Uma das mais importantes emissoras de TV do país, a Cultura, possui uma curiosa história de surgimento e consolidação. Criada, inicialmente, para ser um dos braços do poderoso grupo dos Diários Associados, a Tupi, seu primeiro nome, tinha sede em um edifício na Rua Sete de Abril, no centro de São Paulo.
Entre suas primeiras atrações, vale destacar: Xênia Bier, Ney Gonçalves Dias e o famoso Homem do Sapato Branco, Jacinto Figueira Junior. Esse último, inclusive, se tornaria Deputado Estadual por São Paulo alguns anos mais tarde.
No ano de 1965, após o acontecimento de um grande incêndio no edifício Guilherme Guinle que destruiu seus estúdios e equipamentos, consumindo, inclusive, a primeira câmera de televisão do país, que pertenceu à TV Tupi, a emissora passou a funcionar no Sumaré, junto à TV Tupi, de maneira bastante precária.
No ano de 1967, através de uma iniciativa do Governo do Estado, na figura de Roberto Costa de Abreu Sodré, foi criada a Fundação Padre Anchieta “Centro Paulista de Rádio e Televisão” e, após muitas deliberações com os Diários Associados, a TV Cultura passou para a administração do executivo paulista.
Vale dizer que essa compra só aconteceu devido à queda de qualidade dos Diários Associados, primeiro por causa do cerco do governo militar, segundo com a morte de Assis Chateaubriand, em 1968. Com isso, a TV Tupi perdeu em qualidade e a solução encontrada foi vender a TV Cultura e outras empresas do grupo Diários Associados.
Após ficar fora do ar entre os anos de 1968, realizando trabalhos experimentais, a Cultura voltou com tudo no dia 16 de junho de 1969, agora, como uma emissora voltada para educação. Sua sede estava na rua Carlos Spera, na Água Branca, e, inicialmente, começou a exibir programas como Madureza Ginasial, apresentada por Ruth Cardoso, ex-primeira-dama do Brasil.
Nos anos 70, a famosa atriz Nídia Lícia foi a grande responsável por realizar e ajudar a produzir os teleteatros do “Canal 2”, programas que tiveram grande sucesso na época. Mesmo direcionada para a programação cultural a Cultura teve grande destaque com a exibição de programas como Vila Sésamo, com o inesquecível Garibaldo, além do surgimento de atrizes como Araci Balabanian e a jovem Sonia Braga.
Outro programa de muito sucesso foi “É Proibido Colar”, com Antonio Fagundes e Clarice Abujamra, onde vários alunos de diversas escolas, em sua maioria públicas, iam para participar de uma disputa de conhecimentos.
Um acontecimento triste da história da emissora fica por conta de Vladimir Herzog. O jornalista, que fora diretor da emissora, foi capturado pela DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) e morto no ano de 1975. O acontecimento motivou um dos maiores símbolos de protesto contra o regime militar: a missa realizada na Catedral da Sé, onde era esperado um tumulto, mas nada aconteceu e as imagens e o acontecimento entraram para a história.
Na década de 80 o programa “Quem Sabe Sabe” foi ao ar com o comando Walmor Chagas. O histórico Festa Baile, com Francisco Petrônio, também foi um grande sucesso. Na área da música popular, o programa Viola Minha Viola, da inesquecível Inezita Barroso foi o carro chefe da emissora durante trina anos. O Roda Viva, programa de entrevistas, também consta no hall de grandes atrações do canal.
O grande sucesso do Canal 2 para o público infantil desde Vila Sésamo, é a premiada série Castelo Rá Tim Bum, dirigida por Cao Hambúrguer, com o apoio do SESI, voltada para as crianças de quatro a oito anos. Vale destacar outros programas infantis, como: Bambalalão, Rá-Tim-Bum, Cocoricó, Glub-Glub, Mundo da Lua, O Mundo de Beakman e Anos Incríveis.