O segundo domingo de agosto, como todos sabem, é o dia em que comemoramos o dia dos pais no Brasil. O mais curioso dessa data é que somos os únicos a fazer essa comemoração no segundo semestre. Mas vamos por partes e, em primeiro lugar, por que os brasileiros comemoram essa data em agosto?
A data foi instituída no Brasil em 1953 através do publicitário Sylvio Bhering, então diretor do jornal O Globo e da Rádio Globo. A ideia do profissional, segundo o jornal, era a de “fortalecer os laços familiares e celebrar o chefe da família”.
O dia que Bhering escolheu, inicialmente, era o dia 16 de agosto, o dia de São Joaquim, que segundo a igreja católica, era o pai de Maria e avô de Jesus.
Vale dizer que, inicialmente, a data foi “lançada” no Rio de Janeiro, mas ela acabou pegando e se disseminando pelo país inteiro, tendo como dia oficial o segundo domingo de agosto, fugindo um pouco do dia 16 que, pelas variações de calendário, nem sempre caía no segundo domingo. Por fim, a iniciativa de Bhering acabaria caindo por terra, mas por causa da igreja católica: durante o papado de Paulo VI (entre 1963 e 1978), ficou instituído que 26 de julho seria o dia de São Joaquim e de Santa Ana, mãe de Maria – quando, anos depois, passou-se a comemorar o Dia dos Avós.
E aqui vamos à homenagem que temos em São Paulo: a estação da linha 1 – Azul, homônima, que teve seu nome escolhido justamente pelo apelo católico que a cidade sempre teve.
Uma curiosa reclamação
Na edição do dia 23 de maio de 1949, do Jornal Diário da Noite, há uma curiosa carta, em um espaço chamado “No tempo do patriarcado”, onde alguém (que não tem a autoria definida) faz uma reclamação (ao mesmo tempo que “comemora”) a falta de uma efeméride para a comemoração do dia dos pais.
No texto, inteiro colocado abaixo, o autor fala que: “Bem pensado foi o criar o “Dia das mães”. Mas, a verdade, é que agora é preciso também instituir o “Dia dos pais”….Algumas vezes, ocorre que nós, os pais, temos que fazer sentir a nossos filhos, quando ainda estejam na pouca idade e de nenhuma economia propria, que tambem estamos ligados a eles por um elo respeitavel e até em certas civilizaçoes, como por exemplo entre tribos de indios, mais importantes que as mães”.
E ele prossegue, já pensando melhor sobre uma comemoração e seus gastos: “Mas sentimentos bem que um tal pensamento, quando convertido em ato, significa, para nos mesmos, gastos que, afinal saem de nos a fim de voltar a nos”. O texto é concluído da seguinte forma onde podemos ver que o autor quer um dia dos pais, mas não quer muito: “Nos, os pais, temos que ficar na moita, porque se assim não o procedermos, acabaremos com a cabeça cheia de pensamentos em face das muitas despesas que os festejos a nós dedicados podem gerar”.
Referências: https://super.abril.com.br/sociedade/qual-e-a-origem-do-dia-dos-pais/
http://memoria.oglobo.globo.com/institucional/promocoes/dia-dos-pais-9260840
Na maior parte dos países de tradição católica, o dia dos pais é celebrado ao 19º dia de março, consagrado a São José. Nos países islâmicos levantinos coincide com o início do verão, pois a palavra árabe para “verão” (s.ayf) é parecida com “cimitarra” (sayf), símbolo do poder masculino e patriarcal. Em Formosa é aos 08º de agosto, pois no dialeto mandarim (considerado o oficial para o chinês) 8 e agosto se pronunciam muito similarmente a “pai” (fûchin). Nos países de maioria xiíta é no diaa do Imã ‘Aly, parente do profeta Muhammad (louvado seja).