Continuando nosso registro da história da administração municipal de São Paulo, falaremos do terceiro prefeito: Washington Luís Pereira de Souza. Nascido no dia 26 de outubro de 1869, Washington Luís era natural de Macaé, no Rio de Janeiro.
Filho de uma família respeitada e prestigiada no Império, estudou no Colégio Pedro II, no Rio e se formou em direito, na Faculdade de Direito de São Paulo, em 1891.
Sua vida pública começou quando foi nomeado promotor público do município de Barra Mansa, no Rio de Janeiro, mas renunciou ao cargo para dedicar-se à advocacia em Batatais, no interior de São Paulo.
Anos mais tarde, em 1897, Washington Luís foi eleito vereador e, um ano depois, prefeito de Batatais, lugar que adotou como sua segunda casa. Em 1900 se casou com Sofia de Oliveira Barros, filha de um grande cafeicultor de Piracicaba. Essa união reforçou sua ligação com a grande e poderosa oligarquia paulista. No ano de 1904, já com toda a influência dessa ligação, foi eleito deputado estadual por São Paulo.
Dentro de sua vida pública, ele participou de momentos importantes, como em 1905, quando integrava ativamente a Assembléia Nacional Constituinte defendendo a autonomia dos municípios em relação aos governos estaduais e federal. Tornou a ser eleito deputado estadual por São Paulo em 1912, permanecendo durante mais um ano. Com o apoio da elite cafeeira, Washington Luís foi eleito prefeito em 1914.
É dele a famosa frase “Governar é abrir estradas”. E ele não deixou a desejar nesse quesito: investiu na modernização da infraestrutura de transportes, construindo 1.326 quilômetros de novas estradas no Estado de São Paulo.
Entre seus grandes feitos para a cidade de São Paulo, estão: patrocinar o “Primeiro Congresso Paulista de Estradas de Rodagem”, realizado em São Paulo, de 30 de maio a 7 de junho de 1917, que discutiu regras e fontes de recursos para ampliação e para manutenção da malha rodoviária paulista; buscar apoio empresarial para investimentos em rodovias; oficializar o brasão da cidade de São Paulo em 1916; criar as feiras livres e enfrentar os 3 “G”s: Primeira Guerra Mundial, as greves operárias de 1917 e a Gripe espanhola de 1918.
Sua insistência em priorizar rodovias foi mal vista pelos seus adversários políticos. Sua política, porém, foi firmemente defendida por ninguém menos do que Monteiro Lobato, que atribuía o desenvolvimento dos Estados Unidos à sua enorme rede rodoviária.
Após deixar a prefeitura, candidatou-se para o governo do estado de São Paulo e mais uma vez saiu vitorioso, exercendo o novo cargo no período entre 1920 e 1924.
Sua boa atuação como governador o garantiu no comando da comissão executiva do Partido Republicano Paulista, mesmo sendo fluminense. Em 1925 assumiu o posto de Senador de São Paulo por um ano. Seu prestígio político era muito grande e Washington Luís era muito respeitado. Assim, foi indicado por unanimidade para concorrer ao cargo de presidente do país nas eleições de 1926. Assumiu a presidência no dia 15 de novembro.
Mas o pior problema que Washington Luís enfrentaria seria a crise gerada na política do café com leite, a qual teria imensas consequências para a história do Brasil. Nas decisões políticas para o governo sucessório, Washington Luís indicou o paulista Júlio Prestes, tal fato desagradou os políticos mineiros que esperavam por um novo presidente que fosse do estado.
Mesmo sob contestação e pressão da oligarquia mineira Júlio Prestes foi eleito no dia primeiro de março de 1930 para o mandato seguinte, sob muita suspeita de fraude.
Insatisfeitos, os políticos mineiros se uniram com os gaúchos e iniciaram um movimento de insurreição que nem permitiria a posse de Júlio Prestes. O vice-presidente, João Pessoa, na chapa formada pelos opositores dos paulistas, que tinha Getúlio Vargas como candidato principal, foi assassinado na Paraíba no dia 26 de julho de 1930 agravando a crise política.
O movimento de insurreição que saiu do Rio Grande do Sul fez com que o ainda presidente Washington Luís fosse deposto pelas forças armadas no dia 24 de outubro de 1930, colocando uma Junta Governativa Provisória formada por Tasso Fragoso, Mena Barreto e Isaías de Noronha no poder.
Ele viveria os 17 anos seguintes exilado na Europa e nos Estados Unidos. No ano de 1947 ele voltou ao Brasil. Sua contribuição vai além da esfera política sendo um grande historiador e membro da Academia Paulista de Letras.
O “paulista de Macaé”, como era conhecido, faleceu no dia 4 de agosto de 1957 na cidade de São Paulo. Como homenagem póstuma, empresta seu nome a uma importante rodovia do Estado de São Paulo.