
Ali, conheceeu os arquitetos italianos Adalberto Libera (1903 – 1963) e Marcello Piacentini (1881 – 1960), em cujo escritório faz estágio. Em 1925, ainda estudante, enviou ao jornal O Estado de S. Paulo uma carta que é publicada com o título: Arquitetura e Estética das Cidades, considerada uma das primeiras manifestações por uma arquitetura moderna no Brasil. Em consonância com as posições da escola romana, propõe uma modernização sem rupturas com a tradição clássica.
Ele retornou ao Brasil em 1926, e trabalhou por um ano na Companhia Construtora Santos. Iniciou uma carreira independente em 1927, construindo pequenas residências e conjuntos de casa de aluguel para membros da comunidade italiana paulista. Em 1929, visitou a Casa Modernista, de Gregori Warchavchik (1896 – 1972), que influenciaria sua produção durante toda sua vida. É do ano seguinte o primeiro estudo para o Edifício Columbus, construído alguns anos mais tarde.
Sua primeira obra moderna construída é o Pavilhão da L. Queiroz, na Feira de Amostras do Parque da Água Branca, em 1931. A construção do Cine Ufa-Palácio, em 1936, e o sucesso alcançado pela aplicação dos princípios de acústica lhe abrem as portas para um novo programa. Em 1934, Levi projeta o Edifício Columbus, primeiro condomínio de apartamentos da cidade de São Paulo. Um marco para a história da nossa cidade!
Devido à qualidade de seus projetos, vários esboços seus foram publicados nas Revista Politécnica, de São Paulo, na italiana Architettura, e na francesa Architecture d´Aujourd´hui, entre outras. A partir de 1936, seu escritório conta com a colaboração de outros dois arquitetos, que se tornam sócios: Roberto Cerqueira César (1917) e Luiz Roberto Carvalho Franco (1926 – 2001).
Levi teve participação decisiva na constituição do Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB, em 1933. Venceu, com outras duas equipes, o concurso promovido para a sede do IAB em São Paulo, em 1946. Participou, também, da criação do Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP, em 1948, e tornou-se diretor-executivo da instituição.
Em 1957, ao lado de Vilanova Artigas (1915 – 1985) e outros colegas, organizou uma proposta de reelaboração do ensino na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU/USP, onde lecionou até 1959.
Além de extremo sucesso na sua área de atuação, teve atuação destacada também na imprensa, discutindo temas ligados à cidade e à arquitetura. Seu projeto para a Maternidade Universitária de São Paulo, 1944, lhe garante o reconhecimento público como uma autoridade na área de projetos hospitalares.
A partir de então projeta inúmeros complexos hospitalares e realiza cursos e conferências sobre o tema. A convite da Venezuela, coordena o planejamento e o projeto de uma rede hospitalar nesse país. No Brasil, seguiu projetando edifícios residenciais e comerciais, galpões, hospitais etc. Seu último projeto é o Centro Cívico de Santo André, vencedor de um concurso público, em 1965.
Entre suas obras mais famosas estão o Cine Ipiranga, o Hotel Excelsior, o Edifício Garagem América ( primeira garage vertical de São Paulo) e a residência Castor Delgado Perez.
Obrigado pelo conteúdo postado, meus sinceros agradecimentos. Atenciosamente Luiz Carlos Casante