Um dos bairros mais famosos do Centro da cidade tem sua história iniciada no ano de 1860, quando moradores da região pediram para a prefeitura uma autorização para construir um templo à Santa Cecília, a padroeira dos músicos. Entretanto, devido à demora na construção da igreja, ela só foi inaugurada em 1961, mais de 100 anos depois.
Vale dizer que, inicialmente, a região não era um bairro. O local surgiu através do loteamento de chácaras, fazendas e grandes propriedades rurais que eram comuns à época. Para quem é de São Paulo sabe que a região é vizinha de um ponto histórico importante da cidade: o Largo do Arouche.
Segundo relatos da Prefeitura de São Paulo, uma das propriedades era conhecida como Chácara das Palmeiras e foi comprada por Francisco Aguiar de Barros, filho do Marquês de Itu, que era casado com Maria Angélica de Sousa Queirós de Barros, mulher que empresta seu nome a uma das mais importantes avenidas da região. A fundação dessa chácara, claro, foi fundamental para a formação das ruas do atual bairro.
Com o passar do tempo e da necessidade de serviços mais complexos e completos, o bairro foi desenvolvendo e, a construção da Santa Casa de Misericórdia na região, que foi de 1881 a 1884, foi um marco para o crescimento do bairro. No último ano, aliás, o Hospital Central foi inaugurado e desde essa data, é a sede da entidade.
Outra construção histórica de grande destaque na região fica por conta da casa de Veridiana da Silva Prado, mulher que recebeu a própria Princesa Isabel em sua residência na Santa Cecília.
Uma interessante passagem sobre a origem dos nomes da região fica por conta do site Arquiamigos, onde uma extensa pesquisa sobre o bairro foi feita e transcrevo aqui esse trecho.
Interessante notar que quando D. Maria Angélica mandou retalhar a Chácara das Palmeiras, teve o cuidado de homenagear membros da importante família a que pertencia, os Barros, ou seus correligionários políticos, à medida que nomeava as vias então abertas, como, por exemplo, a Rua Conselheiro Brotero, que traz à lembrança o nome do José Maria de Avelar Brotero (1798-1873), ilustre professor da Academia de Direito, pai de Frederico Dabney de Avelar Brotero (1840-1900), este por sua vez sogro do filho de Maria Angélica, Francisco, naquela altura já falecido. Ela também celebrou o sobrenome de seu marido morto, Francisco Aguiar de Barros, abrindo a Alameda Barros, e uma de suas tias-avós, atribuindo o nome de Baronesa de Itu (Leonarda de Aguiar) a uma outra via. Com relação à Rua Dr. Gabriel dos Santos (1816-1858), perpetua a lembrança de um aliado político de um seu parente famoso, o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, na época da Revolução de 1842. E a Rua Brasílio Machado refere-se a Brasílio Augusto Machado de Oliveira (1848-1919), outro membro do Partido Liberal do tempo do Império.
Vale dizer que, a partir de 1890, quando seu marido morreu, D. Maria Angélica doou parte central dos terrenos de sua antiga chácara para uma associação de damas da Igreja Católica. A ideia era a de que elas abrissem um colégio para pessoas carentes.
No ano de 1905, foi construída a Capela Casa Pia São Vicente de Paulo, que se tornaria um dos grandes símbolos da Santa Cecília. As obras na chácara, vale a curiosidade, eram feitas por ninguém menos do que Maximilian Emil Hehl, arquiteto e engenheiro alemão que projetaria a Catedral da Sé.
Em 1915, vizinho à capela, um casarão foi inaugurado. O projeto do engenheiro Prudente Noël foi entregue para a escola carente. Esse casarão foi restaurado em 2018 para servir de sede à uma escola de idiomas, como ressalta uma boa matéria do jornal Folha de São Paulo.
O bairro ainda conta com uma das obras mais controversas da cidade: o Minhocão que, a cada ano que passa, vê seu destino ganhando contornos diferentes.
Referências: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/se/noticias/index.php?p=42951
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